24 de outubro de 2015

Opinião - Filme "Lendas do Crime" Brian Helgeland


Sinopse:
O argumentista e realizador Brian Helgeland, vencedor do Oscar® por LA Confidencial, traz-nos a verdadeira história da ascensão e queda dos mais famosos gangsters de Londres, Reggie e Ronnie Kray, ambos protagonizados por Tom Hardy, num desempenho extraordinário. Juntos, os gémeos Kray tomam conta da cidade. Mas à medida que vão aumentando o território que controlam, as divergências começam a surgir, causadas por lutas pelo poder, loucura descontrolada e por uma mulher - e vão acabar por enfraquecer a ligação entre ambos, o elo mais fraco que pode levar ao colapso do império que construíram.


Opinião por Maria Ana Jordão


Brian Helgeland, apresenta-nos uma versão romântica mas sangrenta da história das lendas londrinas do crime organizado. O poder dos gémeos Ronald e Reginald na cidade de Londres vai desde os anos 50 até aos 60. Não é de hoje que a industria do crime faz sucesso no cinema, acabando por ser rentável para os cineastas. O realizador jogou pelo seguro no seu mais recente thriller, ao adaptar para a grande tela esta história baseada em factos reais dos gémeos Kray. Em ‘As lendas do crime’ a vida destes dois irmãos é explorada mais pelos mitos e especulações que por factos reais. 

A interpretação peculiar de Frances sobre a parceria dos irmãos na organização criminosa que tinham juntamente com o seu relacionamento com Reginald são dos aspectos que o realizador mais fortalece. Os Ingleses que nos desculpem, mas o chá pode curar muita coisa incluindo indisposições, dores de cabeça...nunca a perda de quem nos tocou como ninguém. E o que tem a ver o chá com os temidos gémeos? Tudo segundo Frances, a narradora da história. 

Um guião sem falsos moralismos mas, com conteúdo e argumento com um realismo que vai desde a excelência do guarda-roupa à especificidade da imagem é, o que o espera em ‘As lendas do crime’. 
Cúmplices, os gémeos Kray protagonizam uma relação leal mas conflituosa que não tem lugar para traições, a máfia reflecte bem estes valores. 

Ronald é um esquizófrenico paranóide que além de psicótico mata por prazer, sem pudor embora, seja frágil, e, não tenha problemas em assumir a sua homosexualidade. Reginald é mais discreto, quer assentar e viver dentro da legalidade. Nem mesmo a constante tensão entre os dois irá parar esta dupla imbatível. Tom Hardy no papel do psicótico Ronald, tem de atingir expressões que não são necessárias para o papel de Ronald. Em 'As lendas do crime', o actor supera-se na sua expressividade.

Há aspectos fundamentais que não podem ser enfraquecidos, para que o enredo se torne verosímil - mas foram, tais como sintomas de um esquizófrenico paranóide que determinam a credibilidade da personagem, dinâmicas a aparecerem como apontamento como, a relação dos irmãos Kray com a Mãe, investigações do representante das autoridades Leonard ‘Nipper’ Read. Brian Helgeland optou por tornar irrelevante a presença das autoridades, o que se justifica pela sua história se gabar da imoralidade, até ao fim. 

Somos introduzidos à autoridade, 'Nipper' com ironia e sarcasmo o que nos proporciona momentos de humor. Um diálogo divertido e cativante que nos dá a conhecer a linguagem de um gangster quando contrariado, (linguagem própria quando contestado). 

Pode desfrutar da monotonia rítmica ao som de puro Soul, próprio da época, visto que, o ritmo acelera e desacelera. Apesar de haver contornos na história dos mediáticos gémeos Kray que merecem igual importância e um ritmo inesperadamente fraco, ‘As lendas do crime’ não desilude os espectadores.

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