Sinopse
Uma
mãe viaja até à Califórnia ao encontro do seu filho depois de este decidir
abandonar os estudos para dedicar-se inteiramente à prática do surf.
Opinião por Artur Neves
Helen
Elizabeth Hunt é uma actriz já consagrada em filmes de significativa qualidade,
tais como; “O Gene Rosa” e “Seis Sessões”, para citar somente os mais recentes,
apresenta-nos agora a sua primeira realização cinematográfica, da qual também
escreveu o argumento e em boa hora o fez, com esta história ligeira sobre
assuntos sérios abordados de forma descomplicada, de certa maneira divertida e emocionalmente
sensível.
É
uma história comum da emancipação dos filhos e do eterno dilema, em que para os
progenitores nunca chega a altura certa destes partirem sozinhos para a
aventura da sua vida, com todos os riscos, alegrias, escolhas e responsabilidades
que essa decisão contém. O momento chega para todos e mal será se assim não
for, porém o corte da ligação próxima, o deixar voar livremente, o deixar errar…
reveste-se sempre de maior ou menor resistência, e até de dor, por quem
testemunhou os momentos iniciais daquela vida em construção.
Quando
a dor é insuportável passa-se ao regime dinâmico, isto é, segue-se o “rebento”
até ao seu novo destino, sem contudo se querer assumir como fraqueza própria, o
medo projectado numa decisão alheia conscientemente tomada. E aqui começa a
verdadeira aventura pondo-se tudo em questão, levando tudo a jogo, inclusive a
nossa própria convicção que nos terá levado naquela aventura condenada ao
fracasso, pelo menos, dos objectivos que inicialmente a justificaram. A vantagem
está em provocar a saída da nossa zona de conforto e reformularmos o modo de
vermos o mundo, renovarmos a maneira de nos vermos e nos encontrarmos de novo
perante o desconhecido, a surpresa a inexperiência dos novos desafios. Chama-se
a isto viver de novo, embora com uma equipagem reforçada pelo passado vivido,
mas ainda assim rumo ao desconhecido.
Penso
não revelar nenhuma inconfidência ao revelar a frase lapidar do filme, porque
ela está contida no trailer e
reporta-se à justificação do filho sobre a sua decisão, alegando ser tão adulto
como a mãe, ao que esta responde que embora sendo ambos adultos “… um dos
adultos saiu pela vagina do outro” e este pormenor faz toda a diferença na
relação entre ambos os adultos, não tenhamos dúvidas.
Mas
a vida é o que é, com avanços e recuos temos de continuar a nossa vida e neste
caso ela renova-se e transforma-se até para a mãe que encontra uma
possibilidade de reconstrução e de estabilidade com um novo amor, que embora
salgado pelas ondas do mar, se afirma constante e perene numa nova promessa de
vida.
Todo
o conjunto da história está bem construída, a realização é escorreita, flui sem
demasiados sobressaltos e é agradável de ver, provoca sorrisos e comove, não é
demasiado convencional e é fácil aceitar todas as premissas, pois cumpre-se a
vida. Gostei e recomendo.
Classificação;
6,5 numa escala de 10
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