Título: A
Ilha de Caribou
Autor: David Vann
Editora: Ahab
Sinopse:
Nas margens de um lago glacial no coração da península de Kenai, no Alasca, o casamento de Irene e Gary está à deriva. Para cumprirem um velho sonho de Gary, decidem construir uma cabana numa ilha deserta. Irene suspeita que o plano de Gary é o primeiro passo para a abandonar e começa a sofrer de dores de cabeça inexplicáveis, sendo atormentada por recordações de um trágico passado familiar. Quando o inverno chega de forma prematura e violenta, o casal vê-se submetido a uma pressão inesperada, terrível. Rhoda, a filha mais velha, receia que alguma coisa possa acontecer aos pais e tenta ajudá-los, mas também ela está a atravessar uma crise pessoal.
Opinião por Andreia Silva:
David
Vann é um novo autor, reconhecido internacionalmente e detentor de prémios, que
curiosamente e apesar de ter nascido no frio Alasca, vive na quente Califórnia.
Parti com zero expectativas para a leitura deste livro, visto não conhecer o
autor nem tão pouco ter ouvido falar da sua obra. É uma das muitas vantagens
que o Clube de Leitura da Bertrand me traz: a apresentação de novas literaturas
por mim antes desconhecidas.
Este
não é um livro de leitura fácil. A escrita do autor é rebuscada, é floreada e o
facto de os diálogos não estarem devidamente assinalados e encontrarem-se
dispersos no meio da narrativa não contribui para a fluidez da leitura. A
história centra-se, basicamente, em pessoas. Em como a vida pode estagnar, como
a vida pode levar uma pessoa perto da loucura, como a vida pode deixar de fazer
sentido e a morte passar a ter mais piada.
Apesar
de não me ter apaixonado pela história e de esta não ter conseguido atrair-me
para aquelas personagens, gostei da forma como o autor descreve. Especialmente
como ele descreve o tempo frio sentido naquela região do Planeta, o Alasca. Não
sei se foi a coincidência de ler o livro numa altura fria, mas o facto é que
aquelas descrições fazem mesmo ter frio como se estivéssemos no meio da neve.
Aliás, todo o livro, tem um teor gélido à sua volta, a começar pelas cores da
capa e a terminar nas relações entre personagens que chegam a ser glaciais. É
um livro que dá a sensação de que ninguém gosta verdadeiramente de ninguém e que
cada pessoa pode apenas contar consigo próprio.
Aquilo
que mais me aborreceu e que ocupa inúmeras páginas do livro são as descrições
cansativas da construção da cabana. Desde a recolha de troncos até ao simples
pregar de um prego, tudo se encontra devidamente detalhado. E quem lê, chega ao
fim, e não consegue entender a mensagem que o autor nos quer transmitir. Porque
é no fundo um livro triste mas acho que não deve ter sido essa a intenção dele.
Mas não passou a mensagem para o lado de cá, pelo menos para mim enquanto
leitora.
Há
coisas que ficam por explicar, há factos que ficam no ar, há aquele final que
não dá um sentido ao livro. Não gostei do final, não me transmite a mensagem
que eu estava à espera depois de uma frieza de livro. Queria encontrar
esperança, mas o gelo permaneceu!
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