Sinopse
Will Smith é o protagonista
de “A Força da Verdade”, um thriller dramático, baseado na incrível
história verídica – num registo de autêntico David contra Golias – do Dr.
Bennet Omalu, um brilhante neuro-patologista forense que fez a primeira
descoberta da CTE, um trauma cerebral relacionado com a prática de desporto.
A defesa dos desportistas e a luta pela revelação da verdade
estiveram na base da descoberta de Omalu, numa demanda emocional que o colocou
numa posição extremamente perigosa face a uma das mais poderosas e amadas
instituições do mundo.
Opinião por Artur Neves
Como realizador no caso deste filme, ou como argumentista nas
histórias de “Tráfico – Bem Vindo à América, e “Parkland”, Peter Landesman já
nos habituou à busca incessante da verdade para nos mostrar a realidade dos
nossos dias, nem sempre apetecível ou agradável mas real e verdadeira.
Nesta história do Dr. Bennet Omalu, brilhantemente
interpretada por Will Smith mostra-nos um patologista forense de
características particulares por “conversar” com os mortos e os tratar com o
respeito devido pelas pessoas que foram, “pedindo-lhes” que o ajudem a
descobrir as razões da sua morte, sendo esse o seu único interesse e razão,
para lhes violar o corpo depositado na sua mesa de trabalho.
É pois essa análise
minuciosa que o faz chegar à conclusão da bestialidade que grassa no futebol
Americano, algo mais violento do que Rugby Europeu porque com menos regras, em
que os jogadores competem entre si à cabeçada, que apesar de ser interposta por
capacetes de “protecção”, colidem com tal violência que afectam o cérebro
através do esmagamento deste contra a parede interior do crânio,
provocando-lhes sequelas numa fase posterior da vida que os levam à demência e
finalmente à morte.
Porém, como toda a indústria
futebolística depende destes homens e da sua luta em campo para gáudio das
massas adeptas, esta constatação não pode, não deve ser revelada e a disputa
que a seguir se trava é titânica, de um só homem contra a organização, contra
os interesses instalados, contra a “política” do desporto que não admite ser
desautorizada por um mero neuro-patologista forense.
É a história deste homem que
se ultrapassa, que se entrega à luta pela verdade, à custa da sua estabilidade
familiar e financeira, com fragilidades acrescidas devido a não ser cidadão
Americano mas imigrante, que o filme nos mostra afinal o que já sabia-mos, isto
é, a sociedade tem mecanismos protectores da sua própria subsistência,
organizados em corporações que fechadas sobre os seus membros cerram fileiras
em torno destes, contra todos os que procuram a verdade e denunciam as práticas
lesivas permitidas pela sua actividade.
Apesar de não estar nomeado
para os Oscares esta história está bem construída, o desenvolvimento da acção
está bem estruturado, todo o ambiente é credível, as personagens são
consistentes, incluindo um Alec Baldwin como já não via há algum tempo. Como
tal, é um filme que recomendo sem considerar que seja tempo perdido.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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