28 de março de 2014

Opinião - Mil sóis resplandecentes

Título: Mil sóis resplandecentes
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
Há livros que se enquadram na categoria de verdadeiros fenómenos literários, livros que caem na preferência do público e que são votados ao sucesso ainda antes da sua publicação. Há já algum tempo que se ouvia falar de Mil Sóis Resplandecentes, do afegão Khaled Hosseini, depois da sua fulgurante estreia com O Menino de Cabul, traduzido em trinta países e agora com adaptação cinematográfica em Portugal. A verdade é que assim que as primeiras cópias de Mil Sóis Resplandecentes foram colocadas à venda, o romance liderou o primeiro lugar nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Holanda, Itália, Noruega, Nova-Zelândia e África do Sul, estando igualmente muito bem classificado no Brasil e em França. A própria Amazon americana afirmou que há muito tempo não tinha visto um entusiasmo tão grande a propósito de um livro. Devido ao elevado número de encomendas, nos Estados Unidos, foram realizadas cinco reedições ainda antes do livro chegar às livrarias e na primeira semana após a publicação, já tinham sido registadas um milhão de cópias em circulação. É pois um caso verdadeiramente arrebatador que combina preferências populares potenciadas pelo efeito de passa-palavra às melhores críticas internacionais. Confirmando o talento de um grande narrador, Mil Sóis Resplandecentes passa em revista os últimos trinta anos no Afeganistão através da comovente história de duas mulheres afegãs casadas com o mesmo homem, unidas pela amizade e pela dor proveniente dos abusos que lhes são infligidos, dentro e fora de casa, em nome do machismo e da violência política vigente durante o regime taliban, mas separadas pela idade e pelas aspirações de vida. Um livro revelador, que aborda as relações humanas e as reforça perante reacções de poder excessivo e impunidade.

Opinião por Filipa Monteiro :

"Não se podem contar as luas que brilham sobre os seus telhados,
Nem os mil sóis resplandecentes,
que se escondem por trás dos seus muros."

Não aconselho este livro a pessoas com o coração fraquinho e que não possam sofrer emoções intensas.
Não aconselho a quem como eu, se debulha em lágrimas com histórias de devastação, coragem, determinação, violência, caos, injustiça e actos de nobreza.

Este livro passa uma mensagem sobretudo de força e sobretudo de amor. Não sei quantas vezes tive de parar de ler, levantar a cabeça e exclamar: Meu Deus!
É um testemunho tão rico de histórias de vida que passaram por tudo, passaram por tudo e de alguma maneira vão conseguindo sobreviver. O autor descreve um cenário de devastação e tão pormenorizado que eu consegui ver pelos seus olhos aquilo que me queria contar.
Descreve os cenários de destruição que o Afeganistão suportou (e ainda suporta) de forma tão triste e ao mesmo tempo resignada, que apela ao nosso coração. Uma coisa que antes era vista por mim como mais cenários de horror na tv, não sei como, passei a ver com outros olhos. Penso que irei olhar, com olhos de ver quando vir as próximas notícias. . .

Sem querer dizer nada do que se passa neste belíssimo livro, tenho de referir que há mortes. Muitas perdas. Muitos sentimentos de impotência. Uma fidelidade. . . amizades que duram e duram e duram. . . na desolação. Uniões que se fazem improváveis que tocam o coração e a alma.

Tenho de falar de Laila. E de Mariam. E de Tariq.
Laila, uma menina filha de um professor universitário. . .
Mariam. . . uma harami (uma bastarda). . .
Tariq, amigo de infância de Laila. . .
Rashid. . . . . . . . . .

Este livro acompanha estas personagens ao longo de anos. Acompanhamos os seus crescimentos. Assim como o que acontece nos seus seios familiares. O que irão ser obrigados a fazer. . .

Sacrifícios. Tenho de falar de sacrifícios ao falar neste livro. São vidas feitas de sacrifício. De tolerância.

Tenho de falar dos talibans. . . meu deus, mas porque se criaram tamanhos grupos. Rapazinhos criados para imporem o mal. . .
Na destruição campos criados para miúdos treinarem para ser mártires.
Lares devastados. Escolas proibidas. Condições de miséria para as mulheres. . . hospitais sem nada. . .
Tudo o que o povo do Afeganistão teve de fazer ao serem invadidos pelos Soviéticos. . .

Este livro tocou-me avassaladoramente.

Está dividido em quatro partes.
Escrita fluida e com grandes doses de sentimento nú e crú.

Foi um livro que comecei a ler porque foi uma prenda de uma amiga minha. Amiga essa que leu este livro há muito tempo, o adorou e desde então me anda a dizer para lê-lo, que me empresta. Eu, feita parva e burra como sou, ia sempre passando o livro para trás, não sei, pensava que não era dos que eu gostava, tinha essa sensação.
Agora, por um lado foi bom, não ter aceitado o empréstimo, pois, se tivesse acontecido, agora, tinha de ir a correr comprá-lo porque queria-o ter na minha estante.
Assim, comecei a lê-lo por causa dela e sem expectativas. . . o que eu andava a perder!!

Um livro precioso que me tocou de todas as maneiras que me podia tocar.
Estou com o coração apertado.
Um livro que é um dos meus favoritos do top 10.

Aconselho.
Aconselho.
Aconselho.
e. . .
Aconselho.

Peço desde já, desculpa pela opinião gigantesca, mas fico sempre assim quando me deparo com um grande livro que não sei o que escrever e depois só engonho. . .

"José regressará a Caná, não chores,
Casebres, transformar-se-ão em roseirais, não chores,
Se um dilúvio vier afogar tudo o que vive,
Noé será o teu guia no olho do furacão, não chores."

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