22 de março de 2016

Opinião – “Operação Eye in the Sky” de Gavin Hood


Sinopse
Katherine Powell (Helen Mirren), Coronel e oficial da inteligência militar com sede em Londres, está a comandar remotamente uma operação ultra secreta com recurso a drones para capturar um perigoso grupo de terroristas em Nairobi, no Quénia. Mas a missão passa repentinamente de uma operação de "Captura" para "A abater" quando Powell se apercebe que os terroristas estão prestes a embarcar num atentado suicida.
Da sua base no Nevada, Steve Watts (Aaron Paul), um piloto americano de drones, está prestes a destruir o alvo quando uma menina de nove anos de idade entra na zona de ataque. Com imprevistos danos colaterais a entrar agora na equação, a ordem de ataque vai passando pela "hierarquia de poder" de políticos e advogados, ao mesmo tempo que o tempo vai passando.

OPERAÇÃO EYE IN THE SKY, realizado por Gavin Hood, é um thriller internacional atual que retrata o mundo sombrio das guerras executadas por drones remotamente controlados.

Opinião por Artur Neves
Gavin Hood trouxe-nos em 2005 um drama social da sua terra, África do Sul, ele nasceu em Joanesburgo, muito considerado pela crítica através de várias nomeações, o que mostra a sua apetência por temas sérios sobre a natureza humana, os seus dilemas, os seus medos e a sua tendência para os incorporar na nossa actividade diária condicionando a sua realização.
Desta vez temos uma história sobre a guerra moderna, a guerra que se trava a milhares de Quilómetros de distância do teatro de operações, por meio de Drones e de câmaras de vigilância guiadas por GPS que tudo vêm e tudo transmitem, ao alcance de um clique do rato para um ou vários computadores ligados por esta teia de comunicação sem fios que tecemos em torno da nossa vivencia nem sempre regular, mas que temos de aceitar como um mal menor do esforço de manutenção de segurança que nos disponibilize para todas as actividades do nosso quotidiano.
Só que a natureza humana não é linear nos seus raciocínios nem nos silogismos utilizados para justificar a razão dos seus actos e como tal, todas as conclusões resultantes dos seus dilemas são condicionadas pelos pressupostos considerados inicialmente, contudo também são passíveis de sofrer alteração desde que os primeiros não correspondam exactamente à realidade presente que permita utilizar os modelos estabelecidos sem reserva. Daqui resultam derivações sem fim, indutoras de responsabilidade, culpa, remorso e sansões que pretendemos evitar com uma panóplia de recursos, filosóficos, de justiça, expressamente criados para acautelar as más soluções aprioristicamente estabelecidas para soluções tipificadas, mas que não correspondem ao figurino quando as pretendemos aplicar.
É esta a história deste filme, bem urdida no assunto actual do terrorismo internacional e bem representada por personagens cientes do seu papel que se debatem em considerações contraditórias por diferentes motivos, é certo, mas com o único objectivo de tornar a sua intervenção o mais neutra possível quando a tomada de decisão, embora de acordo com os pressupostos iniciais, apresente diferenças de conteúdo que os comprometam directamente.
Daqui gera-se toda a angústia, vacilação, burocracia e demonstração de fraqueza da cadeia de comando que constitui o cerne da acção e nos envolve num ambiente de farsa e de tensão, antes de ser disparado o primeiro tiro.
A primeira legenda do filme é emblemática do assunto tratado; “Na guerra, a verdade é a primeira vítima” – Ésquilo. Muito interessante, recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10


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