Título: O Dia dos Prodígios
Autora: Lídia Jorge
Editora: Dom Quixote
Sinopse:
Editora: Dom Quixote
Sinopse:
O Dia dos Prodígios
(1980), o primeiro romance de Lídia Jorge, foi um importante acontecimento
literário, inaugurando uma nova fase, de grande qualidade, na literatura
portuguesa.
Ocupando um lugar especial na ficção do pós 25 de Abril, este livro
único conta-nos a história da coincidência da misteriosa morte de uma cobra
numa pequena localidade com a revolução - a comunidade, incapaz de reconhecer a
realidade política, adapta a chegada de soldados com cravos nos canos das armas
ao seu mundo imaginário mágico-mítico.
Opinião por André Daniel Silva:
Este livro sem dúvida que me
dividiu…No início a história não me prendeu e o estilo de escrita não é fácil
de entender, o que exige uma atenção redobrada na leitura. Nunca tinha lido
nenhuma obra de Lídia Jorge e confesso que numa primeira fase não foi fácil
gostar do livro.
Depois, com o decorrer da
leitura comecei a sentir-me mais dentro da história e consegui compreender
melhor o estilo de escrita da autora. Comecei então a gostar da história, que
após algum tempo de habituação acaba por ser "entranhada". Aqui cito
Fernando Pessoa com a célebre frase “primeiro estranha-se, depois entranha-se”
e assim foi.
Nesta obra a história gira em
torno da população de Vilamaninhos, uma pequena aldeia algarvia, onde os seus
habitantes expõem as suas práticas diárias, bem como os seus costumes sociais.
As histórias mirabolantes são recorrentes em toda a história, pois pouco havia
a fazer no dia-a-dia, a população era escassa e as casas em número muito baixo.
Assim, a vida dos habitantes desta pequena povoação é o ponto principal da
obra.
Como pontos fortes deste livro
destaco a interessante interacção entre os habitantes de Vilamaninhos que sem
dúvida expunham aquilo que Portugal era no pré-25 de Abril de 1974. A
mesquinhez, a coscuvilhice e o "diz que disse" estiveram presentes ao
longo de toda a obra, daí representar quase fielmente a sociedade portuguesa na
década de 70, sobretudo numa aldeia pequena (algarvia) como era o caso da
fictícia Vilamaninhos.
Pontos fracos elejo os diálogos
em demasia (quase toda a história se centra em diálogos) e os blocos que podem
gerar confusão no leitor. Confesso que em determinadas alturas nem percebia em
que ponto estava tal o emaranhado de diálogos com que me deparava. A pontuação
também não facilitava a leitura e aconselho a quem queira ler esta obra que se
prepare para uma pontuação estranha e que pode gerar confusão.
A oralidade presente na obra
contribui também para que depois de “entrarmos” mesmo na história sirva para nos
sentirmos como parte do diálogo e até dá vontade de interagir com as
personagens e também entrar na história. Há personagens fascinantes com as
quais nos podemos identificar, uns pelo seu humor, outros pelas suas histórias
e até há uma personagem particular que podemos vir a odiar (José Pássaro).
Neste livro está representada a
típica aldeia onde pouco se faz e onde a principal actividade é a agricultura.
Poucas casas e bastante pobreza também foram visíveis ao logo da obra. A
taberna de Matilde era o local onde a aldeia se reunia para falarem uns dos
outros (bem e mal) e onde tudo o que se passava na aldeia era relatado.
Várias famílias foram relatadas ao longo da obra e quase todas elas tinham histórias comuns e com as quais nos identificamos. Destaco Carminha (a protagonista da história), uma rapariga simples e sonhadora, cujo grande sonho era arranjar marido que a levasse para uma vida melhor. Assuntos, como a violência doméstica, o alcoolismo, o medo da mudança e do que é moderno percorreram toda a trama.
A obra apresenta um aspecto muito interessante que se centra no facto de as histórias fantásticas que aconteceram serem mirabolantes e poderem ser entendidas como prenúncio de uma nova Sociedade que estava para vir em que a democracia iria reinar, neste caso tendo por base a Revolução dos Cravos.
Várias famílias foram relatadas ao longo da obra e quase todas elas tinham histórias comuns e com as quais nos identificamos. Destaco Carminha (a protagonista da história), uma rapariga simples e sonhadora, cujo grande sonho era arranjar marido que a levasse para uma vida melhor. Assuntos, como a violência doméstica, o alcoolismo, o medo da mudança e do que é moderno percorreram toda a trama.
A obra apresenta um aspecto muito interessante que se centra no facto de as histórias fantásticas que aconteceram serem mirabolantes e poderem ser entendidas como prenúncio de uma nova Sociedade que estava para vir em que a democracia iria reinar, neste caso tendo por base a Revolução dos Cravos.
Quase no final da obra é possível
verificar a chegada de soldados a Vilamaninhos o que representava a chegada da
liberdade, pois o 25 de Abril já tinha acontecido.
No final, uma mensagem ecoou na minha cabeça e acredito que essa tinha sido a intenção principal de Lídia Jorge na construção desta obra, o futuro de cada um está nas suas mãos e não à mercê de quaisquer sinais ou fenómenos mais ou menos incomuns que o destino nos coloque na frente que era aquilo em que os habitantes de Vilamaninhos acreditavam.
Em suma, recomendo a obra, mas preparem-se para o estilo de escrita que não é fácil de suportar e entender. A obra é curta, cerca de 220 páginas, portanto podemos ler rapidamente. Se pudesse atribuir uma classificação de 0 a 5, atribuiria 4.
No final, uma mensagem ecoou na minha cabeça e acredito que essa tinha sido a intenção principal de Lídia Jorge na construção desta obra, o futuro de cada um está nas suas mãos e não à mercê de quaisquer sinais ou fenómenos mais ou menos incomuns que o destino nos coloque na frente que era aquilo em que os habitantes de Vilamaninhos acreditavam.
Em suma, recomendo a obra, mas preparem-se para o estilo de escrita que não é fácil de suportar e entender. A obra é curta, cerca de 220 páginas, portanto podemos ler rapidamente. Se pudesse atribuir uma classificação de 0 a 5, atribuiria 4.
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