Sinopse:
No fim da vida, numa carta a uma parenta aristocrata que conhecera Paris nos tempos áureos,
terminava Eça: «Deus nos dê paciência para aturar a civilização.» A par da descrença, que se ia
insinuando naquele fim de século, na ciência e na técnica, a visão da vida e do mundo de Eça, a caminho
dos 60 anos, também já era outra.
A Cidade e as Serras é o último romance de Eça de Queiroz, obra que o autor não viu publicada em vida,
nem tão pouco pôde rever com a minúcia e o engenho que lhe eram característicos. São dezasseis
capítulos os que constituem o livro que é muitas vezes apontado como o marco de viragem no corpus
queirosiano e onde assistimos à gradual transformação de Jacinto de Tormes, personagem não menos
vezes tida, por leitores e estudiosos, como reflexo do próprio autor.
De homem citadino e adepto incondicional da civilização e do progresso, representados pela cidade de
Paris, então capital do mundo, entregue a um fastio e a um tédio inexplicáveis, Jacinto metamorfoseia-
se em apaixonado pela Natureza e pelo campo (e, concretamente, as serras de Tormes), cheio de
entusiasmo, vitalidade e apetite pela vida. O desenlace vem, pois, desmentir o citadino do início da
intriga, que jurava que «o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado». Jacinto
nunca mais voltaria a Paris.
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