25 de fevereiro de 2016

Opinião - "Joy" de David O. Russell



Sinopse: 

Criativa e decidida, Joy esforça-se por conciliar a difícil vida de mãe solteira com a de inventora. Um dia descobre algo inovador que lhe abre as portas para o sucesso. Porém, ao mesmo tempo que ganha notoriedade e se transforma numa das mais bem-sucedidas empresárias dos EUA, vê-se obrigada a enfrentar a traição, a falsidade e a falta de generosidade dos que lhe são próximos. Mas também percebe que existe sempre alguém que, sejam quais forem as circunstâncias, nunca deixará de estar do seu lado...
Com a assinatura de David O. Russell ("Guia para um Final Feliz", "Golpada Americana"), uma comédia dramática sobre como conduzir uma empresa familiar no implacável mundo dos negócios. O argumento baseia-se na verdadeira história de Joy Mangano, a mulher que se tornou milionária ao inventar a esfregona. O elenco, de luxo, conta com a participação de Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Isabella Rossellini, Édgar Ramirez e Dascha Polanco, entre outros.


Opinião por Antony Sousa:

Joy é mais uma demonstração da extraordinária capacidade de David O. Russell (Realizador e argumentista) para criar personagens autênticas, humanas, e que tão cedo não são esquecidas por quem acompanha a montanha-russa de emoções das mesmas ao longo de um enredo que normalmente mistura muito bem o drama com a comédia na tragédia. Poderá não ser o mais marcante das últimas obras-primas de O. Russell, mas ainda assim é um dos bons filmes do ano, retirando mais uma vez frutos da parceria com Jennifer Lawrence, que volta a estar no seu melhor.


Naturalmente que depois do sucesso de "Guia para um Final Feliz" juntar Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper e direcção e argumento de David O.Russell levanta expectativas difíceis de superar. Eventualmente estas acabem por não ser propriamente superadas, mas também não me parece tão justo assim inferiorizar a criatividade de O.Russell e a carismática, persistente e inspiradora personagem baseada na história de uma pessoa da "vida real" Joy Mangano. À medida que as dificuldades vão aumentando na vida de Joy, mais nos encontramos a torcer para que dê a volta às adversidades, fazendo com que nos importemos com a protagonista, sempre uma prova da qualidade e riqueza da escrita. Quanto alcança certo sucesso festejamos com ela, e rimos com as diferentes reacções da sua família disfuncional. Ficamos satisfeitos porque sentimos que é justo, e porque porventura até nos possamos rever na luta por deixar a nossa marca com e em vida.
Mais uma vez e tal como os anteriores exemplos de "Golpada Americana" ou "Último Round" a grande força deste filme reside na especificidade de cada personagem, e claro, da capacidade que o elenco tem para explorar esse aspecto ao máximo. O enredo segue uma linha interessante, de busca por um sonho, de procura por estabilidade, uma vida melhor à custa da originalidade e empreendedorismo. Mas não fosse o caminho traçado percorrido pelas personagens em causa, tudo o resto perderia boa parte da sua empatia. No fundo estamos sempre do lado da protagonista, dando-lhe força quando tudo parece querer abatê-la, e congratulando-a quando vence uma batalha contra as probabilidades.


No cômputo geral considero "Joy" um sólido bom filme, com performances de alto nível, numa história inspiradora e interessante. Não vive num ritmo frenético e isso hoje em dia parece ser uma lacuna ao invés de simplesmente uma característica, portanto passou mais despercebido do que inicialmente se previra quando anunciado. Contudo, julgo ser um filme merecedor da sua atenção.

Classificação: 7 em 10

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