18 de julho de 2012

Opinião - Monte dos Vendavais

 
Título: Monte dos Vendavais
Autor: Emily Brontë
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
O Monte dos Vendavais é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura. 

Opinião por Célia Loureiro: 
O Monte dos Vendavais é um daqueles títulos de livro que chegam a toda a gente, inclusive a quem não costuma ler. Eu não fazia ideia do que se tratava, mas o mais próximo que pensei estar da verdade foi ao compará-lo com o E Tudo o Vento Levou. Estava enganada porque ambos os livros são sobre guerra – a obra prima da Mitchell fala sobre a Guerra de Secessão na América, enquanto o Monte dos Vendavais fala sobre uma série de guerras interiores, praticamente tão extensos no acompanhamento de personagens um quanto o outro. Refiro ainda que ambas as mulheres, Mitchell e Brönte, publicaram apenas uma obra e que estas fazem parte dos melhores círculos da literatura internacional. 
Quanto ao Monte dos Vendavais, para quem nunca ouviu falar do livro – ou para quem, como eu, já tinha ouvido falar mas sem encetar a viagem necessária pelas suas páginas – é a história de duas famílias, os Earnshaw e os Linton, conspurcada por um amor diabólico entre duas pessoas. Duas pessoas que foram incapazes de se abrir uma perante a outra. Talvez um título adequado para este romance fosse “Orgulho e Preconceito”, porque os há aqui mais do que na obra da Jane Austen assim baptizada. É a história de como os piores sentimentos germinam nos peitos rancorosos, incitados por mesquinhezes e ódios, e estas pessoas se tornam sedentas de vingança. É sobre vingança, sim. É sobre tirar o que se pôde a quem nos fez mal, sobretudo aquilo que lhe sabemos ser mais valioso. A Emily prestou-se a um mergulho a fundo na natureza humana, e emergiu dela para este romance com o pior que lá encontrou. 
Acho que a Emily fez uma aposta inteligente quando colocou a governanta do Monte dos Vendavais, Nelly Dean, a contar a história da família ao novo inquilino da Granja vizinha ao Monte, Mr. Lockwood. Depois é louvá-la, à Nelly pelas suas francas oscilações de humor, tão facilmente compreensíveis por qualquer humano que nem requerem explicação. E à Emily, por aceitar revelar o nível de introspecção que creio ter sido necessário para a construção deste livro em particular.

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