Sinopse:
Edith Cushing é uma jovem aspirante a escritora que vê uma tragédia familiar desmoronar o seu mundo. Aparentemente para o reconstruir surge um homem misterioso e sonhador que promete paz ao futuro de Edith, longe dos fantasmas do seu passado. Casam e mudam-se para a casa de família de Thomas Sharpe, juntamente com a sua irmã Lucille Sharpe. Mas é nessa casa para onde se mudam, que ela enfrentará os maiores fantasmas.
Opinião por Antony Sousa:
Uma experiência feita para cinema, com cenários mágicos originários da imaginação e criatividade de Guillermo del Toro. Particularmente a mansão onde grande parte da trama se passa foi pensada ao detalhe, acabando por tornar-se uma autêntica personagem, que respira, sente e sangra, como é referido por Thomas Sharpe no decorrer do filme. Pena é que o enredo não acompanhe a excelência visual.
Crimson Peak é uma mistura de fantasia e terror, sendo que o primeiro género se sobrepõem ao segundo. Provavelmente irá provoar alguns sustos aqui ou ali a quem assistir, sobretudo com a aparição dos expressivos fantasmas, mas é mais um conto gótico sinistro do que um filme de terror.
O primeiro impacto emocional está relacionado com a ligação pai-filha que existe entre Edith Cushing e o seu pai. Após a morte do mesmo, Thomas Sharpe acaba por oferecer o apoio e as condições aparentes para Edith poder superar a perda e seguir com a sua vida e com o seu sonho de se tornar numa escritora de sucesso. O que nos leva para um momento determinante na história que tem que ver com a mudança do casal para a casa da família Sharpe, que o casal partilhará com a gélida e intrigante Lucille, irmã de Thomas. Este momento é determinante, porque a casa acaba por se tornar numa autêntica personagem, num motivo constante de interesse, com todos os detalhes a serem pensados para tornarem o enredo mais credível e cativante.
E por falar em cativante, nesse aspecto talvez resida uma das principais lacunas que encontrei em Crimson Peak: A previsibilidade. A partir de certa altura adivinhar o que se vai seguir passa a ser quase uma formalidade, e isso necessariamente retira algum interesse à história, que se espera neste género seja enigmática.
Como mais um ponto a favor de Crimson Peak temos o elenco. Mia Wasikowska (Edith Cushing) dá mais um exemplo das suas capacidades e potencial para surgir cada vez mais ligada a "monstros sagrados" do cinema, como é o caso de Guillermo Del Toro. Para alguém tão jovem tem já uma carreira muito interessante, e vale a pena dispensar algum tempo para apreciar alguma da sua filmografia, da qual destaco "Tracks", "Only Lovers Left Alive", "Stoker" e "Lawless". Tom Hiddlestone (Thomas Sharpe) tem também um papel bem conseguido, com a complexidade da relação da sua personagem com a sua irmã, e a dúvida que cria sobre a sua verdadeira natureza. E por fim um destaque claro para Jessica Chastain (Lucille Sharpe) que tornou esta personagem profundamente credível na sua perturbação e malícia, oferecendo boa parte dos momentos mais intensos e sombrios do filme. Mais uma vez não desilude, e junta mais uma personagem marcante no rol de sucessos variados que protagonizou nos últimos anos.
No final de contas trata-se de um filme interessante para se assistir no cinema, pela fantasia e envolvência visual que proporciona ao espectador, mas tendo em conta as expectativas inerentes ao facto de ser obra de Guillermo del Toro, acaba por saber a pouco pela falta de um elemento surpresa que quebre a previsibilidade do enredo.
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