6 de julho de 2016

Opinião – “A Canção de Lisboa” de Pedro Varela


Sinopse


Remake da popular comédia de 1933, com Vasco Santana, Beatriz Costa e António Silva. Vasco Leitão, estudante de medicina, sobrevive na capital à custa da mesada das tias de Trás-os-Montes, que nunca vieram a Lisboa e o consideram um aluno exemplar. Todavia o alegre estudante em vez das aulas, prefere os retiros e os arraiais, as cantigas populares e as mulheres bonitas.

Opinião por Artur Neves

A história é simples, como aliás devem ser as comédias, fáceis de entender para que o espectador consiga fruir a trama que lhe é apresentada sem demasiada necessidade de concentração que lhe roube disponibilidade para a diversão. Está contada de modo escorreito, previsível em todas as suas surpresas, actual nos conceitos, na vivência das personagens, nos palavrões do texto, nos temas fracturantes da nossa actual sociedade, tal como a apresentação das tias do Vasco Leitão como sendo homossexuais.
O próprio Vasco Leitão, presumível estudante de medicina que aluga quartos da casa em que vive, habita com um cidadão Brasileiro na fase da dúvida de “saída do armário”. A vigarice bacoca do candidato a 1º ministro, “chico esperto” assumido porque apenas não possui “estaleca” para outros voos. O bar do stand-up comedy onde o Vasco faz uma “perninha” a tocar viola e a assobiar, bem como outras trivialidades da sociedade actual vincadamente caracterizadas em todos os personagens desta história que vivem na Lisboa actual.
Ou seja, temos aqui uma história que se afirma por ela própria e que apresenta algumas semelhanças de forma e de contexto com o filme de 1933, chamado “A Canção de Lisboa”… porquê?... o nome e a associação com esse mítico filme tem assim tanta importância?... Porque não chamar-se por exemplo; “O Assobio de Lisboa”, “As Tretas do Vasco” ou outro nome que tenha de alguma maneira, envolvência com a história!... porquê “actualizar” uma história bem definida no tempo e contextualizada na sociedade da época, com fait-divers que não lhe acrescentam qualquer mais-valia de assunto ou de forma?...
Pior ainda na minha opinião é a recuperação neste filme de cenas do anterior, perfeitamente desenquadradas com os dias de hoje, tais como a viagem das tias ao Jardim Zoológico, como sendo o consultório do Vasco, ou o exame de anatomia onde são mencionadas as habituais perguntas de retórica para as conhecidas respostas com menção dos capítulos e número de página do livro de anatomia, feitas por um júri pretensamente austero que nem como piada tem qualquer cabimento. Lamentavelmente nem falta a citação do “esternocleidomastóideo” para tornar mais ridícula esta colagem imprópria. Como diria o diácono Remédios: …não havia necessidade… eles até são bons actores, a história até é engraçada tks… tks… tks…
É assim caro leitor, foi desta forma que no fim do visionamento, dei por mim a pensar se no caso de um remake do filme Ben-Hur de 1959, as corridas de quadrigas no coliseu romano seriam substituídas por corridas de Moto 4…
Classificação: 4 numa escala de 10

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