10 de julho de 2016

Opinião – “O Homem que viu o Infinito” de Matt Brown


Sinopse
Srinivasa Ramanujan (Dev Patel) é um génio autodidacta de 25 anos de idade, que não conseguiu entrar na universidade devido ao seu estudo quase obsessivo e solitário da matemática. Determinado a prosseguir a sua paixão, Ramanujam escreve uma carta a um eminente professor do Trinity College em Cambridge. O professor Hardy (Jeremy Irons), que reconhece a originalidade e o génio do talento puro de Ramanujam e, apesar do ceticismo dos seus colegas, empenha-se em trazê-lo para Cambridge para que as suas teorias possam ser exploradas.
Ramanujam deixa a família e a sua jovem noiva e cruza o mundo até Inglaterra para, sob a orientação de Hardy, trabalharem nas suas teorias. Juntos, vão lutar para que o seu trabalho seja finalmente visto e reconhecido por um meio matemático que não está preparado para os seus métodos não convencionais.

O Homem que Viu o Infinito é a improvável história verídica de um génio único, cujas inovadoras teorias o levaram a sair da obscuridade, num mundo em plena guerra e da sua luta incansável para mostrar ao mundo a genialidade da sua mente.
Opinião por Artur Neves
“A Matemática vista correctamente não possui apenas verdade, mas também suprema beleza, uma beleza fria e austera como a escultura”. É com esta frase de Bertrand Russell (contemporâneo de Ramanujam no Trinity College) que o filme começa e que eu recordo no início desta crónica como sendo o ex-libris que melhor define esta história que nos conta a vida breve, mas profícua, de Srinivasa Ramanujan, iminente matemático do início do século XX que morreu de tuberculose aos 32 anos, no seu regresso à India.
Normalmente confunde-se o cálculo com a matemática e são coisas absolutamente diferentes. A matemática pretende interpretar e definir genericamente os fenómenos naturais, que quando particularizados numa determinada área e quantificado em determinadas variáveis, a sua resolução é passível de ser determinada através do cálculo que conduz a um resultado. Para a matemática não existem resultados, apenas e somente expressões de raciocínio puro sobre os fenómenos em análise.
A matemática é a ciência do pensamento e a mais universal das linguagens, considerando o exemplo mostrado nesta história da profunda comunhão de ideias e de conceitos entre Godfrey Harold Hardy, professor jubilado do Trinity College de Cambridge e Ramanujan, um ser de extraordinária inteligência, sem formação académica convencional no sentido tradicional do termo, que interpretava numericamente os padrões e os ritmos naturais do mundo que nos cerca, como sendo uma revelação da deusa Namagiri, que segundo ele, sempre regeu a sua existência.
É pois nesta área que se desenvolve esta história, bem conduzida por Matthew Brown cuja arte elogio, por conseguir realizar um filme interessante e emotivo, sobre a relação entre dois matemáticos oriundos de mundos muito diferentes, sem qualquer conhecimento mútuo nem semelhança cultural, mas unidos pela mesma filosofia dos números que conduz ambos a uma irmandade intelectual que faz desta história um espectáculo a ver.
A acção decorre maioritariamente em Inglaterra, na universidade de Cambridge, mostrando todos os pruridos raciais e chauvinismos nacionalistas que conduziram na actualidade este país ao Brexit, no colégio de cientistas da universidade, que se recuavam a aceitar o iminente estudioso, baseados na cor da sua pele e na sua religião, independentemente da sua capacidade intelectual.
Classificação: 6 numa escala de 10

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