28 de outubro de 2015

Opinião - Filme "As sufragistas" por Sarah Gavron


Sinopse:
'AS SUFRAGISTAS' é um drama intenso que acompanha a história das ativistas que estiveram no início do movimento feminista, mulheres que foram forçadas à clandestinidade ao entrar num perigoso jogo do gato e do rato com um Estado cada vez mais brutal, enquanto lutavam pelo direito de voto. Essas mulheres não eram maioritariamente das classes educadas, mas sobretudo das classes operárias e que tinham assistido ao falhanço do protesto pacífico. Radicalizadas e recorrendo à violência como a única via para mudar, elas estavam dispostas a perder tudo na luta pela igualdade - os seus empregos, as suas casas, os seus filhos e as suas vidas. Maud (Carey Mulligan) era uma dessas ativistas. A história da sua luta pela dignidade é comovente e inspiradora. 

Opinião por Maria Ana Jordão

Até que se tenha podido contar a história de ‘As sufragistas’, foi árduo o caminho percorrido pelas mulheres que acreditaram ser possível ter os mesmos privilégios que os homens. 

Foi John Stuart Mill, quem em 1867 serviu de exemplo para as inglesas, ao fazer perante o Parlamento a primeira defesa oficial do voto feminino. Inspirada em Mill, Mistress Fawcett fundou o movimento sufragista. 

‘As sufragistas’ é uma oportunidade de reflexão sobre, como a mulher tem sido pensada e interpretada ao longo da história. “Para os homens, votar era considerado uma obrigação não um dever e a mulher não era digna desse dever.” 

Após a sua família ter criado Woman Social and Political Union, em 1903, Emilinne Pankhurst (Maryl Streep) líder do movimento sufragista em 1912, terá influenciado milhares de mulheres para se juntarem ao movimento reivindicando direitos e oportunidades iguais às dos homens, como o direito ao voto. 

“Vote for women” era, o que estas mulheres defendiam acreditando, sempre, que podiam fazer a diferença. Conseguir o voto significou muita solidariedade e união entre mulheres bem como posições firmes. A dura conquista pelo direito ao voto sem violência foi ignorada e a as sufragistas, não tiveram outra opção que responder com a violência.

Em 1928 foi-lhes concedido o voto sem restrições. Será possível dissociar a emancipação da mulher da luta das sufragistas? 

Na narrativa de Abi Morgan, surge como personagem principal uma figura fictícia, apesar de haver um domínio dos factos reais. O caminho de luta travado pelas 'verdadeiras' sufragistas é, romantizado por essa personagem, Maud Watts (Carey Mulligan) que entra no movimento cambaleando entre a dúvida e a certeza, até ficar segura de si mesma. Embora as sufragistas se tenham interrogado, duvidarem do que queriam não era o que as caracterizava pois, eram profundamente obstinadas. 

Em 'As sufragistas' temos uma noção da dimensão da luta pelo voto feminino, através das personagens, muitas perdiam o trabalho e até os filhos, como Maud Watts. No entanto, merecia ter sido mais desenvolvido o esforço das mulheres de ontem, na sua luta pelo direito ao voto.

Em 'As sufragistas' o ritmo é energético e destaca-se o diálogo que representa através das suas fortes palavras, o papel da mulher, como ela era entendida antigamente e, o quanto sofria com a opressão.
O plano audiovisual é bem sucedido apesar de tímido, a elaboração é completa ainda que, com algumas lacunas políticas.

Mais do que um tributo ao movimento, Sarah Gavron e Abi Morgan quiseram homenagem a mulher. O público feminino vai-se identificar com Maud Watts e tantas outras, uma vez que, temos de lutar contra algumas inseguranças, até sermos cada vez mais confiantes.

O contributo das 'autênticas sufragistas' não foi só político, também abrangeu a esfera pessoal. Devemos ao movimento feminista, em especial ás sufragistas, a percepção da mulher como um ser humano independente do homem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Fiquei curiosa.