30 de outubro de 2018

Opinião – “O Quebra-Nozes e os Sete Reinos” de Lasse Hallström & Joe Johnston


Sinopse

Tudo o que Clara (Mackenzie Foy) quer é uma chave – uma chave única que irá desbloquear uma caixa que tem um presente inestimável. Um fio de ouro, que lhe foi dado na festa anual do seu padrinho, Drosselmeyer (Morgan Freeman), leva-a à tão cobiçada chave, que faz com que rapidamente desapareça para um paralelo e misterioso mundo. É lá que Clara encontra um soldado chamado Phillip (Jayden Fowora-Knight), um grupo de ratos e os regentes que governam os três Reinos: a Terra dos Flocos de Neve, a Terra das Flores e a Terra dos Doces. Clara e Phillip devem enfrentar o sinistro Quarto Reino, lar da tirana Mãe Ruiva (Helen Mirren), para recuperarem a chave de Clara e trazerem de voltar a harmonia a este mundo.

Opinião por Artur Neves

Esta é uma história de drama, fantasia e sóbrio humor contada numa grande produção a que a Disney já nos habituou. O argumento escrito por Ashleigh Powell e Tom McCarthy é baseado no conto de E.T.A. Hofman escrito em 1816; “O Quebra-nozes e o Rei dos Ratos”.
Esta história foi apresentada no teatro Mariinsky em São Petersburgo em 1892, acompanhada por um corpo de ballet ao som de uma suíte musical de 20 minutos composta por Tchaikovsky que fez carreira isolada da história que a justificou. Tendo ganho grande notoriedade a partir do final da década de 60, tem servido diferentes propósitos durante a época de Natal e “ilumina” este filme com a sua magia de sempre valorizando esta fantasia dedicada aos mais pequenos, embora não somente a eles.
A história é uma aventura de encantar, onde são utilizados grandes recursos cinematográficos em cenários, vistosos guarda-roupas, efeitos eletrónicos e de computador que nos fazem saborear cada minuto, dos 100, de duração do filme.
Quanto ao enredo da história nada mais há a dizer que a sinopse anterior não tenha revelado pelo que nos limitamos a citar o verdadeiro elenco de luxo que este filme contém e que ainda não foi mencionado, tal como; Keira Knightley como Sugar Plum Fairy, a Fada da Terra dos Flocos de Neve, Eugenio Derbez como a Flower Realm King, isto é, o Rei do Reino da Flor e reforçando a presença de Morgan Freeman como Drosselmeyer, o tio de Clara que inicia todo o processo de revelação que existe por de traz dos Sete Reinos.
É portanto um filme para toda a família viver uma grande aventura, bem apresentada, com uma história fácil de seguir, cujas personagens perdurarão no imaginário infantil para lá das luzes se acenderem no final.

Classificação: 6 numa escala de 10

Opinião – “Fahrenheit 11/9” de Michael Moore


Sinopse

Depois de apontar suas lentes para a era Bush em Fahrenheit 11 de Setembro, Michael Moore agora traz um olhar provocador sobre a eleição de Donald Trump e tenta responder como os Estados Unidos se colocaram nesta situação e o que podem fazer para mudar.
Fahrenheit 11/9 faz referência à data que o presidente se elegeu em 2016.

