24 de outubro de 2018

Opinião – “Wildling – A Última Criatura” de Fritz Böhm


Sinopse

Desde que nasceu, Anna (Bel Powley) vive isolada do mundo, com um homem a quem sempre chamou Papá (Brad Dourif) e que tem feito todos os possíveis para lhe esconder a verdade sobre as suas origens. No entanto, quando Anna é exposta ao mundo real sob a proteção de uma polícia resoluta chamada Ellen (Liv Tyler), torna-se óbvio que a jovem está longe de ser uma adolescente normal.
Incapaz de se ajustar à vida mundana, Anna é atraída pela liberdade selvagem da floresta, ao mesmo tempo que tenta resistir aos estranhos instintos e à crescente sede de sangue que despertam dentro de si.
Wildling – A Última Criatura é um thriller que combina de forma original e muito bem-sucedida o género de terror sobrenatural com o dos contos de autodescoberta.

Opinião por Artur Neves

A licantropia; “capacidade ou maldição caída sobre um homem que se transforma em lobo” de acordo com Wikipédia, tem sido bastantes vezes abordada no cinema tais como em; “Um Lobisomem Americano em Londres” de 1981, ou o mesmo mas em Paris de 1997, no estilo da fantasia / comédia, ou ainda a saga “Twilight” em quatro episódios de furioso romance amoroso entre humanos e licans que deram particular destaque a Kristen Stewart e Robert Pattinson, mas nunca com tanta sobriedade e decência como neste filme.
Este fenómeno é na realidade um mito com raízes na cultura da Europa Oriental e dos povos eslavos que povoaram as sociedades da época com lendas que apontavam a ocorrência da sua transformação entre homens e lobos nas noites de lua cheia em que estes adquiriam poderes sobrenaturais que lhes conferiam invencibilidade e poder físico, dando portanto oportunidade ao desenvolvimento de histórias de ação com batalhas e efeitos especiais tão ao gosto da indústria cinematográfica.
Neste filme também há efeitos especiais, mas de caraterização inerentes á transformação, mas com história de vida de um ser que não se conhece, que não conhece o mundo que lhe foi apresentado sempres através de grades que lhe serviam de prisão e de proteção, contra os seus instintos imutáveis, progressivamente revelados durante o seu crescimento.
É também uma história de amor / ódio, primeiro pelos cuidados prestados durante a infância e depois pela mentira e ocultação da sua natureza durante tempo demais. Fritz Böhm, realizador alemão com provas dadas neste género de filmes sabe conduzir a história, apresentando-nos as respostas antes das perguntas, isto é, apresenta-nos factos, gestos e frases incompreensíveis de que só posteriormente encontramos justificação, mantendo uma sadia surpresa durante toda a narrativa que nos empolga e motiva.
Anna (Bel Powley) com os seus bem expressivos olhos azuis e boca sensual traz-nos este personagem cativante ao princípio mas que sucessivamente se vai degradando ao assumir a sua verdadeira natureza, todavia, mesmo nesse estado a sua postura e os valores demonstrados pela sua conduta justificam as suas opções e fazem-nos continuar a aceitá-la sem muita resistência. Boa história, bom espetáculo de cinema onde não damos por mal empregado o tempo dispendido.

Classificação: 6 numa escala de 10

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