Título: Demência
Autor: Célia Correia Loureiro
Editora: Alfarroba
Sinopse:
No seio de uma aldeia beirã, Olímpia Vieira começa a sofrer os sintomas de uma demência que ameaça levar-lhe a memória aos poucos. A única pessoa que lhe ocorre chamar para assisti-la é a sua nora viúva, Letícia. Mas Letícia, que se faz acompanhar das duas filhas, tem um passado de sobrevivência que a levou a cometer um crime do qual apenas a justiça a absolveu.
Perante a censura dos aldeões, outrora seus vizinhos e amigos, e a confusão mental da sogra, Letícia tenta refazer-se de tudo o que perdeu e dos erros que foi obrigada a cometer por amor às filhas. O passado é evocado quando Sebastião, amigo de infância de Olímpia, surge para ampará-la e Gabriel, protagonista da vida paralela que Letícia gostaria de ter vivido, dá um passo à frente e assume o seu papel de padrinho e protector daquelas três figuras solitárias…
Perante a censura dos aldeões, outrora seus vizinhos e amigos, e a confusão mental da sogra, Letícia tenta refazer-se de tudo o que perdeu e dos erros que foi obrigada a cometer por amor às filhas. O passado é evocado quando Sebastião, amigo de infância de Olímpia, surge para ampará-la e Gabriel, protagonista da vida paralela que Letícia gostaria de ter vivido, dá um passo à frente e assume o seu papel de padrinho e protector daquelas três figuras solitárias…
Opinião por Andreia Silva:
A
literatura nacional tem vindo a crescer e, felizmente, no sentido positivo. É
de dar os parabéns a estas novas editoras que se comprometem a tirar da gaveta
manuscritos e sonhos.
Célia
Correia Loureiro oferece-nos este "Demência" onde somos incitados a
mergulhar na história de Olímpia e de Letícia, duas mulheres que não se
suportam, que têm gerações de diferença, mas que no fundo são iguais e por
isso, por compreenderem as dores de cada uma, chocam.
É
incrível pensar que em pleno século XXI ainda haja mentes tão retrógradas e
que, naquela aldeia, se pense como no século passado. Porque eu sei que isto é
ficção mas é um ficção que espelha a realidade, infelizmente. Durante todo o
livro indignei-me com aquela mesquinhez e aquele pensar pequenino daqueles
aldeões, apesar de saber que não têm culpa mas têm a desculpa do "sempre
foi assim".
Adorei
as meninas: a Luz e a Maria! A Luz é tão forte e aquela protecção que ela
exerce sobre a irmã mais nova e, muitas vezes, sobre a mãe é enternecedora e
tenho a certeza que ela será uma grande mulher. Sim, este livro fez-me querer
saber mais sobre as personagens, mas tenho a certeza absoluta de que o futuro
dela só pode ser feliz! E a Maria imagino-a como uma criança que dá vontade de
apertar as bochechas. E nome melhor não poderia ter sido escolhido.
Isto
não é apenas um relato da demência que a doença de Alzheimer traz à vida de uma
pessoa, mas também é um relato de violência doméstica e de sobrevivência.
Porque a demência não existe apenas quando a doença bate a porta, por vezes a
demência de uma pessoa manifesta-se quando ela agride física e psicologicamente
quem, supostamente, deveria cuidar.
É um
livro extremamente bem pensado, bem construído e, acima de tudo, extremamente
bem escrito. É um gosto ler livros de uma escritora tão nova deste calibre. E
saber que por ela ser tão nova, iremos ter muitos anos de livros do nível deste
"Demência"!
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