26 de novembro de 2018

Opinião – “Depois de Tudo” de Hannah Marks, Joey Power


Sinopse

Elliott (Jeremy Allen White), um jovem de 23 anos de Nova Iorque, leva uma vida selvagem e inconsequente. Enquanto trabalha numa loja de sanduiches, projeta a próxima app de sucesso.
Após um encontro inesperado o deixar apaixonado pela enigmática e introvertida Mia (Maika Monroe), Elliott é diagnosticado com uma doença rara e potencialmente mortal. Isso leva-o a repensar a sua atitude despreocupada.
Com um sentido de urgência, Elliott e Mia apaixonam-se, apesar das dúvidas de família e amigos.
Um romance único, que conjuga drama sincero com comédia não convencional, DEPOIS DE TUDO revela como as maiores dificuldades da vida podem levar a uma surpreendente felicidade.

Opinião por Artur Neves

Temos aqui uma história de vida, quase tal como ela se apresenta atualmente; descomprometida, falível, cheia de surpresas boas e más, de felicidade e sofrimento que fazem a diferença na formação e no crescimento das pessoas, que pelos mais diferentes motivos, foram entregues a si mesmas nesta dura realidade que é crescer e viver.
É uma história muito linear que se conta neste filme embora com um drama subjacente, carregado pele inexperiência dos dois intervenientes. A expectativa da morte fá-los queimar etapas e precipitarem-se para um desfecho que só posteriormente avaliarão a sua dimensão. A vida urge e para a realizar assumem um desafio maior que eles, porque foi tomado numa situação de medo e fraqueza por um e por ignorância apaixonada pelo outro, porque não podem saber o quanto difícil será resistir e acompanhar uma doença implacável que os porá à prova enquanto durar e continuará a deixar marcas na relação mesmo que haja sucesso de cura, porque ninguém se conhece suficientemente nem consegue avaliar com justiça as atitudes do outro para inferir as suas razões mais profundas.
A história está bem contada, sem descrições supérfluas mas com todos os pormenores que precisamos saber, bem fundamentados, bem como, conseguindo elaborar uma ilustração competente das relações interpessoais num mundo em que a comunicação depende de uma aparelho que se tornou pessoal e intransmissível, embora possa ser desatendido e ignorado por vontade individual.
Hannah Marks, Joey Power, que juntos assumem a realização e a escrita do argumento, mostram-nos personagens imperfeitos, reais, tal qual nós, com todas as nossas grandezas e misérias, que nos surpreendem pela sua bonomia, pela sua liberdade espiritual, apresentando-se sempre agradáveis, mesmo nos momentos de desavença, imprimindo ao filme uma sequência de eventos rápida mas segura e convicta. Os familiares de ambos os lados são aqui os personagens mais ríspidos mas ainda assim, compreensivos e apoiantes entre duas passas de erva, dita “medicinal”, que é usada para compensar todas as frustrações insuportáveis da vida. Os amigos, colegas de quarto do casal, apresentam uma displicência de relacionamento embora sem qualquer intromissão, para o bem e para o mal, nos problemas deles. Os amigos também têm os seus próprios problemas e procuram viver com isso.
Só quando a urgência se dissipa e quando cada um pode olhar para si e descobrir o que de facto pretende, quando cada minuto não é absorvido pela angústia da cura que tarda em chegar, é que se perguntam sobre o tipo de futuro que poderão ter juntos, mas ainda assim conseguem ser simpáticos e minimamente corretos. Um filme muito interessante!...

Classificação: 6 numa escala de 10

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