15 de fevereiro de 2016

Opinião - "Neve de Primavera" de Yukio Mishima



Sinopse:
Tóquio, 1912. O mundo hermético da antiga aristocracia da era Meiji está a ser invadido por ricas famílias das províncias sem o peso da tradição e com costumes e aspirações que imitam o modelo europeu da Belle Époque. Dessa elite emergente faz parte o ambicioso Marquês de Matsugae, cujo filho Quioáqui é enviado para a elegante família do conde Ayakura, membro da nobreza em declínio, para ser preparado a assumir o seu lugar na corte quando atingir a maioridade. Ao longo dos anos, Quioáqui encontra-se às voltas com a tensão entre a velha e a nova aristocracia, ao mesmo tempo amando e odiando a elegante e animada Satoko Ayakura. Como testemunha das aventuras amorosas e sonhos de Quioáqui está seu único amigo Xiguecuni Honda.

Opinião por Joana Pato:
Tudo se passa depois da Guerra Russo-Japonesa onde, num Japão renovado, um jovem melancólico e que despreza o infantil, que procura o trágico e o limite, ultrapassa todas as barreiras para fazer o que quer, quando quer, não se importando com quem coloca em risco.
Numa viagem que nos entrega ao detalhe, Neve de Primavera é dissertada com extremo pormenor, ao extremo da descrição. Cada folha, cada peça de roupa é levada ao limite, minuciosamente descritos e comparados sempre e exclusivamente a uma natureza pura, selvagem, não tocada e conspurcada pelo Homem.
Toda esta aventura é passada com uma sensação de paz, que voamos em nuvens e não sabemos nem como nem porquê. Nesta história com um ponto final bem dado, Mishima envolve-nos numa bolha japonesa em que não queremos sair.
Uma leitura um pouco estranha em que ficamos perante uma época e um lado do mundo que em muito não se identifica com este, tendo à nossa frente um testemunho da beleza e minúcia japonesa.

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