15 de maio de 2014

Opinião - A Águia de Sangue

Título: A Águia de Sangue
Autor: Simon Scarrow
Editora: 11 X 17 / Saida de Emergência

Sinopse:
Quando as legiões romanas desembarcaram nas costas britânicas em 43 d.C., o plano era conquistar a ilha em alguns meses e fazer dela mais uma província do império. Mas os deuses tinham outros planos. E um ano depois os legionários continuam a ter pela frente um imenso exército de selvagens liderados por Carátaco, um rei destemido e matreiro. 
Agora, como o Imperador Cláudio precisa de uma vitória urgente para cimentar a sua posição, o momento para esmagar definitivamente Carátaco chegou. Na véspera da grande batalha, os Centuriões Cato e Macro partilham a mesma confiança dos camaradas e sonham com o regresso a paragens mais solarengas depois de derrotarem o líder bárbaro. Mas os deuses voltam a ser caprichosos e a batalha não se desenrola como esperado. Inevitavelmente a culpa desce pela hierarquia até aos dois centuriões e a punição não podia ser mais cruel: um dos amigos terá que matar o outro. 
Depois de anos de fidelidade ao estandarte da águia, será este o fim dos dois heróis?

Opinião por Pedro Miguel Barcelos:
As jornadas de Macro e Cato, dois centuriões ao serviço de Roma continuam. Ainda na Bretanha, os dois amigos têm de enfrentar dois perigos: os nativos da ilha revoltosos e um oficial superior que os pode encaminhar para a morte.

A Águia de Sangue fica marcada por mostrar um lado mais negro (pelo menos tendo em conta os livros anteriores) das legiões romanas. Afinal, o leitor habituado às aventuras de Simon Scarrow já se deparou com diversas personagens que lutam pela honra, e por outras que lutam por interesses próprios, mas, agora, encontra figuras que representam a sede de vingança e a debilidade no exercício de poder.

É interessante observar como a avaliação de bem e mal pode ser tão ténue. Se em volumes anteriores Cato já ponderava sobre a legitimidade da conquista, neste livro esse fator torna-se mais evidente. Existem mais atos cruéis contra o povo nativo, que surgem sem grandes justificações e que lançam as mesmas questões para o honrado Macro.

Contudo, se por um lado é possível ver o interesse e os conhecimentos do autor sobre o Império Romano, por outro não se pode dizer sobre os povos nativos da Bretanha. Existem algumas situações narradas que deixam dúvidas relativamente à veracidade histórica dos factos apresentados, nomeadamente no que toca a crenças religiosas e hábitos de vida.

A linguagem utilizada continua a ser muito acessível e bastante atual. Se, por um lado, este pode ser um fator de agrado, ao mesmo tempo pode ser desaprovado pelo leitor que procura conceitos mais fiéis à época. É divertido ver as personagens tratarem-se da mesma forma que nós hoje lidamos com quem nos é mais próximo, mas é necessário ter a noção de que este não era o tipo de fala usada na época.

Para os fãs da série da Águia, este é um livro que não desilude. A relação entre Macro e Cato continua a ser um ponto fulcral, as batalhas continuam a ser sangrentas, continuam a existir jogos de poder e o final sugere uma ligeira mudança para as próximas obras. 
 

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