29 de junho de 2016

Opinião – “Um Traidor dos Nossos” de Susanna White


Sinopse

De féria em Marraquexe, Perry (Ewan McGregor) e Gail (Naomie Harris) travam amizade com um extravagante e carismático russo chamado Dima (Stellan Skarsgard) que, embora não o saibam, é um importante elemento da máfia russa.
Quando Dima lhes pede ajuda para fazer chegar informações confidenciais aos serviços secretos britânicos, Perry e Gail são apanhados no perigoso mundo da espionagem internacional e da política sem escrúpulos. O casal é então obrigado a percorrer uma perigosa viagem por Paris, Berna e pelos cantos mais obscuros da cidade de Londres, impelidos por um determinado e implacável agente do MI6 (Damian Lewis).

Com argumento de Hossein Amini (de; Drive – Risco Duplo). Que adapta o grande êxito de John le Carré – a mente por trás de “A Toupeira”, e dirigido pela aclamada realizadora Susanna White – este emocionante e tenso thriller desenrola-se em torno do mundo, com consequências dramáticas.

Opinião por Artur Neves

Considero que quanto mais normais forem os ambientes gerados em torno dos filmes de espionagem e mais exuberantes e imprevisíveis os seus personagens, tanto mais suspense e tensão se desenvolvem nas histórias que tradicionalmente se baseiam em segredo, intriga e negação. Este filme é uma prova deste postulado.
A acção desenvolve-se num ambiente descontraído e de festa que vem a revelar-se o contrário como é óbvio, mas enquanto dura, embora se espere a tradicional dinâmica dos filmes de acção, o espectador é conduzido através do ambiente reservado de duas famílias, onde nos são apresentados os seus medos, as suas frustrações e os seus desencontros que justificarão no desenrolar da história a sua envolvência. Dima, o tão afável e simpático anfitrião torna-se chato pela sua presença constante e insistente na vida do professor de poesia, Perry e sua mulher advogada, Gail, que se vêm envolvidos numa intriga internacional de grande vulto, em nome da defesa de princípios de humanidade e de ajuda ao próximo.
Susanna White, Inglesa de nascimento, é uma realizadora principalmente de séries de época, romance e thillers para a TV, onde as suas obras têm sido premiadas e têm destaque, mas em cinema esta é sua 2ª grande realização e diga-se sem reserva com sucesso, pela forma quase ligeira como nos introduz nos meandros da trama que se desenvolve sem ruído, sem lutas espectaculares mas com uma densidade crescente que se acentua nos momentos críticos e nos coloca em atenção para os próximos desenvolvimentos.
Desde os primeiros momentos do filme, num teatro, onde evolui um bailado magnificamente exposto em câmara lenta que se nota uma sensibilidade diferente da directora em mostrar os eventos da acção, que tornam esta história uma interessante surpresa. Com base num romance dum mestre da literatura de espionagem, parece-me que ele não teria esta leitura para com o argumento, considerando que em trabalhos anteriores como em “A Toupeira”, dentro do mesmo tema, foi criado um “novelo” de intriga, profusamente dialogada, que quase cansa o espectador na sua compreensão.
Aqui é tudo diferente, o enredo é escorreito, tem surpresa, suspense, acção, ansiedade e vê-se com prazer. Recomendo como um bom momento de diversão interessada.
Classificação: 8 numa escala de 10

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