Sinopse
Gertrude
Bell (Nicole Kidman) nasceu na Inglaterra, mas fez fama devido ao seu trabalho
no Oriente Médio. Escritora, arqueóloga, cartógrafa e exploradora, ela passa
também a trabalhar para o governo britânico como seu representante na região.
Logo faz amizade com T.E. Lawrence (Robert Pattinson), mais conhecido como
Lawrence da Arábia, que também tem presença marcante no local. Com o tempo,
Gertrude acaba participando da criação dos estados da Jordânia e do Iraque.
Opinião por Artur Neves
Werner
Herzog, um realizador com créditos firmados em documentários, onde o autor
investiga de maneira completa e profunda a natureza humana e as complexidades
da sua psique conseguindo “retratos” bem detalhados como em; “O Homem Urso” ou
A Gruta dos Sonhos Perdidos”, traz-nos desta vez a biografia romanceada de Gertrude Margaret Lowthian Bell, também conhecida
por; “A mãe do deserto” onde a fórmula utilizada não surtiu o efeito conseguido
noutras obras.
Gertrude Bell, uma britânica de boas famílias,
bem-nascida e criada, formada em letras e escritora por vocação, seguiu os seus
impulsos de viajar pelo mundo, tendo-se tornado, entre outras coisas; política,
administradora, espia ao serviço do Império Britânico e principalmente uma
mulher do mundo. Na sua actividade estabeleceu relações intensas pelo Médio
Oriente, onde conheceu líderes instalados e futuros reis em ascensão, não
deixando indiferente ninguém com quem se cruzava. Viveu diferentes amores com vários
parceiros, tendo todavia conseguido durante toda a sua vida o respeito e a
consideração dos seus pares, sendo ainda hoje recordada com carinho e admiração
pelos sucessos conseguidos na época em que viveu.
É
pois esta personalidade que Werner Herzog nos tenta mostrar, e digo… tenta,
porque não acho que tenha conseguido. O filme envereda pelo lado romântico,
onde comercialmente poderá ter mais sucesso, mas o personagem interpretado por
James Franco que tenta ser delicado e apaixonado, aparece-nos trôpego e piegas.
O actor é excelente, presumo que a culpa não será dele mas antes do papel que o
realizador que também é autor do argumento, lhe entregou. Nicole Kidman não
apresenta a força e determinação que o personagem deveria ter, muito embora no capítulo
da sedução não esteja mal, mas naquele contexto as “coisas” devem ter-se
passado de outra maneira. O beijo de Gertrude Bell ao seu apaixonado no
momento, em pleno deserto, a retracção e o medo com a visão do abutre no alto
da torre não têm densidade, cheiram a coqueteria que Gertrude não deveria possuir.
Por
oposição, nos ataques dos guerreiros do deserto e em momentos de tensão, a
solução fica-se pelo charme feminino da personagem e pela sua capacidade de
convencimento dos seus opositores. Robert Pattinson constrói um T.E. Lawrence (Lawrence
da Arábia entre nós) divertido e popular mas que não convence, falta-lhe
“espessura” e densidade para os feitos que posteriormente a história lhe
atribui.
A
história vale como divulgação de um personagem marcante do século XX mas o
filme não deve ser levado muito a sério, embora constitua o documento possível
sobre Gertrude Bell. Os decors e
planos de exterior reproduzem o contexto e a história interessa enquanto dura.
Os actores são competentes embora os papéis sejam fracos e não damos pelo
passar do tempo, como tal se lhe despertei alguma curiosidade o melhor é ir
ver.
Classificação:
5 numa escala de 10
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