Título: À Solta na Noite
Autor: Sherrilyn Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Sinopse:
É um mundo cruel para os Predadores. O perigo espreita em cada esquina. Não há ninguém em quem possam confiar. Ninguém que possam amar. Não se quiserem continuar vivos...
Wren Tigarian era apenas uma cria órfã quando foi levado para o Santuário. Muitos veem-no como uma aberração - uma mistura proibida de duas espécies, pelo que se tornou um solitário, isolando-se tanto do contacto com os Predadores do Homem como com os humanos. Até conhecer Marguerite Goudeau. Filha de um notável senador dos EUA, Marguerite detesta a farsa social em que é obrigada a viver. Contudo, não tem outra opção senão tentar adaptar-se a um mundo onde se sente uma estranha. O mundo dos humanos nunca devia contactar com o dos Predadores do Homem, que habitam a seu lado, invisíveis, desconhecidos, indecifráveis. Mas para que possa proteger Marguerite, Wren terá de combater não apenas os humanos que nunca aceitarão a sua natureza animal, como também os Predadores do Homem que o querem ver morto. É uma corrida contra o tempo num mundo de magia sem fronteiras que lhes poderá custar não apenas a vida, mas a alma...
Opinião por Sónia Melo:
Sou fã da Sherrilyn Kenyon há já algum tempo. Os seus livros são negros, misteriosos e imensamente românticos.
Os seus heróis são pessoas sofridas, maltratadas e brutalmente traídas por quem mais amavam. Contudo, de algum modo, conseguem manter o coração intacto, ou quase... No fundo, o que mais anseiam é o que todos nós ansiamos: amar e ser amados.
A autora tem por costume criar personagens com um grau de complexidade notável, onde a dualidade da mente humana é explorada com talento e criatividade. Aqui os vilões não são cem por cento maus e os heróis não são tão santinhos assim. Na sua maioria são pessoas especiais, com poderes sobrenaturais que no fundo das suas almas atormentadas não podiam ser mais humanas, com as suas dúvidas, receios, sonhos e esperanças. O seu passado sofrido faz-nos criar uma forte empatia com elas. Fazendo com que as apoiemos em todos os momentos da sua busca incansável pela felicidade.
Wren é o protagonista deste livro. Literalmente um animal solitário. Maltratado e negligenciado pelos próprios pais. Criado numa jaula, como se duma aberração se tratasse. Eventualmente, acabou por acreditar que tinha uma deficiência. Um híbrido de tigre das neves e leopardo que nunca devia ter nascido, isto de acordo com a própria mãe.
Após a morte dos pais em circunstâncias misteriosas, Wren é levado para o santuário, um refúgio onde encontra hostilidade ao invés de acolhimento. Assim, ele vai crescendo na mais reclusa das solidões, na maior das incompreensões, até ao dia em que a conhece. Ela é Marguerite Goudeau, também ela uma solitária.
Maggie vive num mundo que despreza, pautado por frivolidades e falsidades, com o qual nunca se identificou. O seu pai é frio, distante e controlador. Os seus amigos não são realmente seus amigos, à exceção de Nick (desaparecido recentemente). Quando o seu destino se cruza com o de Wren, os dados estão lançados para que estas duas almas solitárias se juntem.
Adorei a dinâmicas entre os dois protagonistas e o modo intenso como a autora nos colocou na pele de ambos. Wren foi, de longe, a personagem mais cativante do livro. Um animal sob a pele de homem. Um predador com um coração bondoso e uma capacidade incrível de se sacrificar pela pessoa que ama para lá de qualquer dúvida.
Em relação às outras personagens, confesso que estou muito curiosa sobre quem é, ou mais exatamente, o que é, Savitar. Palpita-me que os seus segredos devem ser surpreendentes.
De resto, este é um livro muito afastado do mundo dos predadores da noite, onde nos é apresentado o mundo dos predadores do homem, mais propriamente dos Katagaria (animais com a capacidade de se transformar em homens) inimigos mortais dos Arcadianos (homens com a capacidade de se transformar em animais). A autora tem aqui muito material para criar histórias espetaculares e, conhecendo o seu trabalho, sei que as nossas expectativas não serão desfraldadas.
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