23 de março de 2015

Filme "Cinderella" - Crítica



Sinopse

Era uma vez uma menina, Ella, que vivia feliz com os pais, desconhecendo que essa felicidade seria abalada com a morte da mãe. Algum tempo depois o pai volta a casar com uma viúva com duas filhas, que rapidamente se assenhoram da casa. Com a morte do pai durante uma viagem, e a consequente deterioração das suas finanças, vêem-se forçadas a despedir os criados e obrigam Ella trabalhar para elas.

Crítica

Este filme é mais uma adaptação de uma história que todos conhecemos. Nela não encontramos surpresas – crescemos a ouvi-la e a vê-la nos seus múltiplos formatos, com mais ou menos liberdades criativas. No seguimento de outras adaptações de clássicos da Disney, este Cinderela, produção Inglesa realizada por Kenneth Branagh, é fiel à história que nos habituámos a ver como a versão “original” – escrita por Charles Perrault em 1697 - as surpresas são mínimas. No entanto, disso não resulta um espectáculo menor, muito pelo contrário. Pela mão de Branagh, que tem uma larga experiência em produções teatrais, este clássico transforma-se numa produção de luxo, cuidada ao mínimo detalhe, desde a linguagem ao trabalho de actores, passando pelos efeitos que são usados com eficácia para realçar sentimentos e não para roubar a cena aos actores. Lily James, que protagoniza Ella, é uma jovem talentosa que consegue tornar real uma personagem que personifica a pureza de espírito. Richard Madden (Robb Stark de Game of Thrones) é também eficaz como príncipe, mostrando-nos a dualidade entre a sua responsabilidade para com o principado e os seus sentimentos pessoais. A química que existe entre os dois é inegável. Entre os demais actores, é de realçar o trabalho de Cate Blanchet como Madrasta de Ella, uma personagem que destila tanta perfídia que, quando comparados com ela, Darth Vader ou Lord Vordemort não passam de principiantes. Embora apareça durante pouco tempo, Helena Bonham Carter compõe uma Fada Madrinha de luxo, transportando algo da loucura dos filmes de Tim Burton para este Cinderela. Quanto ao realizador, Branagh teve aqui um trabalho mais consistente do que Thor ou Frankenstein, mostrando estar mais adaptado às grandes produções. Consegue pegar numa história conhecida por todos e melhorá-la, criando personagens verosímeis, com personalidades bem definidas – sabemos a sua origem, as suas motivações. A história flui com normalidade até que se chega à cena do baile: raramente se viu tamanha sumptuosidade no cinema.

Em conclusão: um bom espectáculo, para adultos e crianças. Como notas menos positivas, além do desfecho já muito conhecido, denoto alguma artificialidade no CGI, nomeadamente nas cenas nas quais se vêem as paisagens - essa artificialidade é largamente compensada pela sua soberba utilização nos animais e na sequência do baile. Além disso, a utilização excessiva da morte por doença como recurso narrativo, embora possa ser uma forma simples de evoluir uma história para um público infantil, resulta algo primário para um público mais adulto.

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