25 de fevereiro de 2016

Opinião - "11.22.63" de Stephen King


Sinopse:
A vida pode mudar num instante. É o que acontece com Jake Epping, um professor de inglês de uma cidade do Maine. Enquanto corrigia as redações dos seus alunos do liceu, Jake depara-se com um texto brutal e fascinante, escrito pelo homem de limpezas Harry Dunning. Há cinquenta anos, Harry sobreviveu à noite em que o seu pai massacrou toda a família. Jake fica em choque... mas um segredo ainda mais bizarro surge quando Al, dono do café da cidade, recruta Jake para assumir a missão que se tornou a sua obsessão: deter o assassinato de John Kennedy. Al mostra a Jake como isso pode ser possível: entrando por um portal na despensa do café, assim chegando ao ano de 1958, o tempo de Eisenhower e Elvis, carros-banheira vermelhos, soquetes e fumo de ... cigarros.
Após interferir no massacre da família Dunning, Jake inicia uma nova vida na calorosa cidadezinha de Jodie, no Texas. Mas todas as curvas dessa estrada levam ao solitário e problemático Lee Harvey Oswald. O curso da história está prestes a ser desviado... com consequências imprevisíveis.
Em Novembro de 63, livro inédito de Stephen King, a viagem no tempo nunca foi tão plausível ... e aterrorizante.
 
Opinião por Marta Nogueira
E se as viagens no tempo fossem possíveis? Que momento escolheríamos para regressar? E escolheríamos um momento das nossas próprias histórias, ou um momento da História do mundo? E se de cada vez que voltássemos tivéssemos que encarar um total reset de tudo? Se houvesse alguma falha, teríamos a coragem ou a estâmina para voltar a fazer tudo de novo, e outra vez, e mais uma vez, até acertarmos?
São estas as premissas de 11.22.63. E que momento seria o mais natural que um americano escolhesse? King escolhe um momento fulcral da Historia da América, naturalmente, o dia em que Kennedy foi assassinado. O dia que os americanos julgam ter mudado a sua História e a do mundo, para sempre. Kennedy é, sempre foi, o D. Sebastião do povo americano. Mas este D. Sebastião não desapareceu encoberto por uma névoa intemporal, mas foi sacrificado diante do seu povo, inclusivé filmado num momento cronometrado ao milímetro (a famosa película de Zapruder) que deve ser a gravação mais vista e analisada da história do mundo, a par com a alunagem da Apollo 11, curiosamente instigada pelo próprio JFK que não viveria para assistir à sua promessa).
Mais uma vez, King conta uma historia extraordinária, apoiada numa pesquisa exaustiva sobre os acontecimentos que precederam esse fatídico dia 22 de Novembro de 1963. A um ritmo imparável e incansável, acompanhamos a extraordinária aventura de Jake Epping num 1963 tão pormenorizadamente descrito que quase acreditamos que King possui ele próprio uma maquina do tempo escondida em casa.
Sem esquecer os habituais apontamentos dessa realidade alternativa tão caracteristicamente Kingiana, o escritor oferece-nos mais um romance imparável e impossível de fechar. A conclusão é um tremendo anti-clímax carregado de sabedoria e coerência. O dia que mudou o mundo. E se o pudéssemos mudar? E mesmo que isso fosse possível, seria sensato? Leiam e maravilhem-se.

Sem comentários: