14 de março de 2011

Opinião - O amor é o melhor remédio

Título: O amor é o melhor remédio
Autor: Jamie Reidy
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
Quando questionado pela mãe sobre o que fazia exactamente para ganhar a vida, Jamie Reidy apercebeu-se não só que não sabia responder-lhe mas também que tinha uma boa história para contar. Enquanto delegado de informação médica da Pfizer, Jamie fazia parte de uma realidade que a muitos passava despercebida. Num tom descontraído e numa prosa repleta de vivacidade, o autor leva-nos aos bastidores da indústria farmacêutica norte-americana. Um livro revelador e fascinante, que não deixará ninguém indiferente.

Opinião por Elsa Rodrigues:
Jamie Reidy é preto no branco ao longo de 272 páginas, um confesso Gazeteiro da Industria Farmacêutica que vemos, detalhadamente, a viver no mundo Pfizer ao longo de 5 anos.
Como todos nós, Jamie entra na empresa como qualquer um de nós, cheio de vontade de vencer e fazer algo útil para compreender ao longo do caminho, como acontece com muito boa gente que conheço, que se se encostar à bananeira existem certas coisas que aparecem feitas sem que precise de se mexer muito. Ai começa a saga de Jamie, que para mim foi hilariante e ao qual podia chamar "Manual do preguiçoso", como o próprio identifica a certa altura.

Desengane-se quem viu o filme, não tem nada a ver. O ideal será esquecer que viram o filme se só estão a pensar ler o livro agora. Para quem se deu ao trabalho de seguir a ordem "normal", o livro é uma base interessante para o filme mas este último é 90% entretenimento e o resto do conteúdo não requer nenhum manual de informação médica.
Já o livro, para mim, foi uma viagem interessante ao mundo das vendas e, principalmente, dos delegados de informação médica. Durante muitos anos procurei sempre conhecer o que faz um delegado e cada vez que encontrava um, pedia algumas informações sobre como era ter uma profissão que muitos dizem "dar milhões". Desengane-se quem pensa que algum dia tive interesse em exercer essa profissão, não mais nem menos digna que qualquer outra, apenas não me seduz a ideia de andar de consultório em consultório. Mesmo que vendesse Viagra, embora me pareça uma venda "dura" de ser feita por uma mulher (piadinhas com a "dureza" do trabalho ao vender Viagra é coisa que não falta neste livro!)

Quanto a Jamie, damos por nós a vê-lo como aquele amigo que sabemos que não faz nenhum mas que até parece ter um trabalho e não um emprego, onde está constantemente ocupado mas que na realidade é apenas um óptimo profissional das aparências, com mestrado na arte de "vamos parecer apressados, afogueados e fingir que estamos ocupados para que é para ninguém suspeite que estamos a plantar couves no Farmville em vez de rever dados numa folha de Excel".

Mas mesmo a "fugir com o cú à seringa", Jamie conta-nos histórias de nos levar às lágrimas de tão hilariantes e embaraçosas que são e através da sua escrita criativa, temos uma percepção de uma pessoa cheia de humor e vivacidade mesmo que esta ultima nem sempre se traduza em trabalho ou sucesso nas vendas, até de Viagra, medicamento que sempre encheu os bolsos de quem o vende.

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