1 de agosto de 2015

Opinião - O Guardião de Livros - Cristina Norton

Título: O Guardião de Livros
Autora: Cristina Norton
Editora: Livros d'Hoje

Sinopse:
Uma escrava muda conta um segredo guardado durante 200 anos; um escravo apaixona-se por quem não deve; uma carioca leva um português a descobrir as delícias do sexo; um cientista judeu a quem são confiados dois livros raros naufraga nas ilhas Malvinas. Estas são algumas das personagens deste romance, que nos narra a vida de Luís Joaquim dos Santos Marrocos, um bibliotecário hipocondríaco que, em 1811, atravessa o Atlântico rumo ao Brasil acompanhado por 76 caixotes cujo conteúdo era verdadeiramente precioso: no seu interior seguia a Real Biblioteca do Palácio de Ajuda, inicialmente esquecida no cais de Belém aquando da saída apressada da Corte portuguesa para o Brasil em 1808. A chegada ao Rio de Janeiro não foi fácil para Marrocos ao deparar-se com uma cidade onde nada o seduzia, - nem a comida, nem os cheiros, nem o calor - e com uma corte endividada, amante de cerimónias grandiosas e grosseira nos seus costumes diários. Mas tudo mudou quando conheceu Ana de Souza Murça. A autora descreve-nos uma vida rica em acontecimentos inesperados, onde a ironia se mistura com momentos comoventes. Depois do sucesso de O Segredo da Bastarda Cristina Norton volta a deslumbrar-nos com o seu estilo expressivo e inovador assente numa pesquisa histórica séria. Este romance enfeitiçará e prenderá o leitor.

Opinião por Carla Fernandes:
Esta é a história de um funcionário da Real Biblioteca do Palácio da Ajuda que acompanha uma remessa de livros na sua viagem para o Brasil após a fuga da corte para esta colónia no início do séc. XIX. Além da evolução pessoal da personagem principal, a autora dá-nos uma perspectiva das dificuldades com as quais os aventureiros portugueses se depararam na adaptação a esta zona do globo e aos costumes dos brasileiros, dos problemas da corte não só no Brasil como em Portugal que estava na constante expectativa de invasões Napoleónicas. Numa altura em que a escravatura já tinha sido abolida em alguns países, mas como o trabalho a fazer neste domínio português era de tal forma duro que todos se recusavam a fazê-lo, mesmo que pago, a abolição da escravatura foi sendo protelada.
O que mais me cativou neste livro foi a utilização das cartas reais que Luís Marrocos enviou à família, e de toda a história ser desenvolvida a partir das mesmas. Estas cartas foram arquivadas pelo pai de Luís Marrocos na Real Biblioteca do Palácio da Ajuda. Partes das cartas enviadas por este "personagem" à família, que não contribuem para o enredo da estória, sendo basicamente fofocas à moda do séc XIX, são também incluídas, dando uma maior sensação de viagem no tempo.
Em diferentes capítulos outras personagens, mesmo que menores, dirigem a narrativa e desenvolvem a sua história pessoal. Este é um livro que encarna o verdadeiro sentido de "romance histórico".

Sem comentários: