8 de setembro de 2017

Opinião – (MOTEL/X) – “Prey” de Dick Maas”


Sinopse

Após a descoberta do homicídio macabro de uma família de camponeses nos arredores de Amesterdão, a polícia não faz ideia de quem poderá ser o possível perpetrador. Contudo, Lizzy, uma veterinária do jardim zoológico, crê saber quem poderá ter causado as mutilações sangrentas: um leão forte, grande e feroz. Ninguém acredita muito nesta hipótese, e é necessário uma segunda matança para que, finalmente as autoridades aceitem o plano rigoroso de um caçador de leões britânico para apanhar o monstro.

Opinião por Artur Neves

A história reúne alguns elementos curiosos, explorados pelo realizador que dispôs de alguma profusão de meios artísticos e de caracterização para provocar uma tentativa de tensão e medo, mas que nunca ocorreram, porque as cenas mais chocantes foram sempre envolvidas numa atmosfera de chalaça, de humor negro de riso fácil, de crítica social de diversas entidades, de forma expressamente chocarreira e ridícula.
Dick Maas não é propriamente um estreante nestas andanças tal como atestam as suas anteriores realizações no género; “Amsterdamned” 1988, não estreado entre nós, e “The Lift” (O Elevador, 1983) que atingiu significativo sucesso em Portugal, embora constituindo um subgénero de terror ligeiro. Desta vez, criando um ambiente muito semelhante ao “Tubarão”, 1975 de Steven Spielberg, Dick Maas desenvolve uma história, cujo terror se dilui num humor negro cáustico, mas que em nenhum momento consegue perturbar o espetador numa cena de tensão produzida pela história.
A história é coerente, representaria um perigo real e pânico generalizado se ocorresse numa cidade mas a sua ilustração no filme é recheada de gags previsíveis, embora sempre funcionais, de caricaturas pessoais que poderíamos associar a conhecidos nossos e de eventos que pretendem causar medo através de caracterização, mas que naquele contexto não têm “força” para se afirmar como tal deixando toda a ação em “banho-maria” que não levanta fervura até ao final.
A parte lúdica é constituída pelo romance entre o atrevido jornalista e a veterinária, mas mesmo aí todos os tiques apresentados são de “antologia” não contendo amor escaldante nem zangas prolongadas, passando-se tudo numa normalidade clássica que parece ter sido construído só para cumprir o argumento. No final dá-se a sacramental cena de heroísmo em que a “rapariga” salva in extremis o “rapaz” como é hábito atualmente numa clara elevação do papel até agora desempenhado pela mulher, mas nem isso constitui surpresa.
Estamos pois em presença de uma história comum, divertida que baste, bem desempenhada, adulta, que ocupará uma parte do tempo que temos disponível. Quando saímos ela desvanece-se.

Classificação: 5 numa escala de 10

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