12 de março de 2013

Opinião - A Muralha de Gelo

 
Título: A Muralha de Gelo
Autor: George R. R. Martin
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:
Estes são tempos negros para Robert Baratheon, rei dos Sete Reinos. Do outro lado do mar, uma imensa horda de selvagens organizou-se para invadir o seu reino. À frente deles está Daenerys Targaryen, a última herdeira da dinastia que Robert massacrou para conquistar o trono. E os Targaryen são famosos pelo seu rancor e crueldade... Mais perto, para lá da muralha de gelo que se estende a norte, uma força misteriosa manifesta-se de maneira sobrenatural. E quem vive à sombra da muralha não tem dúvidas: os Outros vêm aí e o que trazem é bem pior do que a própria morte... Ainda mais perto, na Corte, as conspirações continuam. O ódio entre as várias Casas aumenta e desta vez o sangue vai jorrar. E quando parece que nada pode piorar, o rei é ferido mortalmente numa caçada. Terá sido um acidente ou um assassinato? Seja como for, uma coisa é certa: a guerra civil vem aí! 

George R. R. Martin prova porque é o maior escritor de fantasia da actualidade. Com uma imaginação poderosa, escrita inteligente e personagens cativantes, volta a deixar o leitor rendido e a ansiar por mais. Se gosta de um romance histórico épico, de um thriller arrepiante, de uma aventura emocionante, de uma fantasia credível e, em suma, de uma grande leitura... então este livro é para si.

Opinião por Vitor Caixeiro:
Ficou claro em A Guerra dos Tronos que um conflito de grandes dimensões estava cada vez mais perto de surgir. Todas as desavenças entre as diferentes Casas dos Sete Reinos travadas no passado e aquelas que silenciosamente se travam no presente não deixam margem para uma solução pacífica. Torna-se cada vez mais difícil saber no que confiar e a quem confiar. Quem são os amigos que escondem a sua verdadeira vontade de triunfar, ou quem serão os inimigos que poderão ter algo de bom a oferecer? As dúvidas são pertinentes e constantes, e só a guerra saberá como desvendá-las.

Neste segundo volume, que na verdade faz parte da segunda metade da edição original de A Guerra dos Tronos, assiste-se ao início da verdadeira guerra. O clima que se instala em cada recanto do reino profetiza violência e sangue, e é cada vez mais sombrio. Se, por um lado, acontece aquilo que é inevitável, não sendo por isso menos surpreendente, também aquilo que seria impensável, verdadeiramente impensável na introdução de uma saga composta por tantos volumes como esta, acaba por acontecer. Estes momentos tornam a obra de Martin aliciante e igualmente revoltante, demonstrando como a verdade pode ser dura e crua, mas que é importante saber aceitá-la e seguir em frente.

Nota-se uma forte evolução em praticamente todas as personagens. Nelas revê-se um espírito mais seguro e forte dado a situação que enfrentam. As personagens mais jovens, nomeadamente Arya, Jon, Bran, Sansa e Robb, começam a revelar um nível de maturidade que ultrapassa o que deveriam apresentar na sua idade. Sendo filhos de Eddard e Catelyn Stark, os seus valores nada escapam à justiça e lealdade que lhes foram ensinadas, e no entanto esses ensinamentos de nada servem no que toca a vencer uma batalha na qual a principal arma é a corrupção, como os factos deste livro comprovam. Ainda assim, Daenerys foi a personagem que mais surpreendeu devido ao seu crescimento repentino e instinto de liderança que assumiu. A criança que nela existia cede lugar a uma mulher decidida, astuta e ciente do seu lugar. Quanto à outra personagem fortemente patente, o anão Tyrion, agradou-me a sua perspicácia já de si característica. Esta é daquelas figuras que sabemos onde pertence o seu sangue mas não onde pertence o seu coração. Apesar de pertencer a uma grandiosa Casa, a sua diferença faz com que, em determinados momentos, haja a dúvida em saber que lado contará com o seu apoio. Penso que Martin ainda terá muito a explorar com esta personagem.

Apenas com estes dois volumes o leitor percebe que a escrita de Martin não se assemelha em nada ao que habitualmente se vê dentro ou fora deste género. Cuidadosamente trabalhada e ainda assim constantemente desafiadora, o autor não deixa espaço para interiorizar os acontecimentos numa narrativa que é imparável, frenética e apelativa. Sucessivamente são apresentadas respostas a questões que antes aparentavam ser importantes mas que de facto no momento perdem a sua importância perante novas questões. Todo este mecanismo mantém o mistério que é fundamental ao longo da história.

De destacar ainda os laivos de fantástico que começam a surgir no final deste volume. É algo que estou verdadeiramente curioso para conhecer em próximas obras, pois na verdade aparenta ser um factor que se tornará fulcral no futuro.

A Muralha de Gelo retrata as duras realidades que se enfrentaram e as que se enfrentam, e introduz ainda parciais ideias do que haverá para enfrentar no futuro quando a grande guerra rebentar. É pronunciada a certeza de que o povo dos Sete Reinos não avistará tão depressa a tão desejada paz. De facto, O Inverno está a chegar.

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