3 de maio de 2015

Opinião - Um Aprazível Suicídio em Grupo - Arto Paasilinna


Título: Um Aprazível Suicídio em Grupo
Autor: Arto Paasilinna
Editora: Relógio D'Água

Sinopse:
É precisamente no S. João, festa de luz e alegria realizada em pleno Verão, que um pequeno empresário em crise, Onni Rellonen, decide acabar com a vida. Mas quando, de pistola no bolso, se aproxima de um celeiro isolado, local ideal para uma morte tranquila, depara com uma estranha cena. E, no último momento, consegue salvar um outro candidato ao suicídio já com um nó corrediço apertando em volta do pescoço. É o coronel Kemppainen, um inconsolável viúvo que escolhera igualmente aquele luminoso solstício para pôr fim à vida.
Influenciados por este acaso renunciam à sua intenção comum e conversam sobre as razões que os levaram a tomar tão sombria decisão. Já em casa de Onni preparam uma sauna, bebem, pescam e tratam-se por tu.
Depressa chegam à conclusão que na Finlândia existe um grande número de candidatos ao suicídio. E daí até à ideia de fundarem uma associação de «candidatos ao suicídio» vai um passo. Colocam um anúncio:

ESTÁ A PENSAR SUICIDAR-SE?
Não entre em pânico, não está sozinho.
Também nós temos pensamentos semelhantes,
e até alguma experiência. (…)
Respostas à Posta Restante dos
Correios Centrais de Helsínquia,
para: «Tentar em conjunto.»

E um dia, acompanhados de três dezenas de companheiros, partem num confortável autocarro para uma aprazível viagem de suicídio colectivo. Atravessam a Europa em busca do melhor precipício para se lançarem no vazio. Entre os candidatos, encontram-se alguns com bastante humor, outros mais sombrios, mas todos eles participando nas ferozes reflexões de Paasilinna sobre o suicídio enquanto desporto finlandês.
Acabam por encontrar o local ideal em Portugal, uma falésia junto à Fortaleza de Sagres.
Aprazível Suicídio em Grupo é uma narrativa irónica e macabra, que provoca riso e compaixão. É também uma fábula terna e ácida sobre vidas sombrias.

Opinião por Venâncio Sousa:
"Um Aprazível Suicídio em Grupo" do finlandês Arto Paasilinna, é uma história irónica, comovente e amarga sobre vidas despedaçadas.
Estes suicidas querem um túmulo no meio da natureza e acabam por atravessar a Europa para encontrar o local perfeito. Começam na Finlândia, passam pela Noruega, depois pela Suíça, Alemanha, França e imaginem só, é em Portugal que encontram o precipício ideal para acabar com as suas vidas. O cabo de São Vicente em Sagres é o destino final destes suicidas. E o que acontece no final? É imprevisível! Aliás, durante todo o livro a história é imprevisível, e é exactamente isso que lhe dá valor.
Numa escrita simples mas recheada de apontamentos irónicos e macabros, que nos provocam um misto de riso e compaixão sobre os temas da morte e do suicídio, Arto Paasilinna faz-nos acompanhar este grupo de trinta homens e mulheres naquela que é a viagem de quem sente que não tem mais nada a perder, de quem está constantemente à beira do abismo, de quem chegou ao fim da linha. Mas tudo isto num cenário hilariante onde se brinca com o desejo de morrer, acabando por enaltecer o desejo de viver, porque, por vezes, é preciso olhar a morte de frente para perceber a essência da vida.

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