28 de janeiro de 2011

Opinião - A Peste

Título: A Peste
Autor: Albert Camus
Editor: Record

Sinopse:
Este livro narra a história de uma aldeia atingida pela peste bubônica, servindo como metáfora para as questões surgidas após a Segunda Guerra Mundial.
A imanência da morte é abordada como uma questão de apego à sensibilidade, e a questão ética como uma necessidade de alteridade contra a vontade. O estilo de Camus é bem peculiar e provoca reflexões severas diante da possibilidade do acaso e do absurdo. A abordagem existencialista faz de "A Peste" uma avaliação do comportamento coletcivo diante da individualidade apresentada em "O Estrangeiro".
Afinal de contas, qual será o verdadeiro sentido da vida?

Opinião por Ana Alves:

Esta obra, apesar de não ser muito extensa, é bastante complexa. Foi publicada em 1947, e conta a história de uma cidade, de nome Orão, na Argélia, flagelada por uma epidemia de peste que leva ao isolamento da sua população. “A Peste” é uma obra, que, embora de forma subtil, está profundamente relacionada com a época em que foi escrita e com a vida do escritor. Um desses paralelismos é detectado pela análise da vida de Camus que, em Janeiro de 1942, se dirige de Orão para Paris, mas com a chegada dos aliados à África do Norte, em Novembro de 1942, fica separado durante mais de dois anos da sua mulher, da sua família e da sua terra natal. Este acontecimento encontra semelhanças com o que sucede com a personagem “Rieux”, separado da mulher moribunda pela pesta. O próprio “estado de espírito” da cidade em tempo de peste, pode ser comparado com o de uma cidade ocupada por invasores, como ocorreu com a ocupação de Paris pelos nazis.
O autor impressionou-me pela sua capacidade para estabelecer uma relação com a realidade, mas sem que esta se tornasse no argumento de “A Peste”.
No entanto, a história não conseguiu cativar-me. Tem muitas divagações sobre vários aspectos da vida, da morte e da religião. Todavia, gostei particularmente destas duas passagens do livro:
“Sem sair da sombra, o médico disse que já respondera e que, se acreditasse num Deus todo-poderoso, deixaria de curar os homens, deixando a Ele esse cuidado. Mas que ninguém no mundo, não, nem o padre Paneloux, que julgava acreditar, acreditava num Deus desse género, visto que ninguém se abandonava totalmente e que nisso, ao menos, ele, Rieux, julgava estar no caminho da verdade, lutando contra a Criação tal como ela era.”
“(…)o hábito do desespero é pior que o próprio desespero (…)”
Apesar de não ter achado um expoente da literatura, recomendo.

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