8 de novembro de 2014

Opinião - Puros

Título: Puros
Autor: Julianna Baggott
Editora: Presença

Sinopse:
Depois de uma série de detonações atómicas destinadas a exterminar grande parte da Humanidade, apenas uma pequena elite de puros deveria ter sobrevivido, protegida dentro da Cúpula até que a Terra se regenerasse por completo. Mas não foi isso que aconteceu... Muitos foram os que sobreviveram às explosões, deformados, com mutações terríveis, refugiados entre as ruínas da cidade, num clima de opressão por parte da milícia entretanto formada, que os aterroriza e explora. Pressia Belze é uma jovem de dezasseis anos, uma mutante que tenta fugir à milícia; Partridge é um rapaz da elite, um Puro atormentado pela suspeita de que um plano secreto está a ser desenvolvido pela elite científica da Cúpula. Numa terra devastada, os caminhos destes dois jovens acabam por se cruzar, dois sobreviventes em busca de um futuro menos sombrio, que nem desconfiam do laço secreto que os une…

Opinião por Sofia Teixeira:
A sinopse deste livro deixou-me extremamente curiosa e com vontade de mergulhar numa nova distopia. Contudo, com o folhear das páginas, fui perdendo a alegria com a qual comecei a leitura.

Na sociedade de Puros a tristeza, o desespero e a raiva imperam! Além das memórias de terror e perda, os sobreviventes do lado de fora da Cúpula vivem com lembranças físicas na forma de mutações e deformações do mal que alguém lhes infligiu no passado. Dentro da Cúpula vivem aqueles que estavam protegidos no momento das explosões – os Puros - o que lhes garantiu um corpo sem mutações e a possibilidade de levar uma vida dita normal.

Estes dois mundos são-nos descritos principalmente por duas personagens : Pressia do lado de fora da cúpula e Partridge um Puro.Todavia também são descritos os pontos de vistas de outros intervenientes na história, o que torna a dinâmica do livro mais interessante e abrangente.

O mundo encontra-se para sempre mudado, como sempre fica após grandes actos de maldade e, na passagem desta ideia para o leitor a escritora é muito eficaz. As descrições são feitas de forma crua e a beleza vista apenas pelo olhar mais atento e pelo coração mais aberto.

Porém, tenho de dizer que este livro ficou um pouco aquém das minhas expectativas. Apesar da capacidade descritiva da autora, só comecei a sentir alguma empatia pelas personagens depois do meio do livro. Em alguns momentos, senti que as relações entre as personagens ou se desenvolviam depressa de mais ou não se alteravam de todo, o que por vezes também quebrava um pouco o ritmo.

No entanto, é de louvar a capacidade de descrição da autora, criando um mundo novo, que se materializa à nossa frente quase sem repararmos no que está a acontecer. Aqui reside o grande mérito da obra, na criação de uma nova Terra bastante diferente da que conhecemos agora.

Além do mais, com o aproximar do final do livro a acção foi-se tornando mais rápida, com cada vez mais perguntas a nascerem até, por vezes, das respostas dadas.

Para quem gosta do mundo das distopias, de reflectir sobre a capacidade tanto de força como de maldade do ser humano, aconselho a leitura deste livro.

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