Opinião por Artur Neves

Neste documentário sobre a presidência de Donald Trump, cujo nome faz um trocadilho com a data do maior desastre da história americana, o ataque às torres gémeas, como que referindo que a sua eleição foi o segundo maior desastre, Michael Moore usa a sua conhecida habilidade para cruzar factos e eventos registados por ele ou divulgados pelos média, para nos mostrar verdades e razões que por vezes não entendemos como tal.
Todavia, e embora o filme conte duas histórias fortes contra a democracia americana que passaram despercebidas por cá, a saber; a crise da água envenenada com chumbo na cidade de Flint, promovida pelos negócios do governador do Michigan, Rick Snyder, com os amigos e a mobilização social dos professores nos USA, com interesse insofismável de divulgação, perde-se no tema inicial de apresentação de justificações para a eleição de Donald Trump, misturando assuntos que embora de reconhecida importância não podem ser diretamente relacionados com Trump.
Aliás, o caso de Flint serve igualmente para dar uma “bicada” nos democratas e particularmente em Obama que no auge da crise se deslocou a Flint e em vez de condenar o governador republicano e denunciar o veneno, pediu um copo com água, que afinal nem chega a beber, levando-a somente aos lábios numa descarada simulação. Acusa-o também de ter sido o presidente americano que mais dinheiro recebeu da Goldman Sach.
Sobre Trump, ele apresenta os comícios que anteciparam a eleição, onde destaca o lado manipulador e mentiroso do candidato, a sua personalidade truculenta, aflora superficialmente a influência de Putin e insinua uma relação manifestamente inquietante e perturbadora com a filha que nos pereceu algo exagerada. Por outro lado reúne diversas opiniões proferidas na campanha e em comícios que pretendem estabelecer um paralelo entre a ascensão de Trump e a de Hitler, esquecendo-se todavia que os tempos agora são outros e que os múltiplos organismos de controlo do poder da democracia americana são suficientemente eficientes para moderar o ímpeto do presidente, que apesar de tudo consegue cumprir os favores prometidos aos amigos, tais como, a desregulação de Wall Street e a redução de impostos aos mais ricos.
Neste filme, Moore propõe-se “atirar” em todas as direções, pelo que os democratas também são contemplados, acusando-os de contemporizarem demasiado com a direita, estabelecendo acordos e compromissos que ultrapassam o aceitável e que justificam em parte a viragem de voto em alguns estados tradicionalmente democratas. Bernie Sanders e Hillary Clinton também não são poupados, sendo-lhes apontados diversos erros na campanha que ajudaram à “festa” Trump.
Durante os 126 minutos do filme vemos a revelação de factos importantes mas com uma sequência e um discurso confusos que se dispersam entre assuntos diversos que não apresentam a clarividência demonstrada em “Bowling for Columbine” que lhe valeu um Oscar em 2003, ou “Capitalismo – Uma História de Amor” de 2009 sobre a crise do subprime. Apesar disso não deixa de ser um filme interessante sobre o mundo dos nossos dias.

Classificação: 5 numa escala de 10

26 de outubro de 2018

Opinião – “Bohemian Rhapsody” de Bryan Singer


Sinopse

Bohemian Rhapsody é uma celebração vincada da banda Queen, da sua música e do seu extraordinário vocalista Freddie Mercury, que desafiou os estereótipos e quebrou as convenções para se tornar um dos artistas mais amados do mundo. O filme conta a história por detrás da ascensão brutal da banda através das suas canções icónicas e sons revolucionários. Relata também a quase implosão da própria banda graças ao estilo de vida corrosivo de Mercury, e da sua reunião triunfante na véspera do Live Aid, onde Mercury, lutando contra uma doença mortal, guia a banda por uma das maiores atuações da história do rock. É durante este processo, cimentando o legado de uma banda que sempre foi uma família, que se continua a inspirar sonhadores e amantes da música até hoje.

Opinião por Artur Neves

Bohemian Rhapsody, a canção, é uma referência na história dos Queen desde o início do grupo da década de 70, tendo sido finalizada em 1975, muito embora já andasse na cabeça de Freddie Mercury desde os anos 60 e tivesse tomado a forma como foi apresentada no álbum da banda britânica “A Night in the Opera”, incluindo a participação de outros membros do grupo que nela colaboraram. Como tal, é compreensivo que o seu nome figure como ex-libris de um grupo tão significativamente famoso no mundo do hard rock ou Rock progressivo como também é denominado.
Assim, o biopic que nos é apresentado neste filme que conjuga a banda com o homem que melhor a representou, suportou e constituiu a sua essência, parece-nos estranho no corpo de Rami Malek que nos mostra apenas uma silhueta menor desse grande intérprete e criador que foi Freddie Mercury com uma vida emocional sombria e complexa. O que Malek nos apresenta é um desempenho superficial, embora nos consiga galvanizar em certas passagens de concertos, devido possivelmente a uma mistura digital da voz de Mercury e da música dos Queen, mas de qualquer modo falta-lhe substancia que credibilize a sua apresentação.
Todavia, Remi Malek (que está muito bem na personagem de Louis Dega em “Papillon”) não pode ser culpado disto, pois nem todos podem ter a extraordinária voz de Mercury, só que isso significa que não será ainda agora que conseguimos ter o verdadeiro biopic desta banda que em 1985, no concerto Live Aid, galvanizou uma enorme assistência constituída por quase dois milhões de pessoas. Ainda assim, esta é a melhor parte do filme, que nos permite ouvir as músicas intemporais dos Queen e concluir que eles, com a voz de Mercury, foram os maiores do seu tempo.
Bryan Singer, que foi substituído a três semanas do final da produção por Dexter Fletcher, não trata com realidade a sexualidade de Mercury. Ele assumiu frontalmente a sua homossexualidade, tendo tido diversos parceiros sexuais masculinos, dos quais o mais permanente foi Jim Hutton que o acompanhou até à morte em 1991, vítima do vírus da SIDA, mas o filme não assume francamente essa faceta deixando para o espetador a suspeita dos factos referindo-se a eles vaga e superficialmente.
Embora com falhas é um musical grandioso que merece atenção, vê-se com agrado e permite recriar momentos inesquecíveis. Recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10

