21 de novembro de 2010

Entrevista a Carla Ribeiro

É com muito prazer que esta semana vos trago uma entrevista no feminino. Desta vez, a senhora da noite é Carla Ribeiro. Esta jovem autora portuguesa conta já com nove obras publicadas nas áreas da poesia e do fantástico, além da colaboração em diversas antologias e na revista Dagon, uma das duas revistas portuguesas dedicadas ao género fantástico. Entre as suas obras podemos encontrar “Senhores da Noite” e “Pela sombra morrerão”.
Esta autora é ainda um ávida leitora que mantêm um blogue denominado “As Leituras do Corvo”, onde se podem encontrar todas as suas opiniões sobre os livros que lê.
Para quem a quiser seguir mais de perto e ir lendo algumas coisas da sua autoria pode ainda passar pelo seu blog http://valedassombras.blogspot.com/ .


Sobre a autora:
Carla Sofia Lopes Ribeiro, nasceu a 20 de Julho de 1986 e é natural de S. Martinho de Mouros. Estudou Medicina Veterinária na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e é escritora.
Começou a escrever com aproximadamente catorze anos, por simples vontade de transmitir para o exterior os meus pensamentos e sentimentos. Começou por escrever poesia e alguma prosa poética, passando aos contos e, só mais tarde, à narrativa longa. Presentemente, escreve um pouco de tudo, apesar de, na poesia, ter uma predilecção especial pela estrutura de soneto.
Até à data em alguns concursos literários, onde obtive alguns resultados positivos, entre os quais os que se seguem.

- 3º lugar no concurso “Douro Leituras” 2003
- menção honrosa no Prémio Padre Moreira das Neves – Paredes 2004
- 1º lugar na modalidade Poesia do concurso “Uma Aventura... Literária 2002”
- menção honrosa no concurso "Uma Aventura... Literária 2001"
- 2º lugar no concurso "Segredos da Minha Terra - Biblioteca Municipal de Vouzela" - 2004
- 2º lugar no concurso “Descobrir Vizela” 2003
- 1º lugar nas modalidades de poesia e conto do concurso "Março Mulher 2004", prefeitura de Guaratinguetá, Brasil
- ... entre outros

Em termos de publicações, estreou-se com um conto de título “Asas Abertas” na antologia “Idiossincrasias”, editada pela AG edições, no Brasil. Em finais de 2005, publicou “Estrela sem Norte”, um livro de poesia, pela Corpos Editora, e, em finais de 2006, pela mesma editora, publicou “Alma de Fogo”, narrativa da área da fantasia e primeiro volume de uma trilogia. Além disso, tem actualmente vários projectos em progresso, tanto individuais como conjuntos, nas áreas da prosa e da poesia.
Os seus principais interesses são história, literatura, poesia, música e mitologia. Em termos de escrita, a sua poesia tende para temas e/ou estados de espírito mais soturnos, melancólicos e, eventualmente, negros. Em termos de prosa, tem uma preferência especial pelos mundos fictícios, fantásticos, mas também pela abordagem a algumas épocas históricas. Os seus grandes ídolos literários são, na área da poesia, Florbela Espanca, Bocage e Fernando Pessoa, e, na área da literatura fantástica, David Gemmel, Jonathan Stroud e Marion Zimmer Bradley.


Entrevista:

Sabemos que começaste a escrever com 14 anos, mas quando é que decidiste que querias ser escritora?
Bem, quando digo que comecei a escrever com 14 anos, estou a referir-me a uma ideia já mais séria, no sentido de construir uma história completa. Desde pequena que escrevia pequenas coisas, mas foi por volta dos 14 anos que comecei a descobrir que talvez pudesse levar essas ideias um pouco mais a sério. E foi por volta dessa altura que decidi que gostava e que queria mesmo continuar a escrever e, talvez, publicar.

Onde vais buscar a tua inspiração?

Um pouco a toda a parte, desde imagens que vi a situações que me aconteceram, passando pelas pessoas com quem me cruzo e até mesmo pelos pesadelos mais… peculiares. No fundo, qualquer altura e qualquer cenário pode estar na base para uma ideia. Basta que cause a impressão certa.

