18 de março de 2014

Opinião - As Horas

Titulo: As Horas
Autor: Michael Cunningham
Editora: Gradiva

Sinopse:
Prémio para melhor filme e melhor actriz 
As Horas: o grande vencedor dos globos de Ouro 

O filme As Horas, baseado no premiado e homónimo romance de Michael Cunningham, acabou de ser galardoado com dois Globos de Ouro nas categorias de Melhor Filme de Drama e Melhor Actriz (Nicole Kidman). 
Com realização de Stephen Daldry e argumento de David Hare, o filme conta, para além da surpreendente Nicole Kidman, que interpreta o papel de Virginia Wolff, com as brilhantes interpretações de Meryl Streep (Clarissa Vaughan) e de Julianne Moore (Laura Brown). A estreia em Portugal está marcada para o próximo dia 14 de Março. 
Leia o livro antes de ver o filme! 

"O livro vencedor do Pulitzer não é uma reescrita, é um mergulho no abismo de Virginia Woolf, que traz à tona o que faz dele uma obra: o abismo singular do seu autor, com o seu próprio poeta demente (Richard, que podemos fazer equivaler a Septimus, mas também a Virginia), os seus beijos inesquecíveis (o de Clarissa e Richard, junto a uma lagoa, ao crepúsculo, e, sobretudo, o de Laura e Kitty, ajoelhadas no chão de uma cozinha na Los Angeles do pós-guerra), a sua cidade (da West e da Greenwich Villages, com os seus quiosques de flores, os seus garotos de patins, a sua experiência da sida, a sua sexualidade difusa, as suas horas monótonas, o seu brilho incandescente, as suas horas de desistir e as suas horas de ressuscitar), a Manhattan em que em vez do primeiro-ministro ou da Rainha as estrelas que suscitam burburinho quando saem à rua são Meryl Streep, Vanessa Redgrave ou Susan Sarandon, e em que a filha de Clarissa já não passeará etérea no vestido justo mas usará ténis como tijolos, um piercing e cabelo rapado" 
Alexandra Lucas Coelho, Jornal Público

Opinião por Pedro Jesus:
"As Horas", obra que valeu a Michael Cunningham os mais importantes prémios literários de 1999, nomeadamente o Pulitzer e o prémio Pen/Faulkner, é um livro que nos marca. Marca-nos pela forma como as personagens são apresentadas, pessoas que procuram viver e simultaneamente libertarem-se da vida . Marca-nos pelo estonteante desfile de emoções sentidas, que vão desde a paixão ao ódio, da felicidade ao desespero. E em última análise, marca-nos por ecoar lirismo em cada frase impressa.
Michael Cunningham inspirou-se na vida da escritora Virginia Woolf para seguidamente traçar o retrato de três mulheres de diferentes épocas e locais. Entramos em contacto com a própria Virginia Woolf, que em 1923 se encontra em Richmond e prepara o romance "Mrs. Dalloway". No ano de 1949, Laura Brown, uma dona de casa, em Los Angeles, procura ler o seu exemplar deste mesmo livro, como forma de escapar à sua rotina diária. E em Nova Iorque, no final do século XX, Clarissa Vaughan, uma editora literária, prepara uma festa em honra de Richard, o poeta e seu amigo que a apelidou de Mrs. Dalloway e que actualmente luta contra a SIDA.
É em torno destas mulheres, unidas pela sombra omnipresente de Mrs. Dalloway, que se estabelece uma complexa teia de relações, a qual só será plenamente revelada no final do livro.
À volta deste enredo central, Cunningham reflecte ainda sobre o empenho artístico, conferindo um imenso respeito à relação que se estabelece entre o escritor e os seus leitores.
 

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