26 de abril de 2014

Opinião - Esmeralda Cor-de-Rosa

Título: Esmeralda Cor-de-Rosa
Autor: Carlos Reys
Editora: Papiro

Sinopse:
Quem tem ideais na vida terá, certamente, um ou mais mentores que como faróis, lhe indicarão rumos certos de rota e escolhos a evitar. Raramente o mentor será um modelo de conduta tão abrangente que se ajuste a todas as facetas da vida. Assim podemos ter mentores no campo da vida familiar, da vocação profissional, da vida artística, da vida amorosa e até na vida religiosa.

O autor, Carlos Reys, adaptou um mentor ficcional, Guilherme Esteves, que o terá inspirado para a vida e que ele escolheu como personagem condutor de uma saga de pessoas que preenchem o tempo que vai do após a Primeira Guerra Mundial até aos nossos dias e cujas existências vão colorir uma cidade portuguesa, banhada por um rio que é fonte de sustento e de evasão de um Portugal oprimido até à libertação do 25 de Abril de 1974.Não sendo um livro histórico o retrato das personagens que o habitam é pelas suas características uma referência da sociedade média de Portugal do século XX.

Opinião por Miguel Bernardino Nunes:
Em primeiro lugar sinto-me na obrigação de salientar a enorme simpatia do autor não só por ter disponibilizado um exemplar para passatempo no blogue e outro para a leitura mas também pela gentileza das suas palavras nas breves conversações que tivemos por via de email. Falemos então do que realmente interessa.

Não é fácil definir esta obra. Mas é fácil de exprimir o prazer que esta me proporcionou. Com este seu primeiro romance fica uma pergunta: Porquê só agora? O talento para as artes de Carlos Reys é inegável e após ler este seu primeiro romance verifico que para as letras o mesmo acontece. O autor revela uma sensibilidade de escrita e uma habilidade apenas comum naqueles que já produzem esta arte há muito tempo.

Carlos Reys através de histórias paralelas que se coadunam entre si constrói um enredo interessantíssimo que prende o leitor desde a primeira à última palavra. Do título provém uma das personagens principais, Esmeralda Cor-de-Roda que enriquece este livro com a sua aparência física mas também com o seu carácter e personalidade. Mas engane-se o leitor que pensa que é apenas este o foco do livro. Neste livro existem também Sara, filha de Violeta (ou não) e Elias (ou não). Os atentos vizinhos Faustino e Natália que acodem Violeta sempre que o bêbado Elias parte para mais uma jornada de copos. A astuta parteira com atitudes polémicas mas realizadas de boa fé. O simpático Figas que deixa todo e qualquer leitor comovido depois do seu trágico destino. Guilherme Esteves, o sábio mentor do autor que nos entretém e nos deixa boquiabertos com as suas incríveis histórias. E de história também trata o livro. São abordados temas como a Segunda Guerra Mundial ou o 25 de Abril. O conhecimento histórico do autor e a veracidade dos factos que aborda são também impressionantes e denotam a pesquisa que foi feita quando da escrita deste romance. Merecem sem dúvida destaque as descrições que o autor faz das personagens que foram certamente muito trabalhadas. Não só as características físicas dos intervenientes são abordadas mas também o psicológico de cada um e as suas vicissitudes. As histórias interagem entre si harmoniosamente interligando elementos de umas para as outras que estão perfeitamente ligados de modo a construir um enredo lógico.

Apesar de ser um romance triste onde os protagonistas conhecem quase todos destinos menos favoráveis, senti-me feliz a ler as palavras de Carlos Reys. Senti que era a realidade aquilo que estava a ser escrito (e de certa forma é) e senti-me próximo do que estava a ler. Fiquei mesmo muito satisfeito com esta leitura e aguardo ansioso mas paciente por mais notícias de Carlos Reys no mundo da literatura. Entretanto, acompanhemos todos as suas diferentes obras de arte.

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