28 de abril de 2011

Opinião - A rainha vermelha

Título: A rainha vermelha
Autor: Philippa Gregory
Editora: Civilização

Sinopse:
Herdeira da rosa vermelha de Lancaster, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer, a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior

Opinião por Sandra Nunes:
A Rainha Vermelha é o segundo livro desta série, e conta-nos a história de Margarida Beaufort, herdeira da rosa vermelha, da casa de Lancastre. A história acompanha a vida de Margarida desde criança, passando por três casamentos sem amor e pela luta incasável que trava com toda a Inglaterra essencialmente, para concretizar o que acredita ser a vontade de Deus, colocar o seu único filho e herdeiro no trono de Inglaterra. Durante toda a história somos mergulhados num mar de intrigas, conflitos e traições. Onde as alianças são forjadas com secretismos e são quebradas com grande facilidade, desde que seja para concretizar os desejos obscuros de cada personagem. A ambição de Margarida não tem limites e é mascarada pela sua profunda convicção que é especial, escolhida por Deus para cumprir a sua vontade na terra. Nada do que faz é pecado ou errado, é um mero veículo nos desígnios de Deus. Todos os outros é que são pecadores, cegos, ambiciosos e vão perecer sobre a raiva de Deus. A perspectiva de Margarida sobre os acontecimentos está de tal forma desenvolvida, que a dos outros personagens acaba por ser abafada e secundária. Passei o livro todo, numa espécie de ambivalência perante a personagem de Margarida, entre pena e raiva, de certeza que não deixará ninguém indiferente. Um dos pontos a favor deste livro é uma fundamentada base histórica, apesar do conteúdo ficcional. Philippa Gregory, manteve uma das características que a distingue dos demais, a profunda investigação com que premeia cada livro que escreve, com a profundidade adequada sem cair em exageros e sem desmotivar a leitura. As batalhas travadas são relatadas de uma forma que nos transporta para o meio da luta, sem serem demasiado descritivas. Toda a história decorre em diferentes partes de Inglaterra, em diferentes estações do ano e em várias décadas, é notória a forma como a autora vai descrevendo os cenários e o passar do tempo. Por diversas alturas senti que estava verdadeiramente, nos vales, planícies e palácios descritos. Por fim, não é um livro que fomente uma leitura compulsiva, pelo contrário, é daqueles livros para ir lendo com tempo, sem pressa. Tem uma narrativa dinâmica, fluida e realista, conservando um fio condutor ao longo de toda a história, que mantém o leitor interessado.

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