27 de junho de 2015

Opinião - O Memorial do Convento - José Saramago


Título: O Memorial do Convento
Autor: José Saramago
Editora: Caminho

Sinopse:
Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.

Opinião por Rita Oliveira:
Saramago é o meu escritor favorito. E que bom é saber que é português."Memorial do Convento" foi o primeiro livro do autor que li e é, sem dúvida, o meu preferido. Saramago entrelaça realidade com magia ao criar uma história para a construção do convento de Mafra, no século XVIII. Baltasar e Blimunda, juntamente com o padre Bartolomeu, são as personagens principais, que desafiam as normas sociais estabelecidas de vários modos. Trata-se de um casal que partilha a mesma casa (e cama), apesar de não serem oficialmente casados. Contudo, o amor que os une é puro, sagrado e verdadeiro. Bartolomeu é a única figura católica que se destaca pelos seus valores morais, ao passo que os restantes membros do clero são fortemente criticados pela sua desonestidade e imoralidade.
Acompanhando a construção do monumento português, há outra história que não deve ser subestimada: a construção da passarola pela mão do padre Bartolomeu, um instrumento que o faria voar pelos céus - mais uma vez desafiando os dogmas católicos.
É, no fundo, a construção do sonho que guia a trama deste livro. A obra mais mágica alguma vez escrita em português.

2 comentários:

Bruxa Mimi disse...

Há muitos anos, li 1/3 do Memorial. Anos depois, li o terço seguinte. Muitos anos se passaram e ainda me falta o último terço... De tudo, só a Blimunda é que não esqueci. Tenho o livro em casa. Talvez seja este verão que leio os três terços de seguida.

Não sou particularmente fã de Saramago (atendendo a que o Memorial foi o primeiro livro dele que comecei a ler, percebe-se porquê). "A maior flor do mundo", que entretanto li, gostei imenso. "Ligeiramente" menos denso... :-)

livingbelowtheclouds disse...

Adoro Saramago, mas como é obrigatório ler, no Secundário, este livro... nunca lhe peguei!