5 de março de 2015

Opinião - O Marciano - Andy Weir



Título: O Marciano
Autor: Andy Weir
Editora: Topseller

Sinopse:
Uma Missão a Marte. Um acidente aparatoso. A luta de um homem pela sobrevivência.

Há exatamente seis dias, o astronauta Mark Watney tornou-se uma das primeiras pessoas a caminhar em Marte. Agora, ele tem a certeza de que vai ser a primeira pessoa a morrer ali.

Depois de uma tempestade de areia ter obrigado a sua tripulação a evacuar o planeta, e de esta o ter deixado para trás por julgá-lo morto, Mark encontra-se preso em Marte, completamente sozinho, sem perspetivas de conseguir comunicar com a Terra para dizer que está vivo. E mesmo que o conseguisse fazer, os seus mantimentos esgotar-se-iam muito antes de uma equipa de salvamento o encontrar.

De qualquer modo, Mark não terá tempo para morrer de fome. A maquinaria danificada, o meio ambiente implacável e o simples «erro humano» irão, muito provavelmente, matá-lo primeiro. Apoiando-se nas suas enormes capacidades técnicas, no domínio da engenharia e na determinada recusa em desistir — e num surpreendente sentido de humor a que vai buscar a força para sobreviver —, ele embarca numa missão obstinada para se manter vivo. Será que a sua mestria vai ser suficiente para superar todas as adversidades impossíveis que se erguem contra si? 

Opinião:

O sonho de ir ao espaço está patente em muitos de nós. Se forem como eu, desde pequenos nutrem a pequena fantasia de viagens recreativas ao grande vazio, ver a terra de um outro ponto de vista e sentir-se como um explorador espacial, visitando novos mundos e conhecendo novas raças, em suma, se forem como eu sempre desejaram ser um género de Captain Kirk (ou Picard, dependo da sua preferência, mas não vou enveredar por aí!)

Nesta história, somos apresentados a Mark Watney, um botânico e engenheiro mecânico da expedição Ares 3, com o propósito de estudar Marte. Ao serem alvos de um fenómeno metereológico, têm de abandonar o planeta, deixando Mark para trás e dando-o como morto. No entanto, isso está longe da verdade, e Mark quer que continue assim, tentando desesperadamente sobreviver ao clima violento de Marte, com poucos recursos e completamente sozinho, aguardando pela possibilidade de poder voltar a casa.

Sem querer entar em grandes detalhes, adorei sentir o puro génio do autor, apesar de não compreender na totalidade a ciência envolvida, Andy Weir claramente percebe. Explicando em detalhe os passos, soluções e ambientes envolvidos nos três locais de acção, mas mantendo um constante sentimento de solidão que envolve o protagonista, e consequentemente, o leitor.

Devo confessar que fiquei muito surpreendido com a personalidade de Mark, pois regra geral, neste tipo de enredos acompanhamos enquanto o personagem principal luta contra sí mesmo, tentando manter a sua sanidade, lentamente definhando, até já não conseguirmos descernir a realidade das alucinações. Não encontramos nada do género em O Marciano. Mark é muito inteligente, e sinceramente muito corajoso, pondo em prática ideias que não ocorreriam a mais ninguém, ideias que por vezes se encontram naquele limiar entre a loucura e a genialidade. Conseguindo manter o seu humor sarcástico, mesmo quando as situações parecem deseperantes, conservando a sua sanidade mental apesar de não ter qualquer tipo de contacto humano.

Um bom livro, com alguns (e necessários) momentos de explicações técnicas e cientificas, que poderiam alienar leitores que não estejam acostumados a tais situações, recorrentes em títulos de ficção cientifica, mas que consegue cativar pela história, e principalmente, pela brilhante forma como a personagem principal, Mark, foi concebida criando laços de empatia instantanêa e conseguindo gerar momentos hilariantes e imprevisíveis.

Apesar de ter gostado imenso deste livro e de sentido profundamente o cenário proposto pelo autor, este é um cenário aterrador e descrito ao pormenor, escusado será dizer que partes da minha pequena fantasia espacial se desvaneceram por completo mal acabei de ler este livro, pois eu sei que nunca teria as capacidades necessárias para sobreviver e estaria morto três vezes antes de sequer me poder aperceber do que tinha acontecido.

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