19 de setembro de 2012

Opinião - A Rapariga que Roubava Livros

Título: A Rapariga que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak
Editora: Presença
 

Sinopse:
Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

Opinião por Clarinda Margarida Morais Cortes:
Parti para a leitura deste livro com a ideia de que ia gostar, obrigatoriamente! Tudo o que li sobre ele era tão positivo que me senti mal, no início, quando estranhei um pouco o estilo diferente da narrativa. No entanto, logo nos primeiros capítulos fiquei presa na narrativa da Morte (sim, este livro é-nos narrado pela boca dessa Senhora), uma narrativa peculiar, que vai da ironia à perspicácia, passando por períodos de reflexão, de indiferença, passando até pela bondade. Fiquei deveras sensibilizada com a Morte, por esta ser tão observadora, crítica e até bondosa com as almas que tem de levar, em particular com as mais inocentes.

Nesta narrativa acompanhamos o caminhar pela vida de Liesel, desde os seus 11 anos, altura em que perde a sua família de raiz e que integra uma nova família, afeiçoando-se quase instantaneamente ao seu novo pai. É uma menina como qualquer outra, com os seus receios, medos, inocência, amizades, traquinices e lealdade sem limites. É uma menina que adora ler. Para ela as palavras são vida e morte, são amor e ódio, são condenação e perdão, são construção e destruição, são silêncio e grito! Para as ter, para as devorar, para as sentir, Liesel rouba livros e não vê nesse ato nada de condenável, mas sim de alimento para a sua vida, para a sua alma.

O facto desta história decorrer durante a 2ª Guerra Mundial, na Alemanha Nazi, dá a este livro um cariz histórico que não podemos ignorar. Por um lado traz-nos o horror da guerra, a morte, as privações, os medos, as incertezas; por outro a luta, a vida, a esperança, o querer, a união, a humanidade. É claramente um livro de sensações!

Toda a história narrada, e todas as personagens criadas, são de tal maneira belas, envolventes, humanas, e reais que não nos é difícil criar ligações com elas, partilhar das suas alegrias e tristezas, dos seus medos e sonhos, ligações essas que nos ficam para lá do final do livro, que nos envolvem e nos acompanham durante algum tempo e que depois vêm à tona em momentos muito especiais.

É um livro para viver e sentir, para partilhar e para guardar num espaço muito especial da nossa alma!

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