24 de julho de 2015

Opinião - Lua de Sangue - Nora Roberts


Título: Lua de Sangue
Autora: Nora Roberts
Editora: Ulisseia

Sinopse:
Tory Bodeen viveu a sua infância na Carolina do Sul, numa pequena casa degradada, onde o pai imperava com um punho de ferro e um cinto de cabedal. Em compensação, porém, havia a pequena Hope, que vivia ali perto, e cuja amizade tornava possível que Tory fosse aquilo que lhe não permitiam ser em sua casa: uma criança. Depois do brutal assassínio de Hope, que a polícia jamais esclareceu, a vida de Tory começou aos poucos a desfazer-se. Mas agora prepara-se para regressar à sua terra natal. À medida que forja novos laços de afecto com Cade Lavelle, o irmão mais velho de Hope, não consegue no entanto ter a certeza de que a tragédia que ambos experimentaram contribua de facto para os aproximar. Viver assim tão colada à memória de uma infelicidade que tanto a marcou virá a revelar-se mais difícil e mais assustador do que Tory alguma vez imaginara. Até porque o assassino de Hope anda também por perto.

Opinião por Sónia Melo:
“Tínhamos oito anos, naquele Verão. Naquele Verão distante, em que nos parecia que os dias abafados iriam durar para sempre. Foi um Verão de inocência e de imprudência, e de amizade, o tipo de mistura capaz de formar uma bela redoma de vidro à volta do nosso mundo. Uma noite mudou tudo isso. Desde então, nada voltou a ser o mesmo para mim. Como poderia ser o mesmo.” (Tory, pág. 17)

Lua de Sangue é, garantidamente, um livro com muitos pontos fortes, começando pela capa lindíssima e pela sinopse deliciosa mas passando, acima de tudo, pelas personagens fortes e carismáticas e culminando numa história misteriosa, que nos agarra de modo compulsivo para a próxima página.
Se me pedissem para enunciar as personagens que mais me marcaram do vasto leque de livros que já li, Tory Bodeen, protagonista de Lua de Sangue, certamente iria figurar entre elas. Coragem, determinação, garra e força seriam palavras que usaria para descrevê-la.
A história que nos é contada, a história de Tory, começa quando esta, uma criança de oito anos extremamente carente e negligenciada, conhece e desenvolve uma grande amizade com Hope Lavelle, filha da família mais rica da região. Desta improvável amizade forma-se um laço inquebrável, mesmo pela própria morte, a morte de Hope, às mãos de um assassino cruel que escapa impune.

“Os laços que nos ligavam tinham a profundidade e a intensidade imediata que apenas as crianças são capazes de tecer. Acho que formávamos uma parelha estranha a luminosa e privilegiada Hope Lavelle e a sombria e tímida Tory Bodeen.” (Tory, pág.17)

A morte brutal de Hope transforma a vida daqueles que com ela se relacionavam, principalmente, da sua família e de Tory. Assim, o tempo passa com cada um dos intervenientes marcados profundamente pelo sucedido. Quem foi o cruel assassino de Hope?
O regresso da pequena Tory, que já não é tão pequena assim, pega todos de surpresa, sobretudo a família de Hope, que vê a sua chegada como um reavivar de feridas antigas e dores profundas, a única excepção é Cade Lavelle, irmão mais velho de Hope, que vê a chegada de Tory como a derradeira oportunidade para esclarecer de uma vez por todas o que aconteceu com a irmã.
É curioso como à medida que a história se desenrola vamos testemunhando a culpa das personagens, todos acabam culpando-se de algum modo pelo sucedido com Hope. De resto, a culpa está patente em quase todas as personagens menos no próprio assassino, que garanto é o maior e mais bem guardado mistério do livro.
A história de amor entre Tory e Cade é lindíssima, assim como o romance selvagem entre Faith, a irmã gémea de Hope, e o melhor amigo de Cade.
Apaixonante é a melhor palavra que posso usar para descrever este romance, com uma história forte, mais verdadeira do que aquilo que gostaríamos (por vezes a tragédia faz parte da vida), com personagens cheios de defeitos, muitas vezes incapazes de aceitar sem julgar e uma protagonista que luta com todas as suas forças para construir uma vida normal, da qual foi privada pela própria família, e que aprende a conviver com um dom que sempre considerou uma maldição.
Simplesmente um livro que aconselho vivamente!

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