26 de outubro de 2018

Opinião – “Bohemian Rhapsody” de Bryan Singer


Sinopse

Bohemian Rhapsody é uma celebração vincada da banda Queen, da sua música e do seu extraordinário vocalista Freddie Mercury, que desafiou os estereótipos e quebrou as convenções para se tornar um dos artistas mais amados do mundo. O filme conta a história por detrás da ascensão brutal da banda através das suas canções icónicas e sons revolucionários. Relata também a quase implosão da própria banda graças ao estilo de vida corrosivo de Mercury, e da sua reunião triunfante na véspera do Live Aid, onde Mercury, lutando contra uma doença mortal, guia a banda por uma das maiores atuações da história do rock. É durante este processo, cimentando o legado de uma banda que sempre foi uma família, que se continua a inspirar sonhadores e amantes da música até hoje.

Opinião por Artur Neves

Bohemian Rhapsody, a canção, é uma referência na história dos Queen desde o início do grupo da década de 70, tendo sido finalizada em 1975, muito embora já andasse na cabeça de Freddie Mercury desde os anos 60 e tivesse tomado a forma como foi apresentada no álbum da banda britânica “A Night in the Opera”, incluindo a participação de outros membros do grupo que nela colaboraram. Como tal, é compreensivo que o seu nome figure como ex-libris de um grupo tão significativamente famoso no mundo do hard rock ou Rock progressivo como também é denominado.
Assim, o biopic que nos é apresentado neste filme que conjuga a banda com o homem que melhor a representou, suportou e constituiu a sua essência, parece-nos estranho no corpo de Rami Malek que nos mostra apenas uma silhueta menor desse grande intérprete e criador que foi Freddie Mercury com uma vida emocional sombria e complexa. O que Malek nos apresenta é um desempenho superficial, embora nos consiga galvanizar em certas passagens de concertos, devido possivelmente a uma mistura digital da voz de Mercury e da música dos Queen, mas de qualquer modo falta-lhe substancia que credibilize a sua apresentação.
Todavia, Remi Malek (que está muito bem na personagem de Louis Dega em “Papillon”) não pode ser culpado disto, pois nem todos podem ter a extraordinária voz de Mercury, só que isso significa que não será ainda agora que conseguimos ter o verdadeiro biopic desta banda que em 1985, no concerto Live Aid, galvanizou uma enorme assistência constituída por quase dois milhões de pessoas. Ainda assim, esta é a melhor parte do filme, que nos permite ouvir as músicas intemporais dos Queen e concluir que eles, com a voz de Mercury, foram os maiores do seu tempo.
Bryan Singer, que foi substituído a três semanas do final da produção por Dexter Fletcher, não trata com realidade a sexualidade de Mercury. Ele assumiu frontalmente a sua homossexualidade, tendo tido diversos parceiros sexuais masculinos, dos quais o mais permanente foi Jim Hutton que o acompanhou até à morte em 1991, vítima do vírus da SIDA, mas o filme não assume francamente essa faceta deixando para o espetador a suspeita dos factos referindo-se a eles vaga e superficialmente.
Embora com falhas é um musical grandioso que merece atenção, vê-se com agrado e permite recriar momentos inesquecíveis. Recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10

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