25 de outubro de 2018

Opinião – “Bel Canto” de Paul Weitz


Sinopse

Baseado no best-seller de Ann Patchett, BEL CANTO é uma dramática história de amor centrada numa famosa soprano (Julianne Moore), que viaja à América do Sul para dar um concerto privado numa festa de um magnata industrial japonês (Ken Watanabe). No auge da reunião de diplomatas e políticos, a mansão é assaltada por um grupo rebelde armado que exige a libertação dos seus camaradas presos. São feitas ameaças, perdem-se vidas, começa uma negociação tensa e segue-se um longo impasse.
Enquanto estão presos na mansão, os reféns e seus captores, que falam línguas diferentes, são forçados a encontrar novas formas de comunicar. A música, especialmente as belíssimas árias cantadas pela personagem de Julianne Moore, desperta uma camaradagem comum e até faz florescer o amor, unindo as várias pessoas que criam inesperados laços, levando-as a ultrapassar as suas diferenças e a redescobrirem a sua humanidade.

Opinião por Artur Neves

Bel Canto na sua origem, corresponde a uma técnica vocal que pode ser desenvolvida por aprendizagem e prática subsequente, que procura enfatizar o virtuosismo vocal e simultaneamente acentuar o conteúdo dramático da peça cantada através do uso expressivo da coloração vocal, diferenciando algumas notas no contexto da peça cantada. No filme, a melódica voz da personagem interpretada por Julianne Moore, pertence á aclamada soprano americana; Renée Fleming, considerada uma das principais cantoras líricas da atualidade.
Nesta história enfatiza-se o efeito da música sobre a sensibilidade humana, seja de que condição for, tentando demonstrar que até os mais modestos e musicalmente iletrados podem sentir-se arrastados pela beleza tonal de uma bela voz, fazendo com que se esbatam as diferenças entre as pessoas nos mais variados contextos, incluindo os de tensão e morte como no assalto ao teatro pelos rebeldes que procuravam a liberdade dos seus correligionários presos através da cativação do presidente do país onde se dá o golpe, que presumidamente estaria a assistir ao concerto.
Paul Weitz, realizador americano nascido em 1965, de pendor melómano, e autor de uma série de sucesso em 40 episódios que serviu para divulgação de música clássica; “Mozart in the Jungle” de 2014, não estreada em Portugal, apresenta-nos neste filme a sua visão do poder da música, na particular classificação do Bel Canto, desprezando (digo eu) ou descurando, o efeito e a ação do “putsch” num país que nunca saberemos qual é, embora se possa intuir ser algures na América latina, decorrente dos diálogos em Espanhol.
Os rebeldes são representados como um grupo jovem, mal formado, sem preparação militar, sem estratégia nem plano de assalto, exceto a desejada prisão do presidente que afinal não se encontrava lá. É assim que neste contexto anárquico sobressai a claríssima voz da soprano Roxane Coss (Julianne Moore - Renée Fleming) que encantou o magnata Ken Watanabe (Katsumi Hosokawa) e todos os que a ouviram cantar, com particular ênfase para os rebeldes que nunca tinham escutado tanta beleza, nem se tinham deixado arrastar para o amor. Temos portanto uma história de pendor revolucionário em ambiente lírico mas que não consegue ser nem uma coisa nem a outra considerando a atabalhoada revolução que nos é mostrada e os curtos intervalos em que se ouve, o tal, Bel Canto. Fica-se com a sensação que muito ficou por dizer e fazer na ação, e pouco se ouviu de Bel Canto, o que é pena, porque realmente é magnificamente belo.

Classificação: 5 numa escala de 10

24 de outubro de 2018

Opinião – “Wildling – A Última Criatura” de Fritz Böhm


Sinopse

Desde que nasceu, Anna (Bel Powley) vive isolada do mundo, com um homem a quem sempre chamou Papá (Brad Dourif) e que tem feito todos os possíveis para lhe esconder a verdade sobre as suas origens. No entanto, quando Anna é exposta ao mundo real sob a proteção de uma polícia resoluta chamada Ellen (Liv Tyler), torna-se óbvio que a jovem está longe de ser uma adolescente normal.
Incapaz de se ajustar à vida mundana, Anna é atraída pela liberdade selvagem da floresta, ao mesmo tempo que tenta resistir aos estranhos instintos e à crescente sede de sangue que despertam dentro de si.
Wildling – A Última Criatura é um thriller que combina de forma original e muito bem-sucedida o género de terror sobrenatural com o dos contos de autodescoberta.

Opinião por Artur Neves

A licantropia; “capacidade ou maldição caída sobre um homem que se transforma em lobo” de acordo com Wikipédia, tem sido bastantes vezes abordada no cinema tais como em; “Um Lobisomem Americano em Londres” de 1981, ou o mesmo mas em Paris de 1997, no estilo da fantasia / comédia, ou ainda a saga “Twilight” em quatro episódios de furioso romance amoroso entre humanos e licans que deram particular destaque a Kristen Stewart e Robert Pattinson, mas nunca com tanta sobriedade e decência como neste filme.
Este fenómeno é na realidade um mito com raízes na cultura da Europa Oriental e dos povos eslavos que povoaram as sociedades da época com lendas que apontavam a ocorrência da sua transformação entre homens e lobos nas noites de lua cheia em que estes adquiriam poderes sobrenaturais que lhes conferiam invencibilidade e poder físico, dando portanto oportunidade ao desenvolvimento de histórias de ação com batalhas e efeitos especiais tão ao gosto da indústria cinematográfica.
Neste filme também há efeitos especiais, mas de caraterização inerentes á transformação, mas com história de vida de um ser que não se conhece, que não conhece o mundo que lhe foi apresentado sempres através de grades que lhe serviam de prisão e de proteção, contra os seus instintos imutáveis, progressivamente revelados durante o seu crescimento.
É também uma história de amor / ódio, primeiro pelos cuidados prestados durante a infância e depois pela mentira e ocultação da sua natureza durante tempo demais. Fritz Böhm, realizador alemão com provas dadas neste género de filmes sabe conduzir a história, apresentando-nos as respostas antes das perguntas, isto é, apresenta-nos factos, gestos e frases incompreensíveis de que só posteriormente encontramos justificação, mantendo uma sadia surpresa durante toda a narrativa que nos empolga e motiva.
Anna (Bel Powley) com os seus bem expressivos olhos azuis e boca sensual traz-nos este personagem cativante ao princípio mas que sucessivamente se vai degradando ao assumir a sua verdadeira natureza, todavia, mesmo nesse estado a sua postura e os valores demonstrados pela sua conduta justificam as suas opções e fazem-nos continuar a aceitá-la sem muita resistência. Boa história, bom espetáculo de cinema onde não damos por mal empregado o tempo dispendido.

Classificação: 6 numa escala de 10

13 de outubro de 2018

ALADDIN



ALADDIN é a história entusiasmante do ladrão charmoso, Aladdin, da corajosa e determinada princesa Jasmine e do Génio, que poderá ser a chave para o futuro deles. Realizado por Guy Ritchie, que traz o seu toque único de ritmo e ação à cidade portuária ficcional de Agrabah, o argumento é de John August e Ritchie, baseado em “Aladdin” da Disney.
ALADDIN é protagonizado por Will Smith como o carismático Génio; Mena Massoud no papel do malandro charmoso, Aladdin; Naomi Scott como Jasmine, a linda e determinada princesa;  Marwan Kenzari enquanto Jafar, o poderoso feiticeiro; Navid Negahban no papel do Sultão, preocupado com o futuro da sua filha; Nasim Pedrad enquanto Dalia, a melhor amiga da Princesa Jasmine, confiante e de espírito-livre; Billy Magnussen como o bonito e arrogante Príncipe pretendente Anders; e Numan Acar no papel de Hakim, o braço direito de Jafar e capitão da guarda do palácio. O filme é produzido por Dan Lin e Jonathan Eirich com Marc Platt e Kevin De La Noy como produtores executivos. Alan Menken é o responsável pela banda-sonora, que inclui novos temas das canções originais de Menken, com letra de Howard Ashman e Tim Rice, e duas novas canções escritas por Menken e pelos compositores Benj Pasek e Justin Paul. A equipa criativa que ajudou a trazer Agrabah à vida, essencialmente filmada em Londres e nos espantosos desertos de Jordan, é composta pelo director de fotografia, Alan Stewart, pela designer de produção, Gemma Jackson e o designer de Guarda-Roupa, Michael Wilkinson.

Opinião – “A Mulher” de Björn Runge


Sinopse

Uma mulher questiona as suas escolhas de vida enquanto viaja com o marido para Estocolmo onde ele irá receber o Prémio Nobel de Literatura.

Opinião por Artur Neves

“The Wife” no original, conta uma história de vida contida e sofredora, auto infligida por Joan Castleman (Glenn Close) através de uma série de razões que este filme nos mostrará, baseado na novela com o mesmo nome de Meg Wolitzer, justificado por um amor imenso de Joan por Joe Castleman (Jonathan Price) seu professor de escrita e posteriormente seu marido, na altura em que este foi nomeado para a atribuição do reconhecimento de uma vida de trabalho como escritor, com o prémio Nobel.
Tanto Glenn Close como Jonathan Price estão excelentes no desempenho dos seus personagens, construindo duas figuras consistentes e credíveis, cheias de vícios e de virtudes humanas, das quais o realizador, Sueco, nascido em 1961, nos mostra a sua construção e o seu passado comum que tem como consequência aquela ligação, quase perfeita e harmónica entre dois seres, aparentemente cúmplices e conjugados no sentido da sociedade, da vida de trabalho literário e da família que constituíram e cuidaram.
Nathaniel Bone (Christian Slater) é o putativo candidato a biógrafo do laureado, que este rejeita com veemência, considerando as suas características intrusivas na vida dele e de descodificação de todo um passado e de uma vida que Joe Castleman pretende manter tal como a sociedade a vê. Nathaniel é o cínico que através do elogio e do reconhecimento expresso, pretende levantar o “tapete” e expor o “lixo” que lá foi escondido numa manobra literária de revelação que o promova e lhe confira o destaque desejado que persegue. Só que para além dessa faceta Nathaniel quer expor uma verdade escondida, enterrada nas almas de Joan e de Joe e descoberta por ele através da leitura das obras mais galardoadas.
Ao fim de tantos anos de convivência comum, Joan ainda sente amor pelo marido de uma forma contida a que ela chama de tímida, reservada, cuidadora como fora sempre o seu papel naquela ligação mas agora, após a nomeação, sente-se cansada e pergunta-se o porquê de tudo aquilo. Ajudou-o toda uma vida, cuidou da manutenção de todos e aquele prémio vem questionar-lhe o porquê desta distinção, onde ela de modo diferente (de acordo com a consciência pública) teve uma parte relevante que executou no silêncio e no anonimato dos dias e anos de coabitação. O seu filho David Castleman (Max Irons) em choque frontal com o pai, advoga instintivamente a defesa da mãe, que generosamente o compreende sem lhe manifestar apoio excessivo.
Porém tudo tem limites e no dia do prémio, na noite do jantar de comemoração com os laureados, Joan sucumbe ao seu recalcamento, ao seu silêncio sofrido, ao seu amor/ódio pelo marido, ao seu desgosto por si própria, à sua conformação por um estado de coisas á muito insustentável mas que ela teimava em alimentar e manter, assumindo-se também como culpada daquele gigantesco infortúnio, só que… agora é tarde… muito tarde mesmo!…
Um drama familiar, muito bem contado e interpretado, recomendo.

Classificação: 8 numa escala de 10

12 de outubro de 2018

É já amanhã!!! REVENGE OF THE 90S - JOGOS NOVENTEIROS S/ FRONTEIRAS



É já amanhã que a 1ª Grande Tour Nacional Revenge of the 90s passa por Lisboa!!!

Açores, Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Guimarães, Lisboa, Madeira, Portimão, Porto, Torres Vedras e Viseu foram as localidades seleccionadas para receber a primeira Tour Nacional do Revenge of The 90s

A viagem tem sido incrível. Depois de esgotar a FIL com o Delirio em Las Revengas, com mais de 12 mil pessoas a fazer a festa com Vengaboys e Lou Bega, depois da receção apoteótica nos Santos Noventeiros, no Campo Pequeno, para mais de 20 mil pessoas e depois da consagração no Rock in Rio com Haddaway ou Crazy Town, chegou a hora de levar a cultura 90s aos 4 cantos do país e ilhas com a 1ª Grande Tour Nacional do Revenge of The 90s.

Açores, Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Guimarães, Lisboa, Madeira, Portimão, Porto, Torres Vedras e Viseu são os primeiros sortudos que poderão ter uma experiência Revenge of The 90s macro, com alguns dos maiores artistas nacionais e internacionais dos anos 90. A saber, à vez, por estas datas, passarão alguns destes nomes: Los Del Rio, Netinho, Alice Deejay, Rednex, Daisy Dee dos Techtronic, Melão, Non Stop, Toy, Saúl, Batatinha & Companhia e Anjos.

Esta primeira Tour terá amanhã, dia 13 de Outubro, em Lisboa, como habitualmente em local a anunciar. Com o tema "Jogos Olímpicos Sem Fronteiras" esta mega festa marcará o arranque desta aventura que irá prolongar-se para o ano de 2019 percorrendo pela primeira vez algumas cidades de Portugal Continental e em estreia os arquipélagos da Madeira e dos Açores.

11 de outubro de 2018

Opinião – “Sete Estranhos no El Royale” de Drew Goddard


Sinopse

Sete estranhos, cada um com um segredo por enterrar, encontram-se no El Royale de Lake Tahoe, um hotel decadente com um passado sombrio. Durante uma noite fatídica, todos terão uma última oportunidade de se redimir... antes que tudo corra mal. Jeff Bridges, Chris Hemsworth, Jon Hamm, Dakota Johnson e Cynthia Erivo fazem parte deste elenco de estrelas em “Sete Estranhos no El Royale”.

Opinião por Artur Neves

Muito se tem escrito como sendo o modo correto de contar uma história, mas realmente o mais importante é todos os elementos constarem da narrativa, numa ordem que pode não ser sequencial e até, serem apresentados mesmo depois do aparecimento dos eventos a que se reportam e que os justificam. É o caso desta história, bem simples por sinal, mas decorrente do modo como nos é apresentada, mantém o espetador de surpresa em surpresa a observar o desenrolar dos acontecimentos, aparentemente sem relação entre si. Parabéns ao editor que tem aqui um excelente trabalho de montagem que consegue fixar a atenção do espetador em todos os movimentos por mais inesperados que sejam.
Escrito e realizado por Drew Goddard, nascido em 1975 em Los Alamos, Novo México, onde cresceu e estudou, este homem tem no seu curriculum obras como “Sete Palmos de Terra”, série de muita qualidade, “Perdidos”, série, “10 Cloverfield Lane” de 2016, e outros, com propensão para um estilo de tensão, enredo e suspense semelhantes ao que se encontra no presente filme, que embora podendo classificar-se como thriller não descarta uma componente fantástica a um nível aceitável, que se reconhece e nos convence.
No início, entre eles, não se conhecem nem estabelecem qualquer relação para lá da convivência cerimoniosa. São apenas diferentes pessoas que no mesmo tempo procuram alojamento no mesmo hotel. Todavia, neste primeiro contacto, o hotel começa a assumir-se também como uma personagem, tal é a sua organização arquitectónica, a solidão reinante e o mistério que transmite, bem como o facto de estar aberto mas sem ninguém disponível no balcão central, nem em qualquer das outras utilidades que se vão descobrindo em redor do Lobby.
Pelas conversas que entabulam começa a perceber-se os diferentes objectivos de cada um, bem como, as sua personalidades individuais, as suas fraquezas e desejos, muito embora durante quase metade do filme não saibamos com clareza ao que vêm. Porém, as informações fornecidas em flashback, vão começando a compor a história na nossa memória e lentamente tudo começa a fazer sentido, concluindo-se ser uma história de crime e de perdão, de convicções frustradas, de raiva, de submissão, de fuga também e de redenção para crimes do passado que se querem esquecer sem sucesso.
Os maiores culpados são os que se assumem como anjos salvadores na demanda por uma salvação utópica e castradora e tudo se revela coerentemente numa pequena história, passada num hotel pintado com cores quentes, num dia ensolarado e numa noite de chuva que se vê com agrado, sem pontas soltas, culmina com um epílogo de esperança num amor futuro. Constitui um agradável espectáculo de cinema mistério que recomendo sem reservas.

Classificação: 7 numa escala de 10

9 de outubro de 2018

Opinião – “Do Jeito que Elas Querem” de Bill Holderman


Sinopse

Nos arredores da Califórnia, quatro amigas de longa data na casa dos 60 anos decidem ler, no seu clube do livro mensal, o polémico romance "As Cinquenta Sombras de Grey". Assim se inicia uma mudança que vai abalar as suas vidas por completo…

Opinião por Artur Neves

Nunca percebi completamente o motivo da mudança de nome dos filmes estrangeiros que vemos em Portugal. Com um nome, pretende-se sintetizar no menor número de palavras possível, o tema ou o assunto abordado no filme, que no original este tem: “Book Club”, “Clube de Leitura” que centrava as reuniões periódicas que elas tinham e as conversas desenvolvidas em torno do romance escolhido e que no caso as dinamizou para a procura de sexo numa idade pós-menopausa, onde convencionalmente se acha que esses impulsos estão aplacados.
É verdade que no tal “Clube de Leitura” nunca se viu ler-se qualquer livro, mas é igualmente verdade que o modo como cada uma procurou sexo foi condicionado pelas suas experiências anteriores, como aliás é normal, pelo que; “Do Jeito que Elas Querem” recentra a ação para as iniciativas individuais, obviamente diferentes entre si, para a obtenção de um desiderato comum, planeado e desenvolvido no tal “Clube de Leitura” que as juntou e continuou a juntar para apreciação e reflexão sobre os resultados obtidos.
Enfim, aceitando a mudança de nome, o que temos aqui é uma comédia de costumes, na linha mais tradicional da comédia americana, com quatro atrizes de peso com provas dadas, secundadas por outros tantos atores, seus pares, igualmente bem qualificados.
A nota mais importante desta história, da qual se adivinha tudo pelo andamento da ação, é não ter caído na ridicularização fácil dos mais velhos pelos motivos e modos da busca de sexo pelas quatro amigas, mas conferindo-lhes normalidade e dignidade de forma a podermos rir com elas dos insucessos e não rirmo-nos delas, transferindo para as filhas de Diane, (Diane Keaton) duas jovens, o odioso do convencionalismo da censura de costumes.
O humor desta história é conseguido pela falta de jeito que elas apresentam nas tentativas de conquista do homem desejado, em comparação com a prática atual realizada por adolescentes. Elas não sabem como se pintar, como se vestir, como se tornar atraentes e mostrar a disponibilidade que possuem nesta fase da vida, para cativar os seus preferidos. Por outro lado é um filme que não apresenta qualquer cena de sexo, ou sequer erótica, apesar do seu desejo estar sempre presente atravessando liminarmente as quatro amigas.
É um filme otimista sem reservas, em que os cenários são claros, vistosos, bem decorados e com cores vivas utilizando músicas bem conhecidas. Este facto porém, confere alguns laivos de spot publicitário a alguns trechos da ação, que são compensados pela homenagem à “sexsalescência”, a capacidade sexual em faixas etárias mais avançadas onde é “normal” encontrar-se a amargura do envelhecimento e o medo da morte.
Sem surpresas, quase como por milagre, todos os problemas amorosos das quatro amigas são resolvidos com sucesso, neste filme ligeiro, sem complicações profundas, que dá para sorrir, ver e esquecer a breve prazo.

Classificação: 5 numa escala de 10

5 de outubro de 2018

Opinião – “Pássaros Amarelos” de Alexandre Moors


Sinopse

No explosivo cenário da guerra do Iraque, os jovens soldados Brandon Bartle (Alden Ehrenreich) e Daniel Murphy (Tye Sheridan) forjam laços de profunda amizade. Quando a tragédia atinge o pelotão, um dos soldados tem de regressar a casa para enfrentar a dura verdade por trás do incidente e para ajudar uma mãe enlutada (Jennifer Aniston) a encontrar paz. Com uma envolvente combinação de filme de guerra com drama comovente, Pássaros Amarelos é um filme inesquecível cuja força perdura muito depois do último fotograma.

Opinião por Artur Neves

“Pássaros Amarelos”, contém mais uma história de guerra, desta vez passada no Iraque durante o maior embuste político dos Estados Unidos na busca de armas de destruição maciça, na morte de um ditador e num mergulho sem fim nas guerras tribais e religiosas que afundaram o Médio Oriente no caos e na desordem de que ainda hoje continuamos a sofrer os seus efeitos, embora este filme não aborde esta vertente dos factos.
Centra-se na história de vida dos soldados que são investidos na honrosa função de defesa da Pátria, corporizando os eventos em dois rapazes, um de 18 anos e outro de 20, que sofrem cada um à sua maneira a realidade que lhes é oferecida num meio hostil e perigoso que lhes é estranho. Murphy, o mais novo, de temperamento reservado e introespetivo sofre no silêncio dos seus pensamentos, toda a miséria que vê e sente, no meio ambiente que o cerca. Brandon, o seu amigo e fiel “anjo da guarda” sente os mesmos eventos de modo diferente embora os sofra a outra distância do que se passa com Murphy e como tal, aparentemente seja mais robusto do que ele.
Todavia, só em presença dos reais problemas é que poderemos avaliar a nossa resistência aos mesmos e nessa situação Murphy colapsa, mesmo com a protecção do amigo.
O que se segue é a descida aos infernos do regresso a casa. Muitas vezes o sofrimento é tal e a dor do regresso tão intensa, que os mais fortes perdem o sentido dos seus atos e a sorte do regresso, inteiros e com saúde física, torna-se uma doença insuperável. Afinal talvez todos regressem “mortos” sem o saberem e percorrer os locais conhecidos da infância, não passe da deambulação de fantasmas em transição para o outro mundo.
Baseado no romance de Kevin Powers, “Pássaros Amarelos” é um relato subjectivo da guerra ficcionando na primeira pessoa as experiências do próprio autor neste conflito contemporâneo que nos mostra mais uma vez a inutilidade da guerra, como meio de atingir os objectivos esperados pelos seus estrategas. É antes um caminho para a perda da inocência com todos os “condimentos” já experienciados pelos seus pais e avós, no Afeganistão, Vietname ou Coreia.
A realização está bem conseguida apresentando-nos a história em flashback, mostrando uma boa caracterização dos seus intervenientes embora com alguma falta de espessura em certas situações decorrente da limitação temporal da obra em cinema. O cenário é convincente e os locais da guerra no deserto estão bem concebidos. Constitui um espectáculo emotivo e um trabalho sério, muito embora se alheie do contexto que deu origem. Vê-se com agrado.

Classificação: 6 numa escala de 10

2 de outubro de 2018

Opinião – “Venom” de Ruben Fleischer


Sinopse

Um dos personagens mais enigmáticos, complexos e intimidadores da Marvel chega ao cinema protagonizado pelo ator nomeado ao Oscar® Tom Hardy, como Venom, o protetor letal.

Opinião por Artur Neves

Sob a classificação de: acção / terror / ficção-científica a Sony Pictures Entertainment prepara-se para nos apresentar um novo personagem autónomo da Marvel, de características muito particulares de que o primeiro filme estreado entre nós nos mostra as origens.
Inicialmente começou como sendo um poderoso antagonista do Homem-Aranha, tendo feito a sua aparição em “Homem-Aranha 3” de 2007 com o pretexto de revitalizar a sequela. A partir daqui a Sony sempre apoiou vários projectos sobre este personagem mas que só agora vieram a concretizar-se em associação com a Marvel, segundo um argumento escrito em Fevereiro de 2015 por; Scott Rosenberg e Jeff Pinkner, com datas de estreia previstas para 4 e 5 de Outubro 2018, em Portugal e nos USA respectivamente.
A história assenta no trabalho de investigação jornalística de Eddie Brock (Tom Hardy, cuja escolha para o papel foi como “um amor à primeira vista”) sobre o misterioso trabalho de um cientista suspeito de utilizar cobaias humanas em experiencias proibidas. Durante a investigação ele entra em contacto com um ser alienígena utilizado nas experiencias, donde resulta a simbiose com a espécie humana e Eddie torna-se Venom, com poderes físicos extraordinários que nem ele sabe como conter ou controlar.
Sem ser, nem pretender ser, um filme cómico algumas cenas iniciais antes da transformação de Eddie em Venom conseguem provocar alguns sorrisos, mas depressa se entra na parte “séria” da ficção científica em que se concretiza a simbiose de Venom que se apresenta como o ser terrífico capaz das maiores atrocidades mas com uma personalidade mista de “Mr. Hyde and Dr. Jekyll” que lhe confere características de justiceiro e carniceiro em situações alternativas mais sombrias da história.
Num filme desta estirpe são fundamentais os efeitos especiais de acção como de caracterização, apresentando-se estes últimos como soberbos nas múltiplas transformações de Eddie em Venom e vice-versa. Para a acção, sempre muito movimentada e em diferentes ambientes a utilização dos efeitos computorizados é competente e credível não havendo nesta área qualquer evento que defraude o espetador.
Tom Hardy, ator nomeado para 1 Oscar e muitas outras nomeações por todos os festivais mundiais foi uma excelente escolha para este papel, pela sua entrega, dedicação e capacidade de interpretação de um personagem que dá a gora os primeiros passos numa saga que se prevê longa considerando os super-heróis e anti-heróis já conhecidos. Tornou-se notado como estrela de primeira grandeza em “Locke”, 2013, tendo sido nomeado como melhor ator no British Independent Film a partir do qual não mais foi esquecido pelo grande público. Tem agora a oportunidade de criação de um personagem que se lhe “cola à pele”, num filme interessante, sem uma história inédita reconheça-se, mas com largos motivos de interesse e de espectáculo durante os 112 minutos de duração. Recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10