Sinopse:
Duas
dançarinas, Lorelei (Marilyn Monroe) e Dorothy (Jane Russell), embarcam num
cruzeiro rumo a Paris, a pedido do milionário noivo de Lorelei. O pai do noivo contrata
um detetive (Elliott Reid) para segui-las e conseguir provas de infidelidade da
sua futura nora, criando uma série de confusões em alto-mar.
Opinião por Marta Nogueira
Como dizia
recentemente um jornal sobre uma comédia musical, que interesse tem a história
quando o espectáculo é soberbo? O que se aplica ao caso. Que interesse tem o
facto deste filme não ter pés nem cabeça, quando temos uma Marilyn Monroe
cantando “Diamonds are a girl’s best friend” como ninguém, uma Jane Russell
hilariantemente picante e um naipe de secundários deliciosamente à altura
destas duas divas? Nenhum!
Não
interessa pensar que na vida real ninguém entra em quartos alheios daquela
forma e muito menos sai deles daquela outra maneira, ou que ninguém despeja
água de um jarro para cima das calças de alguém tão descaradamente (apesar de
muitas vezes nos apetecer fazer isso mesmo), ou que seja inconcebível que uma
tiara de diamantes verdadeiros passe de mão em mão com tal ligeireza, ou ainda
que um juíz ature uma falsa loura (uma brilhante imitação de Marilyn por Jane),
chocalhando lantejoulas pela sala inteira do tribunal, sem a submeter
imediatamente a uma cura de desintoxicação numa clínica Betty Ford.
Monroe e
Russell combinam como um par de luvas de cetim, com uma química tremenda. Nunca
percebi bem se Marilyn tinha noção da graça que tinha, ou se era mesmo essa a
sua maneira de ser. Mas não interessa. Porque, com ou sem consciência desse
efeito, ela era mesmo uma grande comediante. Aliás, a filha de Lee Strasberg
(sua amiga íntima durante a fase mais séria da actriz, quando decidiu
frequentar o Actor’s Studio) conta que um dia passeavam as duas na rua e
Marilyn estava de óculos escuros, passando completamente despercebida. De
repente, ela pergunta-lhe “Queres ver-me fazer ‘dela’?” E transforma-se por
completo, tanto que mesmo mantendo os óculos escuros as pessoas a rodeiam de
imediato, reconhecendo-a. Portanto, a inocência tem limites e loura burra não
me parece que fosse. A sua beleza natural é desarmante, até para outras mulheres.
Quanto ao
filme em si, para além de um argumento frenético e hilariante, apresenta uma
cenografia deslumbrante, com cores soberbas, cenários maravilhosos, roupas
magníficas e aquela maquilhagem única aplicada de tal forma que é impossível
perceber onde começam os lábios e acaba o batom. Há dois ou três números
musicais inesquecíveis, que apetece rever vezes sem conta, para além daquele
que dá nome ao filme e que tem sido recriado inúmeras vezes ao longo dos anos
por outras mulheres, a mais famosa das quais Madonna no seu video “Material
Girl”, mas sem nunca chegarem aos pés da magia de Marilyn.
Este filme é, sem sombra de dúvida, um diamante eterno.
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