Como é o teu processo criativo? Tens algum ritual?
Não é um método linear, acho que a forma e a altura em que escrevo variam bastante consoante o estado de espírito. Mas as minhas manias particulares são basicamente que escrevo quase sempre à mão e a caneta preta. Quanto ao desenvolvimento da história, gosto de ter as regras do mundo em que estou a escrever mais ou menos definidas, por isso tenho sempre umas boas páginas de notas por perto, mas a história propriamente dita vai ganhando vida à medida que a escrevo, nunca sei muito do que vai acontecer no futuro das personagens.

Sabemos que lês imenso e gostavámos de saber qual foi o livro que mais te marcou e porquê.
Essa é uma pergunta difícil… Sou bastante compulsiva no que à leitura diz respeito e já li muitos livros fascinantes. Mas a ter de escolher, diria que a trilogia A Árvore do Céu, da Edith Pargeter, e a Trilogia das Jóias Negras, da Anne Bishop. E ambas pelos mesmos motivos: personagens que respondem a tudo aquilo que eu procuro num protagonista, uma história muito bem contada e momentos profundamente comoventes.

Qual a tua citação preferida?
É mais uma das coisas em que é difícil escolher. Mas uma das que vai continuar sempre comigo, é da J.K. Rowling, no livro Harry Potter e a Ordem da Fénix. "You don't understand - there are things worth dying for!"

Qual foi o último livro que leste?
Terminei ontem a leitura do Orbias – O Demónio Branco, do Fábio Ventura. É sempre um prazer voltar àquele mundo e foi um livro que achei muito marcante, quer pela história principal, quer pela mensagem que se pode tirar de vários dos momentos.

Em que mudou a tua vida deste a publicação do teu primeiro livro?
Essencialmente, fez-me acreditar que era possível. O sonho esteve sempre lá, mas as coisas nem sempre são fáceis, e às vezes acabamos por duvidar. Ver o primeiro livro, completo e palpável, para quem o quisesse ler, deu outra alma à vontade de continuar.

De todas as tuas obras, qual a que mais se identifica contigo?

Pessoalmente? Bem, o protagonista dos livros Arasen (Alma de Fogo, Herdeiros de Arasen, O Deus Maldito) tem muito da minha personalidade, por isso, e ainda que em todas as minhas histórias haja alguém, por mais secundário que seja, que tem parte de mim, provavelmente – de entre os publicados até agora! – é nos livros Arasen que me identifico mais com uma personagem.

De todos os prémios que já recebeste, qual foi o que mais significou para ti? E porquê?
Também não foram assim tantos… Mas foi especial o Douro Leituras, não só porque foi um dos primeiros, mas também porque foi um daqueles em que me pude envolver. A entrega de prémios foi feita em Resende, o meu conselho de origem, então fui muito satisfatório para a miúda de dezasseis anos que eu era então, poder estar numa cerimónia que, na altura, me pareceu imensa.

Sabemos que terminaste de escrever um novo romance em Janeiro. Queres nos adiantar um pouco sobre a história desse novo romance?

Claro, porque não? O meu novo romance chama-se O Sangue dos Exilados. Continuo no género fantástico, mas optei por seguir um rumo um pouco diferente e, por isso, decidi deixar a magia para segundo plano e centrar-me mais nas intrigas e relações entre diferentes personagens. O protagonista é August Caventread, príncipe e herdeiro imperial, que, depois de acusado da morte do Imperador, se vê exilado para um lugar onde (supostamente) não será possível sobreviver durante muito tempo. A história é a do príncipe, no passado, nas relações e no (possível) futuro, e a do império que acabou por ficar em mãos bastante piores que as suas.

Quais são os teus planos e objectivos para o futuro?

Literariamente falando, o meu objectivo essencial é continuar a escrever e a publicar. Tenho alguns projectos em curso, tanto no romance, como em pequenos contos, e provavelmente será aí que me vou centrar nos próximos tempos. Fora do mundo literário, gostava de começar a trabalhar, ainda que, nas circunstâncias actuais, pareça bastante difícil.

O que dirias a alguém que sonha em estrear-se neste mundo da literatura?
Força, persistência, paciência e humildade. Acho que são esses os elementos necessários para continuar a lutar pelo sonho. O caminho não é fácil, tanto antes como depois da publicação, mas há sempre coisas boas para superar as más. E leiam. Leiam muito, escrevam muito, percorram a história que criaram e tentem encontrar a vossa própria voz. E, acima de tudo, sejam genuínos. Escrevam do que vos fala ao coração.

Sem comentários: