Título: Inventar a solidão
Autor: Paul Auster
Editora: Asa
Sinopse:
Num registo íntimo e pessoal, Paul Auster evoca aqui algumas
experiências da sua infância, quando as tentativas (e os frequentes
fracassos) de relacionamento com o pai marcavam uma rotina familiar
difícil. E, paralelamente, a sua própria experiência enquanto pai.
Por vezes comovente, outras vezes hilariante, "Inventar a Solidão" é um
mergulho no mundo das emoções genuínas e da sentimentalidade. Há neste
livro experiências com as quais todos nos podemos identificar – quer
como filhos, quer como pais – e considerações sobre a verdadeira
natureza das relações familiares. Um livro sobre a família como só
Auster podia escrever – experimental mas sempre sentido, capaz de evitar
sentimentalismos sem ser sentimentalmente frio. Uma leitura excelente
tanto para a já numerosa legião de seguidores do trabalho de Paul
Auster, como para os recém-chegados à sua obra.
Opinião por Catarina Alves Domingos:
Considero uma primeira parte
muito bem conseguida. Pelo fato de o autor descrever e falar na primeira pessoa
de acontecimentos passados, presentes, memórias e sobretudo da sua relação com
o pai, relatos esses que me agradam e fazem parte do meu estilo de literatura
predilecto.
Achei
curioso o fato de Paul criticar severamente o seu pai por ser uma pessoa fria e
que não mostrava sentimentos, mas ao longo da leitura, apercebi-me que afinal
Paul não era assim tão diferente do seu pai, pois apesar de este já ter morrido
Paul mostra uma indiferença em relação a esse fato e mostrava-se distante, como
se pode ver pela utilização de uma linguagem fria, sem sentimento e puramente
analítica com que Paul fala do seu pai e de tudo o que este foi, ou melhor
dizendo, a tudo o que o seu pai não foi para ele.
Paul
critica numerosas vezes o seu pai, pela distância que sempre tinha para com
todos e pela maneira, indiferente e apática com que via a vida, mas Paul sem se
aperceber está a tornar-se num homem igual ao seu pai. Visto que este tinha
acabado de morrer e são raras a vezes em que se sente que ele realmente lamenta
o que aconteceu.
Em
contrapartida ao que disse anteriormente, havia momentos narrativos em que Paul
ultrapassava a sua “capa de racionalidade”, que a meu ver era só uma fachada
para encobrir tudo o que realmente ele sentia e para esconder o fato de
interiormente desejar mais do que tudo a aprovação e aceitação do seu falecido
pai.
Como
comprovativo disso o autor diz mesmo que este livro e esta parte em específico
foram escritas para que Paul mantivesse viva a memória do seu pai, pois ele
achava que assim que parece de escrever essa memória se ia embora e que se
esqueceria do seu pai.
Já no
final descobre uma possível explicação para o comportamento de se pai, que tem
a ver com a estranhas circunstancias em que o seu avô paterno foi morto.
Em
relação à transição que é feita entre as duas partes do livro considero que não
foi muito bem conseguida, pois existe um corte radical com o que foi
anteriormente dito e nos é apresentada uma narrativa que difere em muito da
anteriormente tida.
O autor
descreve a sua vida e os acontecimentos dela como se fosse uma pessoa exterior
a si mesmo, como que alguém que observou todos os ínfimos da sua vida e da sua
mente e a está a contar. Refere-se a si mesmo e a outras pessoas integrantes da
sua vida com letras maiúsculas, não as tratando pelo nome, outro fator que pode
levar o leitor a fazer a associação errada das pessoas com as letras.
Acho,
portanto esta parte um pouco confusa, visto que se trata de uma parte mais liga
às memórias, mais direccionada ao interior da pessoa, onde o autor descreve
situações passadas mas que as mistura com acontecimentos presentes.
Nesta
parte predominam citações de diversos autores que servem de ponto de reflexão
para quem lê, apesar de por vezes não ter encontrado relações que me
permitissem compreender na totalidade o que o autor pretendia dizer.
Esta é
também uma parte onde o autor descreve o processo criativo, ou seja, o leitor
deparasse várias vezes com as indecisões do autor, com relatos de folhas
brancas e de páginas por escrever, folhas essas que com tanta dificuldade o
autor tenta preencher. Achei que apesar de poucas e de muito misturadas com
memorias e relatos do presente, estas indicações mostram o quão difícil a
escrita pode ser.
É como
que um entrar na mente do autor para ver o que lá se passa, dai ser tão confuso
devido ao emaranhado de ideias, de memórias, de vivencias com que o leitor se
prende.
Auster
explora a sua mente estabelecendo paralelismo entre a sua vida e algumas
pessoas com quem se cruzou durante a sua vida (pai, compositor com quem compartilhou
o quarto em Paris e que foi como um pai, relação de Rambrandt com o seu filho
Tutus justaposta com a sua e do seu filho)
Encontra
em histórias conhecidas como a do Pinóquio, a de Eneias paralelismos com a sua
vida. Contudo as historias estão confusas porque não aparecem seguidas, aparece
uma parte de mais tarde quando se está a falar de outro assunto aparece o
resto. A historia fica a meio, fazendo com que seje difícil de acompanhar o
seguimento do livro.
Considero
difícil encontrar um fio condutor para esta parte do livro.
É uma
parte mais descritiva, argumentativa, com linguagem técnica, com menos acção que
por vezes faz com que se perca o interesse pela leitura.
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