23 de janeiro de 2013

Os Livros de Janeiro de 2013



Um «diário» composto por reflexões de um autor e professor universitário que sempre recusou conformismos e cobardias, não temendo apontar o dedo e chamar as coisas pelos nomes. Ao estilo de As Farpas, de Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, são apontados, nomeados e contextualizados os «podres» da nação, não se poupando nenhuma classe nem nenhum interesse instituído. Nas palavras de Alexandre Herculano, em citação escolhida pelo autor: «Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las...». Um livro que é o retrato que o Autor faz da época que vivemos..
«Fora de Colecção», 284 pp., € 14,00 . € 12,60



O papel do livro e da cultura na sociedade actual e numa altura em que se aventa ou teme a extinção de ambos. Com enorme elegância de expressão, o autor, personalidade destacada na defesa do livro em França, demonstra a importância de uma cultura literária não elitista, que não confunde com «populismo cultural»: «[...] não há portanto ‘cultura popular’ nem ‘cultura elitista’: há obras que exaltam, elevam, transcendem, embelezam, engrandecem, acrescentam, e outras que diminuem, rebaixam, aviltam, condenam à estagnação. O cúmulo do mal-entendido, ou da cobardia ambiente, é que um grande número de ‘meios de comunicação’ e de divulgação escolheu com cinismo (pois os seus promotores não são imbecis a tal ponto; são simplesmente criminosos) promover a todo o custo o ‘populismo cultural’ [...]. O livro, quando se mantém no espaço específico da sua vocação intrínseca, ainda é este objecto de sentidos e de pressentimentos que veicula o melhor que a humanidade tem a propor a si mesma. É ele que ainda persiste, hoje, em justificar que o Homo sapiens sapiens continue a poder avaliar-se um pouco acima, em consciência e em aspirações, dos seus vizinhos de patamar à escala terrestre.»
«Fora de Colecção», 206 pp., € 9,00 . € 8,10

Resultante de um projecto de investigação apoiado pela FCT e desenvolvido na Escola Superior de Teatro e Cinema, esta obra responde às mais diversas perguntas relativas ao estado do cinema em Portugal, sendo também um retrato intergeracional dos agentes criativos que definem os perfis sui generis da cinematografia portuguesa nos primeiros anos do século XXI.
«Artes e Media», n.º 4, 580 pp., € 50,80 . € 45,72



DESTAQUES

A falsa ciência que circula na internet, nos media, que se vê no supermercado e até – pasme-se! – na escola; a falsa ciência na saúde e a falsa ciência na própria ciência. Num livro bem-humorado e muito esclarecedor, os autores desmontam alguns «factos» pseudocientíficos que se construíram e alimentam no nosso quotidiano. Como eles próprios afirmam, «se a ciência pode ser divertida, a pseudociência é garantidamente muito divertida». Uma leitura informativa que expõe os logros mais actuais.
«Ciência Aberta», n.º 196, 276 pp., € 12,00,  € 10,80

Serena Frome é aliciada para os Serviços Secretos no seu último ano em Cambridge. Numa missão secreta, imerge no mundo literário de Tom Haley. Começa a gostar do jovem escritor. Conseguirá ela manter a ficção da sua vida oculta? Ian McEwan, numa escrita elegante e cheia de destreza, deslumbra-nos nesta empolgante história de traição e intriga, amor e o «eu» ficcionado.
«Obras de Ian McEwan», n.° 16, 388 pp., €15,00 . €13,50

Um livro admirável em que Vasco Graça Moura, um dos mais destacados poetas portugueses, dialoga, em verso, com o texto camoniano, iluminando, esclarecendo e exaltando o canto originário. Através de um perfeito equilíbrio entre a reescrita modernizadora e a fidelidade à estrutura e aos significados da epopeia de Camões, Vasco Graça Moura assina uma obra indispensável a professores, educadores e jovens, para a compreensão fluída, correcta e abrangente de Os Lusíadas pelas novas gerações.
«Fora de Colecção», n.º 370, 160 pp., € 10,00 . € 9,00

Fi, a curiosa relação matemática conhecida como «número de ouro», foi definida por Euclides há mais de dois mil anos. Tem surgido nos sítios mais espantosos: conchas de moluscos, girassóis, cristais de certos materiais e formas de galáxias. Crê-se que esteja presente na Mona Lisa de Leonardo da Vinci e n’O Sacramento da Última Ceia de Salvador Dalí, estando supostamente relacionada com o comportamento das Bolsas. Relatando histórias de pessoas obcecadas com o fi (Johannes Kepler, Debussy, Le Corbusier e Bartók) e conjugando a matemática e a arte, Mario Livio revela um mundo onde ordem, beleza e mistério sempre coexistiram.
«Ciência Aberta», n.° 195, 392 pp., €18,00 . €16,20

Com o relato, por um dos autores, da descoberta recente de um planeta com massa semelhante à da Terra. Este livro conta a fascinante história da descoberta dos planetas. Dos planetas do nosso sistema solar, mas, sobretudo, daqueles que se acharam desde 1995 a girar em torno de estrelas distantes. Desde então o velho sonho de filósofos gregos, clérigos heréticos e astrónomos arrojados tomou corpo nas centenas de planetas extra-solares que a moderna investigação astronómica detectou na Via Láctea. Escrito por um dos protagonistas destas descobertas, o astrofísico Nuno Cardoso Santos, e por dois divulgadores da astronomia, Luís Tirapicos e Nuno Crato, este é um relato dos avanços e recuos da ciência, de frustrações e conquistas, e, em última análise, da busca contemporânea por outras formas de vida no universo
«Ciência Aberta», n.º 197, 248 pp., € 15,00 . € 13,50

Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego, A Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos reserva o futuro.
«Fora de Colecção» n.º 379, 592 pp., €22,00, € 19,80

Um início de milénio pródigo em «passos de caranguejo»... Aquilo para que caminhamos, se não invertermos a marcha. Relançamento esperado, numa excelente tradução revista.
«Fora de Colecção», n.º 378, 492 pp., € 22,00 . € 19,80

Nesta obra é investigada a possibilidade de uma biografia de Jesus, reflecte-se sobre a relação deste com o dinheiro, a política, a Igreja, as religiões, as mulheres. Pela abrangência de temas abordados, a competência científica dos autores, a actualidade e honestidade da investigação, a força do confronto entre a fé e o mundo contemporâneo em crise global, esta é seguramente a obra mais importante sobre Jesus publicada em Portugal.
«Fora de Colecção», n.º 380, 312 pp., € 15,00, € 13,50

A Gradiva continua a editar a obra singular do que é, sem dúvida, o mais informado e penetrante pensador da cultura portuguesa.

«A definição de Humanismo percorre vários campos: filosófico, religioso, social, estético. O conhecimento crítico das fontes textuais, a partir de línguas e ciências restauradas, embate contra a Escolástica, que tão-só comentava, parafraseava, especulava, interpretava formalística e alegoricamente alguns corpora. Isso tem efeitos na revisão de Aristóteles, mas também na releitura do Novo Testamento, a partir de manuscritos gregos anteriores à Vulgata latina. Busca-se a pura mensagem evangélica alheia aos ‘comentários dos teólogos [...].» ERNESTO RODRIGUES, in Introdução
«Obras de António José Saraiva», n.° 22, 224 pp., €14,00 . €12,60

Um diálogo sobre Portugal entre um grande pensador e um «entrevistador» ideal, que torna a conversa estelar
«Fora de Colecção», n.º 381 . € 14,50 . € 13,05

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