9 de outubro de 2015

Opinião - Filme "A hora do lobo" de Jean-Jacques Annaud


Sinopse:
1967, no período Maoísta, Chen Zen, um jovem estudante de Pequim, é enviado para a Mongólia com a missão de educar uma população rural isolada. Mas, na verdade, é Chen Zen quem tem bastante a aprender sobre a vida, sobre a noção de comunidade e sobre a criatura mais venerada das estepes, o lobo, neste local hostil e vertiginoso. Seduzido pela ligação complexa e quase mística entre estas criaturas (para os Mongóis quase sagradas) e os pastores, captura uma cria de lobo e aprisiona-a. Mas a relação entre o homem e o animal, assim como o modo de vida da tribo e o futuro da terra onde vivem, é ameaçada quando o representante regional da autoridade central decide, por todos os meios, eliminar os lobos dessa região.

Opinião por Maria Ana Jordão:

‘Le Dernier Loup’ de Jean-Jacques Annaud é um convite a uma belíssima, mas dura viagem à Mongólia. Nesta longa-metragem o realizador Annaud quis despertar consciências dando a conhecer uma relação improvável, a do homem com o lobo.

Durante o filme somos distraídos por um cenário com paisagens em estado natural, em que as cenas mais agressivas são abafadas pela tranquilidade do cenário que as rodeia. Absolutamente estonteantes, as singulares paisagens de Annaud irão marcar o espectador, fazendo com que não feche os olhos nem um minuto no decorrer desta longa-metragem.


O lobo dá mais vida do que a que retira. Descobrir o lobo que temos dentro de nós irá gerar em vez de conflito, harmonia, entenda-se por harmonia não o domesticar, mas evitar a sua extinção.  Thomas Hobbes estava correcto, quando mencionou “o homem é o lobo do homem” a sua apetência natural para o conflito danificou em demasia o ecossistema. Que o homem liberte o último lobo, (Le Dernier Loup) o seu lobo, significa uma esperançosa possibilidade de evitar o seu declínio.

Estamos no ano 1967, no período Maoísta em plena revolução cultural, Chen Zen com o fim de instruir os camponeses teve de ir para a Mongólia.
A história de ‘Le totem du Loup’ de Jiang Rong adaptada ao cinema pelo cineasta Jean-Jacques Annaud resgata em Chen Zen uma visão sobre a natureza, que pensava não ter.
A mensagem ambientalista não deve ser ignorada, embora controversa, sempre actual de tão falada é um assunto que se esgota por si, Por outro lado, é sempre necessária e merecedora de qualquer destaque.  Annaud, foi corajoso ao transportar para o grande ecrã uma problemática desta dimensão.

Até o paraíso tem os seus pecadores e depois desta viagem pela Mongólia, ficamos com dúvidas relativamente a alguns aspectos do filme a começar pelo título, o seu nome original ‘Le dernier Loup’ carrega o peso da mensagem de Annaud, teria sido mais feliz se no nosso país tivesse sido traduzido à letra ‘O último lobo’ (Le dernier Loup), enfim, detalhes. O que não são detalhes são as dúvidas com que ficamos com a caracterização das personagens, a sua estética está representada ao pormenor, mas há um certo desequilíbrio entre o plano visual e o plano psicológico. Como consequência a interacção entre as personagens perde impacto.  Há ainda, pouca consonância entre o plano visual, o plano psicológico, a mensagem e a forte representação do simbolismo do lobo na relação com o homem.

O argumento do realizador em parceria com alguns colaboradores é bem conseguido. O guião é bastante simples, os diálogos, entre as personagens decisivas para Chen Zen pedem mais, acabando por se verem remetidos para segundo plano.

No entanto, ‘A hora do lobo’ promete fazer com que o espectador desfrute de paisagens estonteantes, de um argumento simples, numa história emotiva e humana, com uma mensagem apelativa como é apanágio das realizações de Jean-Jacques Annaud.

1 comentário:

Anónimo disse...

Maria Ana partilho a sua opinião relativamente à "Hora do Lobo". Não conseguimos literalmente tirar os olhos do ecrã.Recomendo