26 de fevereiro de 2016

Opinião – A Força da Verdade de Peter Landesman


Sinopse

Will Smith é o protagonista de “A Força da Verdade”, um thriller dramático, baseado na incrível história verídica – num registo de autêntico David contra Golias – do Dr. Bennet Omalu, um brilhante neuro-patologista forense que fez a primeira descoberta da CTE, um trauma cerebral relacionado com a prática de desporto.

A defesa dos desportistas e a luta pela revelação da verdade estiveram na base da descoberta de Omalu, numa demanda emocional que o colocou numa posição extremamente perigosa face a uma das mais poderosas e amadas instituições do mundo.

Opinião por Artur Neves
Como realizador no caso deste filme, ou como argumentista nas histórias de “Tráfico – Bem Vindo à América, e “Parkland”, Peter Landesman já nos habituou à busca incessante da verdade para nos mostrar a realidade dos nossos dias, nem sempre apetecível ou agradável mas real e verdadeira.
Nesta história do Dr. Bennet Omalu, brilhantemente interpretada por Will Smith mostra-nos um patologista forense de características particulares por “conversar” com os mortos e os tratar com o respeito devido pelas pessoas que foram, “pedindo-lhes” que o ajudem a descobrir as razões da sua morte, sendo esse o seu único interesse e razão, para lhes violar o corpo depositado na sua mesa de trabalho.
É pois essa análise minuciosa que o faz chegar à conclusão da bestialidade que grassa no futebol Americano, algo mais violento do que Rugby Europeu porque com menos regras, em que os jogadores competem entre si à cabeçada, que apesar de ser interposta por capacetes de “protecção”, colidem com tal violência que afectam o cérebro através do esmagamento deste contra a parede interior do crânio, provocando-lhes sequelas numa fase posterior da vida que os levam à demência e finalmente à morte.
Porém, como toda a indústria futebolística depende destes homens e da sua luta em campo para gáudio das massas adeptas, esta constatação não pode, não deve ser revelada e a disputa que a seguir se trava é titânica, de um só homem contra a organização, contra os interesses instalados, contra a “política” do desporto que não admite ser desautorizada por um mero neuro-patologista forense.
É a história deste homem que se ultrapassa, que se entrega à luta pela verdade, à custa da sua estabilidade familiar e financeira, com fragilidades acrescidas devido a não ser cidadão Americano mas imigrante, que o filme nos mostra afinal o que já sabia-mos, isto é, a sociedade tem mecanismos protectores da sua própria subsistência, organizados em corporações que fechadas sobre os seus membros cerram fileiras em torno destes, contra todos os que procuram a verdade e denunciam as práticas lesivas permitidas pela sua actividade.
Apesar de não estar nomeado para os Oscares esta história está bem construída, o desenvolvimento da acção está bem estruturado, todo o ambiente é credível, as personagens são consistentes, incluindo um Alec Baldwin como já não via há algum tempo. Como tal, é um filme que recomendo sem considerar que seja tempo perdido.
Classificação: 7 numa escala de 10

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