8 de setembro de 2017

Opinião – (MOTEL/X) – “The Bad Batch” de Ana Lily Amirpour


Sinopse

A jovem Arlen é abandonada numa zona árida do Texas separada da civilização por uma barreira. Enquanto se tenta orientar por entre a paisagem implacável, é capturada por um grupo de canibais selvagens liderados pelo misterioso Miami Man. Com a vida em risco, ela decide fugir ao encontro de um homem a quem chamam “O Sonho”. Enquanto se adapta à vida no seio da Má Fornada, Arlen descobre que ser-se bom ou mau depende essencialmente de quem se encontra ao nosso lado.

Opinião por Artur Neves

Num mundo distópico, provavelmente saído de um conflito nuclear ou de alguma maneira destruidor dos nossos valores atuais conhecidos, uma jovem prefere dirigir-se deliberadamente para o deserto do que para a cidade smi-desfeita que se subentende. Este filme partilha com “Mad Max”, (todos os filmes anteriores, bem como o mais recente de 2015) a demência coletiva de uma sociedade completamente desprovida dos seus valores, sem rumo, sem aproveitamento do seu tempo de existência, sem objetivos e unicamente focada na sua sobrevivência pária e selvagem.
Da cidade remanescente nada sabemos, apenas que a opção pelo deserto inóspito e povoado de diversos perigos é mais apelativa do que os outros destinos, conduzindo-nos através da personagem principal por um walk movie que se cruza com diversos walkers como ela, em busca de referências que já não existem.
Tudo é útil naquele deserto e naquela desolação de vida, pelo que o primeiro encontro com um grupo organizado não corre da melhor maneira, motivando que seja obrigada a lutar para se libertar e assim poder recomeçar a sua odisseia pop pós-apocalíptica, em busca do “Conforto” e do “Sonho” que também caba por concluir não ser opção aceitável, apesar das mordomias que lhe são oferecidas.
Ana Lily Amirpour, mostra-nos assim que os afetos e as preferências pessoais podem surgir, tanto do enlevo da paixão, como da solidão e do abandono e até do sofrimento infligido pelos preferidos de agora. A noção de família também é fundamental em todo o filme e por si só justifica o abandono do conforto imediato por troca com um bem maior que se espera alcançar.
Filme calmo, paisagens áridas, diálogos simples numa civilização que abruptamente deixou de o ser e agora procura o caminho de retorno que não se encontra facilmente.

Classificação: 5 numa escala de 10

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