23 de novembro de 2018

Opinião – “Parque Mayer” de António Pedro-Vasconcelos


Sinopse

Lisboa, 1933. Deolinda, uma jovem da província que tem o sonho de ser artista no Parque Mayer, apresenta-se num casting para coristas para a nova revista no teatro Maria Vitória. Durante os ensaios, apaixona-se por Mário, o encenador, mas este está fascinado por Eduardo, a estrela da revista que, por sua vez, tenta seduzir Deolinda… Ao mesmo tempo o Estado Novo começa a apertar o cerco e a liberdade está cada vez mais limitada… Uma homenagem divertida e emocionante ao teatro de revista e a todos os que no Parque Mayer lutaram pela Liberdade.

Opinião por Artur Neves

Pode dizer-se que se trata de um filme de época!… Recente, obviamente e bem próxima de muitos dos leitores desta crónica. Tem como virtude o revivalismo de um estilo de representação que fez escola em Portugal; o teatro de revista que com todas as virtudes e defeitos que lhes atribuem, constitui um meio de diversão popular, generalizadamente bem aceite e que serviu durante muitos anos como arauto e divulgador de uma certa crítica social e política impossível de outra maneira e fortemente punível pela polícia política de então. Por muito que não se aprecie o género, deve-se a este teatro uma forma de resistência que constituiu durante muitos anos o único meio de denúncia da ditadura em Portugal, á custa do risco e da segurança dos próprios intervenientes.
António-Pedro Vasconcelos, o decano dos realizadores portugueses atuais presta assim homenagem a um género de espectáculo que para além do “glamour” inerente ao espectáculo em si mesmo, suporta-se de uma intriga amorosa triptica, através da paixão da corista pelo encenador que por sua vez se apaixona pelo ator principal, conferindo assim um refrescamento nos “segredos” da época, pois a homossexualidade latente não é exclusivo dos tempos modernos e sim ancestral como a própria humanidade.
Os ambientes estão bem recriados, assim como os personagens representados no filme, para quem como eu os conheceu no seu tempo e os reconhece agora numa atmosfera credível e autentica do meio artístico do género.
Com atores novos e outros pertencentes ao meio, estão lá todos tipificados, os atores de revista, os que servem a história do filme e os figurões que apimentam a história tal como no tempo em que o Parque Mayer era um polo incontornável de diversão e convívio, sem esquecer o “tirinho ao prato” para ganhar um boneco sem valor real. Para muitos será um filme revivalista, para outros a apresentação de uma memória que os enriquecerá com a informação fornecida. Diverte, está bem feito, recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10

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