13 de julho de 2015

Opinião - Memorial do Convento - José Saramago


Título: Memorial do Convento
Autor: José Saramago
Editora: Porto Editora

Sinopse:
«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998).

Opinião por Fátima Quelhas:
Memorial do Convento é sem duvida um grande livro, uma mistura entre o real e a ficção.
José Saramago escreve como um génio e esta obra magnifica e brilhante é um grande exemplo disso. Um dos seus expoentes máximos da cultura nacional e internacional.
Baltasar e Blimunda. Há encontros que estão destinados a acontecer. O mundo move-se e sob cada sol os caminhos são percorridos, minuto após minuto, talvez de acordo com uma vontade superior. Pouco importa se o é ou não, o que importa é que Baltasar e Blimunda se encontraram num auto de fé. Numa cerimónia que festeja o fim e a condenação, celebrou-se naquele dia o início e a aceitação e, sem o saber Baltasar mas sabendo-o Blimunda, naquela mesma noite, quando comerem sopa pela mesma colher, os seus destinos estarão unidos para sempre.
Memorial do Convento de José Saramago foi publicado em 1982. Conta-nos a história do sereno amor do maneta Baltasar e da mística Blimunda, nos atribulados tempos da construção do Convento de Mafra. Os dois formam um dos pares mais extraordinários da literatura portuguesa, e vivem uma história de amor. Apaixonados, vivem ilegais aos olhos de deus e do povo, pois não são casados. Mesmo assim, são recebidos por um padre brasileiro com uma educação jesuíta, mas liberto de convenções. Sonhador, pretende criar uma máquina do tempo, e vê esse sonho a ser realizado através do Baltasar e Blimunda, o seu sonho a ser realizado. O que menos gostei foi o final do romance entre eles ser trágico.
Memorial do Convento não é um livro fácil, nem será uma boa escolha para quem procura um livro para se distrair ou para quem nunca tenha lido.

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