Opinião - A mim não me enganam - um ano sem ir às compras

Título: A mim não me enganam - um ano sem ir às compras  

Autor: Judith Levine  

Editora: Guerra e Paz  

Sinopse: 

Uma colecção de aforismos surpreendentes e irresistíveis. A autora decidiu empreender uma tarefa hercúlea: viver um ano inteiro sem fazer compras. Ou seja, comprou neste período apenas aquilo que se pode considerar indispensável para viver: comida, o vestuário mínimo e os artigos de higiene mais básicos. Depois escreveu este livro para contar a sua experiência. Daqui resultou um poderoso manifesto anticonsumista que é também uma interessante experiência sociológica que testa a capacidade humana de resistência à tentação de comprar.  

Opinião por Maria Vaz: 

Nos dias de hoje, poupar tornou-se indispensável. 

Este livro tem um título e capa apelativa, apesar de ser de 2004 é muito adequado à época em que vivemos. 

A autora, confrontada com a terrível falta de dinheiro, decidiu empreender uma tarefa à partida impossível: viver um ano inteiro sem ir às compras! Entenda-se que não fez como Thoreau isolando-se numa cabana nos bosques. Continuou a sua vida, limitando as suas aquisições estritamente ao essencial. Elaborou uma lista de coisas essenciais e procurou manter-se fiel a esta durante todo o ano. O livro, que toma a forma de um diário, tem, na minha opinião, várias fases. Numa primeira fase, a autora sente de forma muito intensa a necessidade de comprar coisas. De alguma forma, parece que se trata de alguma coisa que lhe foi imposta e não escolhida livremente. Ela não “pode” comprar. Como um viciado que se vê privado do objeto do seu vício. Mais à frente, contacta com diversas pessoas que partilham da mesma filosofia de vida de uma forma mais radical, e frequenta um grupo de simplicidade voluntária. Faz disto um caso de estudo e informa-se bastante sobre o tema. 

O que menos gostei no livro foi a ênfase que é dada às eleições presidenciais nos Estados Unidos, que vieram a reeleger o presidente Bush. Ela tem um papel muito ativo na campanha de John Kerry e penso que isto desvia bastante do tema principal.