16 de março de 2014

Opinião - A rapariga que roubava livros

Titulo: A rapariga que roubava livros
Autor: Markus Zusak.
Editora: Presença

Sinopse:
Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

Opinião por Filipa Monteiro:
Terminei este livro e. . . não há palavras.
A história, as personagens tão reais e descritas duma maneira invulgar, os locais tão bem representados, as relações, a empatia, o tempo, as amizades, o amor, a família. . .
E não posso também deixar de referir a capa tão bem ilustrativa deste livro, nela aparece a morte a saltar, brincar com uma menina e nesta capa está resumido o livro. Não poderia ser mais adequada. Este livro é PERFEITO.
A classe baixa e a rica são narradas minuciosamente.
Na classe baixa conhecemos Liesel, uma menina diferente. Uma menina que aos 10 anos já tinha perdido a sua família, uma menina que já tinha sofrido o que nenhuma menina com a idade dela merece.
Uma menina que é entregue a uma família adoptiva (os Hubermann) no tempo em que rolava a segunda guerra mundial e em que, nada era intocável. . . Hans e Rosa, os pais adoptivos dela, (Rosa com uma personalidade irascível e com cara de poucos amigos, mostrando-a principalmente a quem mais gostava, uma mulher com um coração enorme e sempre pronta a ajudar e Hans, um homem com olhos de prata, que lhe ensinou a ler, que tocava acordeão, que quando se enganava ao fazê-lo dava uma gargalhada como mais ninguém o sabia fazer e continuava a tocar, que gostava de cigarros, champanhe no verão e do seu trabalho - pintor).
Nesta classe, conhecemos também Rudy, o melhor amigo de Liesel. Um amigo que vai ansiar pelo seu primeiro beijo. Um amigo que vai partilhar as suas diabruras típicas da idade com ela e com Tommy. O terceiro amigo.
Rudy irá participar em vários roubos com Liesel. Lembrem-se, esta era uma altura em que havia falta de TUDO.
Há várias outras personagens que são igualmente importantes e singulares, para os conhecerem têm de ler.
A classe alta é sobretudo representada pelo presidente da câmara e a sua mulher, esta, com um papel fundamental na história, pois possui uma biblioteca pessoal. . . podem fazer o paralelismo com o título do livro. . .
Rosa, ganha o sustento lavando e passando roupa para as pessoas da classe alta e não da sua rua, a rua Himmel (que significa: CÉU), Liesel começou a acompanhá-la no seu serviço e foi assim que ficou amiga da mulher do presidente da câmara.
Um à-parte, nesta altura, existiam ataques aéreos a toda a hora em várias partes e, ninguém vai bombardear uma rua que se chama céu, pois não?
Hans, pintor de profissão e acordeonista nas horas vagas (toca, quando pode em bares para mais uns trocos) já presenciou a primeira guerra mundial. Nessa guerra fez amigos judeus e foi aí que aprendeu a tocar acordeão. Esta é a segunda guerra e vai ter de participar nela por erros imperdoáveis no tempo do fuhrer. . .
Por fim, falo então de Max, um homem que não fez nada de errado, para além de que, é judeu. . . tem uma capacidade de sonhar e um poder com as palavras que ninguém lho tira. Max vai tornar-se um grande amigo de Liesel, a menina alemã. . . como é que eles se conheceram? Leiam.
LIESEL, ROUBOU O SEU PRIMEIRO LIVRO NUMA SITUAÇÃO QUE LHE VAI SERVIR DE RECORDAÇÃO. O seu primeiro livro roubado é acima de tudo uma recordação de um tempo e de umas pessoas, aquele livro cheira a família. . .
O segundo livro é roubado duma fogueira de livros, uma fogueira de livros e objectos relacionados com judeus. . . etc. . . CADA LIVRO ROUBADO, TEM UM SIGNIFICADO. . .
Max, o judeu, vai-lhe oferecer a mais bela das prendas. . . Liesel vai corresponder. . .
Lembrem-se, este é um livro narrado pela MORTE e estamos na segunda guerra mundial. . .
A morte, de vez em quando, anda com a história para a frente e conta-nos acontecimentos que só vão acontecer em capítulos mais à frente, para nos acalmar e amortecer a queda dos acontecimentos. . .
Sorri, ri, senti angústia e tristeza. Chorei.
LINDO. Por mais que escreva nunca vou conseguir fazer jus a um livro tão lindo como é este. Recomendo a toda a gente, este livro NÃO pode deixar de ser lido NUNCA.
Um livro para sempre no meu coração.

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